Não posso te dizer o que penso.

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Não sei ao certo quanto tempo se passou. Uma semana talvez. Eu não iria sair correndo atrás dele, eu não sou assim. Ainda mais se ele realmente estava saindo com aquele modelete de quinta. Porém, eu acho que a gente tinha que conversar, resolver de alguma forma. Quem sabe não seria melhor dar vazão ao sentimento que nos consumia e nos aproximar de novo?

Só de pensar nisso, meus pensamentos voltaram meses atrás e de novo meu corpo estava sob o dele, enquanto eu mergulhava em seus olhos azuis, sentindo sua boca deslizar na minha, fazendo com que o beijasse com paixão. Despertei daquele devaneio, com o arrepio que percorreu meu corpo. Sorri. Era inegável que ele ainda mexia comigo e a Letícia tinha razão. Não podia mais ignorar.

Tomei um banho e pus uma roupa qualquer, borrifando um pouco mais do perfume que eu sabia que ele gostava, passando os dedos pelos fios molhados do meu cabelo para arrumá-lo e sai com destino a sua casa. A rua estava cheia e eu tive que parar o carro quase na esquina, fazendo com que eu caminhasse quase a quadra inteira até sua residência. Porém, antes de eu chegar, o vi saindo de casa e cumprimentando aquele cara, de novo.

Parei imediatamente onde eu estava, sem saber o que fazer. Observei que eles estavam com roupas esportivas e provavelmente iriam se exercitar, o que me deixou com mais raiva. "Mas que porra era aquela? Quem dava o treino era eu!" Eu pensei, enquanto voltava a caminhar em direção a eles, com passos largos e pesados, me sentindo muito irritado. Então parei novamente.

"E o que você fazer? Barraco?", eu me perguntei mentalmente, enquanto via eles se afastarem a pé. "Claro que não", eu respondi pra mim mesmo, dando meia volta e voltando em direção ao carro. Parei novamente e olhei por cima do ombro. Eles estavam virando a esquina do outro lado. "O parque nem era perto dali. Onde será que eles iriam treinar?", minha cabeça pensava freneticamente.

Então, sem sentir, voltei a segui-los, mantendo uma boa distância para não ser visto. Vi que eles chegaram numa pista de skate que tinha no bairro, ao lado de uma pracinha que tinha alguns aparelhos para se exercitar ao ar livre. Olhei-os se alongando por um tempo, até que cai em mim. "Meus Deus, o que eu to fazendo? To louco, só pode!" Eu falei comigo mesmo mentalmente, enquanto me apressava para sair dali antes de ser visto por alguém. Andava com pressa, para chegar logo ao meu carro, quando senti um braço me puxando. Gelei. Já estava preparando uma explicação mirabolante, quando vi que se tratava do Guto. Ele estava com um pacote de pão na mão e me olhava sem entender nada.

– Biel? O que você ta fazendo por aqui? Não ouviu eu te chamar?

– Não... É.. É.. Eu... Vim visitar minha mãe.

Eu disse, meio gaguejando.

– Mas sua mãe mora várias ruas pra lá. O que foi, Biel? Ta parecendo tenso, nervoso.

– N-Nada, Não foi nada...

– Eita que você mente mal, hein? Vem comigo. Não tem ninguém lá em casa. A gente pode conversar.

Ele disse, sorrindo diante do meu nervosismo.

Vi que não tinha muita opção e o acompanhei. Chegando lá, ele fez um café fresco e nos sentamos na mesa da cozinha, para conversarmos. Eu acabei admitindo que tinha ido lá para ver o Allan, mas vi o mesmo saindo com aquele modele de araque e fiquei descontrolado, sem saber o que fazer.

– É, eu sei que ele ta saindo com esse cara e eu particularmente não gosto dele, apesar do Kadu defende-lo. A gente até meio que brigou por conta disso, mas eu sei que to implicando com o tal, porque na verdade eu nem o conheço. É que eu sei que o Allan é louco por você.

– Louco por mim, mas ta saindo com outro, né?

– O que você queria que ele fizesse? Você tem o afastado de todas as formas. Negou todas as tentativas dele e também tava com outro cara. Ele só ta tentando te esquecer.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora