Epilogo

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Voltar para casa lhe parecia ser a tarefa mais difícil de sua vida. Na verdade, ele não queria voltar para casa, não agora, porque Peter tinha medo de respostas que não desejava descobrir no momento. Mas ele não podia evitar essa volta, Catherine precisava voltar para casa, precisava comunicar aos seus pais a decisão que tomou.

Tirando a confusão de viver em um mundo fantástico, sua vida naquele novo planeta estava começando a ter certa normalidade. Enquanto isso, de volta à Terra, ele encontrou uma realidade que não era nada normal. Na rua, acompanhando as notícias televisivas, as pessoas ainda tentavam encontrar um novo rumo para as suas vidas, já que o número de mortos no atentado ao World Trade Center pareceu devastar a vida de cada habitante, não só dos EUA, mas de todo o mundo. Agora Peter sabia que o desmoronamento das torres não tinha nada a ver com os Igniscruor ou coisa do tipo.

Ainda olhando as cenas na TV, Peter preferiu não imaginar sua mãe em meio a todos aqueles escombros. Peter atravessou a sala, sentindo o cheiro de mofo, enquanto a poeira parecia querer soterrar cada centímetro dos móveis.

Subindo as escadas, Peter sentia um peso nas costas. No quarto de sua mãe, sentado na cama, ele apanhou uma agenda telefônica na mesa de cabeceira. Ele não desistiria de reencontrá-la... Da agenda um pedaço de papel caiu, como uma pena, e repousou-se debaixo da cama. Peter agachou-se e tateou o chão até encontrar o papel que, olhado de perto, parecia ter sido arrancado de um caderno com a maior agilidade possível no momento. Nele as letras de sua mãe pareciam um borrão.

“Peter, eu não fugi. Não deixaria os meus filhos por nada neste mundo. Eles me pegaram, querem o coração, querem o coração! Tatuagens vermelhas! Por mais que eu não esteja entendendo o que está acontecendo, eles querem o coração.”

As palavras caíram, como uma bomba, na mente de Peter. Ele sentiu-se como se estivesse caindo no abismo mais profundo que alguém poderia habitar. Peter sempre esteve vivendo entre seus próprios inimigos e mal sabia que eles estavam com sua mãe. De imediato, ele sentiu raiva por ter matado Ethan, por ter deixado Laurent fugir.

Sua mãe estaria desaparecida para sempre?

Allyssa entrou no quarto, abraçou o irmão e ele chorou, beijando o topo da cabeça de sua irmã.

๑๑๑

Naquele mesmo dia eles voltaram para o planeta Fogo.

No jardim do castelo, cercados por um verde de dar inveja, Peter e Catherine sentaram-se à beira de um lago azul-cristalino. Para Peter, ver a sua imagem no espelho d’água era uma tarefa tão difícil quanto acreditar que os seus olhos azuis tinham desaparecido, e que no lugar do azul safira habitava um branco, e nada mais.

– Não consigo entender como você ainda encontra forças para me beijar... Até mesmo eu estou sentindo repulsa de mim. – disse Peter analisando sua face na água do lago.

Catherine estava deitada no gramado, olhando o céu.

– Prefiro você assim, como agora... Me parece mais atraente. – ela disse dando um risinho. – Diria até mais viril.

Peter arrancou um mato longo. Ele deitou ao lado de Catherine e puxou a sua mão; o sorriso de Cath era tão faceiro que quase “cegou” o garoto. – hipoteticamente falando.

Ele enrolou o mato no dedo e em seguida beijou a mão de Catherine.

– Aceita se casar com este homem que se tornou uma criatura, que não tem mais aqueles olhos azuis e que tem um corpo marcado por linhas vermelhas?

Cath fingiu pensar na ideia, bateu os dedos no queixo e fechou os olhos por um instante.

– Sim! – respondeu ela.

Peter beijou os lábios de Catherine tão intensamente que quase se esqueceu de onde estava. O céu começava a ganhar um tom alaranjado, quase vermelho. O sol se escondeu por trás das montanhas e o primeiro floco de neve pousou no nariz de Catherine.

– Prometo amar-te e respeitar-te, até depois desta vida.

Cath sorriu. Peter sabia que tinha feito a escolha certa. Por mais que uma pessoa esconda o segredo de sua morte, não importa o que aconteça, sempre existe uma segunda chance, porque talvez o segredo do amor seja maior do que o segredo da morte.

Catherine apanhou uma maçã, tão vermelha quanto o sangue.

– Aceita uma maçã? – perguntou provocante.

– Hum... Seria conveniente?

Peter apanhou a maçã, cheirou-a e olhou para Catherine, à espera de uma resposta.

– Muito conveniente. – murmurou ela mordendo os lábios.

Ele a beijou.

* NONO FATO QUE PETER DESCONHECIA *

Para Adão e Eva a maçã significou pecado; para Branca de Neve a morte.

Para Peter, o que significava este fruto? Seria você capaz de descobrir?

Enquanto isso, não muito longe dali...

– Vá buscar teu coração! – Laurent sorriu para a nova Sombra. – Depois disso vamos dominar tudo e todos.

Uma mulher gritou.

* DÉCIMO FATO QUE PETER DESCONHECIA *

Sua nova vida estava apenas começando.

O último AdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora