4 - Sorry

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America

O que eu estava pensando quando resolvi entrar no jogo de Maxon Schreave? Saí da cozinha e voltei pro meu quarto atordoada, sem acreditar no que eu tinha acabado de fazer. Safado. Maxon Schreave era um safado que dava em cima das suas empregadas descaradamente e ainda teve a audácia de me confundir com uma. Será que ele sabe que a minha mãe já está morando aqui com o pai dele? Eu mal posso esperar pra ver a cara dele quando souber sobre mim.

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- America... America!!! - Uma voz longe me chama.

- Hummmm. - Resmungo e me viro na cama.

- Filha, está na hora! É o nosso primeiro café da manhã aqui, quero todos na mesa! - Minha mãe diz chacoalhando meu ombro. Abro os olhos e vejo a hora no relógio do criado mudo.

- 08h30? Sério mãe?

- Por favor, querida! Você pode dormir mais tarde, depois do almoço. Até o Maxon que chegou de viagem de madrugada vai descer pra conhecer a gente.

- Jura? - Ergui uma sobrancelha e abri os olhos entendendo que contra esse argumento eu não tinha mais nada.

- Juro! Toma um banho e desce, vou mandar a Anne fazer uma tapioca como você gosta, quer mais alguma coisa especial?

- Não, obrigada. - Ela sai do quarto e me deixa com uma preguiça enorme que é vencida pela vontade de estar frente a frente com Maxon de novo, dessa vez, deixando ele saber quem eu sou. Levanto da cama em um ímpeto e vou pro chuveiro.

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- Que cara é essa sua? - Pergunto pra May quando encontro minha irmã lá em baixo.

- Não dormi direito, preciso me acostumar com a cama nova, e a mamãe ainda faz a gente levantar essa hora pra conhecer o irmãozinho...

- Nem me fale, também tive algumas... dificuldades para dormir. - Digo lembrando do meu inusitado encontro com o "irmãozinho" de madrugada.

- Bom dia, minhas queridas. - Clarkson disse chegando para nos cumprimentar. Qual o problema dos homens dessa família? Também quis dizer que não sou nada dele, mas apenas respondi com educação.

Fomos até a mesa farta posta nos jardins e nos acomodamos. A mesa era redonda o que deixava o clima mais aconchegante, e sentei ao lado de May, fazendo questão de que a cadeira do outro lado ficasse vazia. Para Maxon. Mal nos sentamos e ele apareceu.

- Bom dia, bom dia! Desculpem qualquer atraso!

- Aí está você! - Seu pai lhe disse. - Maxon, quero que conheça minha futura esposa, Magda Singer.

- É um prazer, Maxon!

- O prazer é todo meu! - Ele disse chegando perto da minha mãe, e beijando sua mão.

- Esses são seus filhos, Gerad, May e America. - Maxon passou o olhar rápido por nós e antes que conseguisse dizer qualquer coisa, me reconheceu.

- Filhos dela? - Ele disse ainda sem tirar os olhos de mim. Parecia que tinha visto um fantasma.

- É, eu disse pra você que ela tinha filhos! - Clarkson completou estranhando a reação do filho.

- Na verdade, eu tenho 5 filhos, Maxon, só que Kota e Kenna já estão casados, você vai conhece-los no jantar de hoje. Eu sei que pode ser muito pra você que nunca conviveu com nenhum irmão, mas eu garanto que vocês só tem a ganhar com essa relação.

- Claro. - Ele olhou pra minha mãe e engoliu em seco.

- Sente-se, vamos comer! - Minha mãe disse com um leve aceno de cabeça indicando a cadeira ao meu lado. Maxon arrodeou a mesa devagar e se sentou. Olhou pra mim, que retribuí com um arqueado de leve na sobrancelha, imperceptível para o resto das pessoas que estavam ali. Ao notar o desconforto dele, percebi que ia começar a rir então peguei a caneca de café e levei a boca depressa para esconder a minha reação.

- Então... Quais são seus nomes mesmo? - Ele tentou interagir normalmente.

- Gerad. - Meu irmão menor resmungou.

- E aí, garotão! - Maxon lhe respondeu.

- Eu sou a May.

- E então ao meu lado está a America. - Ele disse.

- É, com o tempo você vai aprender a não trocar, somos muito parecidas mesmo. - May lhe respondeu.

- Diga alguma coisa, America. - Minha mãe falou.

- Ah mãe, eu tenho certeza que o Maxon vai ter oportunidades de conhecer melhor seus "irmãozinhos", não preciso ficar forçando diálogos no café.

- Filha!

- Ela está certa! Teremos tempo de sobra. - Maxon disse mordendo uma torrada. - Aliás, eu já tive algumas experiências com a America. - Ele falou depois de uns segundos. Derrubei a espátula com a qual estava pegando geléia, e todos olharam pra mim desconfiados. Gelei. O que ele diria? Foi a minha vez de ficar tensa.

- É mesmo??? - Minha mãe olhou pra nós dois confusa.

- Claro, com o continente americano, eu digo. Eu estava na Grécia, mas antes de ir pra Europa passei uma temporada conhecendo alguns países latinos. Vocês gostam de viajar? - Palhaço, ele me paga por esse susto. Respirei fundo e relaxei instantaneamente ouvindo aquilo.

- Ah, claro! Eu adoro! Me conte sobre a Grécia, é um destino maravilhoso, mas eu nunca tive a oportunidade. - Minha mãe disse empolgada.

- Eu estava em Mykonos, uma ilha muito romântica. Vocês dois deveriam pensar na possibilidade, para a lua de mel! - Maxon tinha entrado num terreno seguro, entreter minha mãe com dois assuntos que ela ama: viagens e casamento. Então nós passamos o café falando sobre a viagem dele.

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- America Singer! - Maxon me aborda na cozinha quando eu tentava sorrateiramente ir para o meu quarto minutos depois de tomarmos café. Tenho um leve susto quando ele me chama, mas abro um sorriso falso e afetado e giro no calcanhar para olhá-lo.

- Maxon Schreave!

- Você sabia!

- É claro que eu sabia, se um cara tenta me agarrar no meio da noite na nova casa onde estou morando e eu não chamo a polícia, é porque eu claramente o reconheci como o filho galinha do meu padrasto.

- Você poderia ter resolvido o mal entendido na mesma hora.

- E perder a sua cara quando me encontrou hoje de manhã? Não, obrigada. Eu achei que valeu a pena. - Tentei ir embora, mas ele segurou meu braço.

- Espera. - Me virei quando ele me puxou e me deparei com ele muito próximo de mim. Não estava preparada para olhar fundo nos olhos hipnotizantes de Maxon. Engoli em seco e desviei. - Eu acho que eu devo te pedir desculpas pela forma como nos conhecemos, minha querida.

- Eu também acho. Desculpas aceitas, mas o que eu falei sobre ser sua querida continua valendo.

- É? E o que você disse mesmo? Eu acho que eu não lembro direito porque você falou bem próxima do meu ouvido. Foi uma sensação muito agradável pra eu memorizar qualquer coisa além dela, minha querida. - Puxei meu braço e dei um passo pra trás.

- Safado! Eu não sou a sua querida!

- E eu gostava mais de quando você estava fingindo que me queria.

- Você é detestável, Maxon! Querer você é algo que só fingindo mesmo.

- Veremos até quando você sustenta essa opinião! - Ele disse presunçoso e Anne apareceu com uma bandeja, estava recolhendo a mesa do café. Aproveitei a deixa para sair da cozinha o mais rápido que pude.

Idas e Vindas - Primeira TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora