12 - Trip

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America

Alguns dias depois do jantar de noivado de Maxon, que piorou tudo entre nós, eu estava voltando da Schreave quando um garoto me abordou na porta de casa e me entregou um envelope. Dei a ele algumas moedas e entrei na mansão curiosa sobre o que seria.

Eu ainda estou aqui por você.

Era um bilhete simples, digitado. Fiquei relendo as palavras e pensando na seriedade disso. Quem poderia ter sido? Na parte de baixo do papel, no cantinho, havia uma marca. Deu pra perceber que foi feita com uma caneta e era semelhante a dois acentos circunflexos, postos lado a lado. Não entendi se isso seria algo relevante. Eu já estava prestes a procurar pelo garoto e perguntar quem lhe deu isso quando minha mãe apareceu descendo as escadas.

– Filha?

– Oi.

– Vai sair? Eu vi você chegando quase agora.

– Eu... Vou só lá fora. Perguntar pros seguranças sobre um garoto de recados que tem rondado por aqui.

–  Por acaso o bilhete que você tem nas mãos é a razão desse interesse? – Eu não sabia se contar pra ela era uma coisa positiva, mas eu não tinha muito como evitar.

– Eu recebi isso aqui, dá uma olhada. – Entreguei o papel pra ela. Minha mãe leu a mensagem. Ela pareceu reler e tocou no símbolo rabiscado no canto do papel.

 – Pode deixar que eu mesma vou cuidar disso e saber quem é esse garoto. Que brincadeira de mal gosto! – Ela disse me encarando. Para quem estava achando que era uma brincadeira ela não estava exatamente tranquila.

 – Você acha que é uma brincadeira?

 – É claro, quem te mandaria uma mensagem assim? – Se Aspen não tivesse morando nessa casa e se comunicando comigo verbal e corporalmente, eu teria pensado nele. Mas não fazia sentido.

 – Realmente, não consigo pensar em ninguém. Bom, se você vai resolver eu vou subir e tomar banho.

– Vai lá, na hora do jantar quero você pronta.

 – Pode deixar! – Passei por ela e subi as escadas indo até o meu quarto enquanto a vi sair em direção aos jardins. Ela pôs a mão na cabeça e pude jurar que cambaleou quando abriu a porta. Tudo isso foi estranho, mas decidi não dar muita importância. Ela é mãe, e mães são exageradas. Só ficou preocupada demais.

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Essa noite o jantar foi estranho. Eu já não estava exatamente animada e Maxon chegou em casa na companhia de Kriss que jantou conosco. O clima estava um pouco tenso. Desde que ficaram noivos, ele tem saído de casa às vezes, à noite, e tenho certeza que deve ser pra encontrá-la. É absolutamente natural que ele queira conhecê-la, mas isso me incomodou mais do que deveria ser normal. Eu não achei que ele iria se esforçar para levar isso adiante, mas como ele mesmo falou, não é uma coisa que ele pode evitar. Ele merece tentar ser feliz com ela.

– O Festival Brasileiro de Publicidade é esse final de semana no Rio de Janeiro e eu e Magda iremos representando a empresa. Maxon e America estarão sozinhos com a responsabilidade da casa. – Droga. Estremeci quando Clarkson disse isso e pensei que todos os meus pesadelos se realizariam esse fim de semana. Olhei para Maxon e percebi que ele também não parecia muito feliz.

− Eu havia esquecido dessa viagem, querido. – Minha mãe disse. Eu tinha a impressão de que ela estava distraída e tensa. – Será que America não poderia ir conosco? – Ela disse com uma certa urgência. Perfeito, brilhante, mãe!

− Se ela quiser, não vejo problemas.

− Claro que eu quero, vou adorar! Eu nunca participei desse tipo de premiação. – Minha mãe suspirou aliviada e não entendi porque ela fazia questão da minha presença, mas isso não importava. Eu estaria longe de Maxon.

Idas e Vindas - Primeira TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora