17 - Discovered

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America

No dia seguinte à nossa volta, Aspen passou o tempo todo tentando falar comigo.

Me encontre hoje à noite, precisamos conversar.

Mandei uma mensagem pra ele, e quando todos foram dormir, ao invés de esperar por ele em meu quarto, fiquei na sala.

– Aspen. – O chamo na escuridão quando o vejo entrar sorrateiramente.

– Meri! Que susto! – Ele vem até mim e automaticamente me dá um beijo. Tento evitar e lhe solto rápido.

– O que foi?

– Alguém pode nos ver aqui.  – Estávamos falando aos sussurros.

– Então vamos pro seu quarto. Eu tô com saudade, um fim de semana sem você é muita coisa.

– Não Aspen, precisamos conversar. Não te chamei pra isso. – Ele me encarou e viu que eu estava séria.

– Tudo bem. O que é tão urgente que não pode esperar alguns beijos?

– Eu... – Um frio na barriga tomou conta de mim. Até agora eu não estava me dando conta de como seria difícil. Fiquei quieta pensando um pouco nas palavras.

– Ai meu Deus, você não está grávida, está?

– O que? Não! – Ele suspirou aliviado.

– Que droga America, você tá me deixando nervoso. Fala logo!

– Tudo bem. – Respirei fundo. – Eu quero terminar o nosso namoro.

– Meri... Por que? – A angústia no seu olhar doeu em mim.

– Aconteceram umas coisas e, eu comecei a duvidar do que eu quero de verdade.

– America, nossa situação não é ideal, mas eu te amo. Nós nos amamos e temos planos juntos. Uma hora isso vai mudar e poderemos ser um casal como qualquer outro, longe daqui. – Meus olhos se encheram de lágrimas.

– Não. Não poderemos, Aspen.

– Você não confia mais nos nossos planos? Olha onde eu estou por você America, mudei minha vida pra ficar perto de você! – Partir o coração desse homem desse jeito estava acabando comigo, mas o que eu podia fazer? Precisava dizer a ele sobre os meus sentimentos que haviam mudado, ou ele nunca compreenderia. As lágrimas começaram a brotar em meu rosto antes que eu pudesse lhe responder.

– Minha Meri... – Aspen deu um passo e me beijou. Tentei afastá-lo o mais rápido que eu pude, mas as luzes se acenderam. Aspen me soltou e olhamos em volta. Minha mãe estava ao pé da escada nos observando.

– Que comovente! – Ela disse quando olhei pra ela. – O casal separado não por famílias inimigas, mas por suas classes sociais. Shakespeare também iria gostar de escrever sobre vocês.

– Mãe!

– Saia daqui, rapaz.

– Dona Magda, esse beijo foi totalmente contra a vontade dela. – Aspen tentou se justificar.

– Saia! – Minha mãe foi mais ríspida no seu tom e ele me olhou antes de assentir e ir embora.

– Há quanto tempo isso acontece? – Ela perguntou caminhando até mim. – Não adianta tentar me enganar mais, America. Eu já ouvi mais do que gostaria essa noite. Responda!

– Há uns dois anos.

– Eu não posso acreditar. Tudo que eu quero é que eu esteja sonhando agora. Por favor Deus, me deixe acordar amanhã e respirar aliviada sabendo que minha filha não me enganou por dois anos se relacionando com... Quem? Quem é Aspen Leger? Como vocês se conheceram? Como isso foi acontecer? – Ela falava com tanta raiva, e eu sabia que ela só não estava gritando pra não acordar a casa inteira. Eu só conseguia chorar olhando pra ela.

– Isso não é um monólogo, responda enquanto eu ainda estou perguntando pacientemente. – Contei pra ela toda a minha história com ele.

– Aspen era bolsista no colégio que nós estudávamos. Nos conhecemos lá, ele era da turma de Kota e eles sempre andavam juntos, mas ele nunca deu atenção pra mim. Bem depois de ele ter se formado e eu ter terminado o colégio também, nos reencontramos em uma festa pra ex-alunos. Nós nos aproximamos e acabamos amigos, até que nos apaixonamos, e eu me joguei de cabeça nessa história. Kota nunca soube. Desde que deixaram de estudar juntos, eles perderam o contato. – Decidi esconder dela que May sabia. Não queria que ela sofresse as consequências.

– Então era por isso que você nunca estava interessada em alguém quando eu e a sua irmã falávamos nesse assunto. Você já estava apaixonada. – A ironia na sua voz era clara.

– Exatamente. É isso! O que você vai fazer agora? Me trancafiar?

– Você trouxe o sapo pra dentro da torre, princesa. Isso não adiantaria. Mas tem uma coisa que eu vou querer de você sim.

– O que é?

– Você vai aceitar as investidas do Carter.

– Não, mãe! Qualquer coisa, menos isso! Eu não vou admitir que vocês manipulem minha vida amorosa do jeito que fizeram com o Maxon!

– Você não tem que admitir ou não alguma coisa aqui, America! Essa oportunidade foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido. A união das nossas famílias vai ser um acontecimento perfeito e muito proveitoso.

– Não! Eu me recuso! – A essa altura eu já não estava preocupada com meu tom te voz.

– O Carter vai voltar à essa casa em breve e quando isso acontecer, ele vai se aproximar de você. Você vai dar toda a atenção a ele, vai estar encantada, e vai aceitar qualquer coisa que ele te proponha. Estamos, combinadas? – Ela disse e virou de costas se retirando. – Ah, quase esqueci. Você vai terminar de uma vez aquela palhaçada que você chama de namoro com o segurança. Eu não vou demiti-lo, pelo menos por enquanto. Mas é bom que você saiba que se as coisas andarem fora do nosso combinado, ele sofrerá as consequências. – Ela subiu as escadas me deixando de mãos atadas com todos os meus planos em ruínas.

Fui até o quarto de May e contei pra minha irmã que o segredo que eu compartilhei apenas com ela esse tempo todo havia escapado justamente quando estava prestes a deixar de existir. Ela me ouviu e me consolou entre as minhas lágrimas e eu acabei pegando no sono junto com ela. 

Idas e Vindas - Primeira TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora