Capítulo 9

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Eu sinto meus olhos se enxerem de lágrimas com a friagem batendo no meu rosto. O lugar era muito bonito, apesar do clima não combinar muito com um passeio na praia. O céu estava cinza, assim como a água do mar, ela refletia as diversas nuvens que tampavam o horizonte. Atrás de mim, uma enorme pedreira sustentava o castelo acima de si, o majestoso edifício parecia pequeno visto daqui. Para qualquer lado - esquerdo ou direito - você só conseguia ver mais rochas, e depois disso, o oceano. Á minha frente, é claro, o vasto litoral se estendia. Era a primeira vez que eu o via pessoalmente, deixo a felicidade tomar um pouco de mim.

Não havia nenhuma forma de fugir, André estava do meu lado e fez questão de deixar isso bem claro assim que pisamos aqui. Eu vou ter que ficar por aqui até que ele resolva me levar de volta. Há uma parte me mim que se sente irritada, mas a empolgação toma conta da outra. Tiro meus sapatos e sorrio sentindo a areia envolver meus pés. Levo a mão até minha boca, não acreditava que seria capaz de sorrir novamente depois de chegar nesse castelo. Mesmo me repreendendo, o sorriso não se esvai.

O príncipe solta meu braço, tirando seus sapatos também e correndo em direção a água salgada, porém, ele acaba caindo e dando de cara na areia antes de chegar la. Nesse momento meu sorriso se abre ainda mais, evoluindo para um riso.

- Isso foi hilário - falo, dando risada.

Ele se levanta, batendo em sua roupa para tirar a sujeira do tombo. Sua atenção se volta para mim assim que percebe minha reação. Eu tento segurar, mas as gargalhadas escapam, eu o espero dizer alguma coisa, talvez um sermão. Mas ele não me responde, apenas continua a correr de novo em direção a água. Esse maluco não vai entrar na água, vai?

Curiosamente, começo a explorar algumas rochas que estão em cima da areia, sentando em uma que estava bem na beira d'agua. Começo a procurar por algum animal, uma estrela do mar, um caranguejo, ou alguma concha que possa levar de lembrança desse dia, o qual testemunhei o mar com meus próprios olhos. Entretanto, me interrompendo, o mimadinho vem e senta do meu lado, todo molhado, e balança os cabelos fazendo com que espirre água em mim.

- Nossa, mimadinho! Olha só o que você fez! Eu não quero me molhar! - Ele para e me olha.

- Mimadinho?

Essa não, eu e essa minha boca grande!

- Não foi isso o que eu disse, você entendeu errado - minto pra ele.

- Ah é? Então o que foi que você falou?

- Eu não disse "mimadinho", eu disse "bonitinho" - eu invento na hora.

- Quer dizer então que você me acha bonito? - André fala, rindo da minha cara, é ai que eu percebo a merda que fiz.

- Eu não disse bonito, eu disse bonitinho - destaco, tentado me livrar da vergonha que passei.

- É a mesma coisa.

- Por que você me trouxe aqui? - eu mudo de assunto.

- Eu estava entediado - ah, que legal.

- Como assim? Só porque você estava entediado você acha que pode sair levando as pessoas por aí?

- Posso, eu sou o príncipe e assim que me casar vou virar rei de Urbe, então, tecnicamente, eu posso fazer o que eu quiser - Se esse for o raciocínio dele esse império está perdido.

- Isso não significa nada pra mim - dou de ombros.

- Eu sei, é isso que eu gosto em você.

A brisa bate forte no meu rosto, fazendo com que meus cabelos balancem ao vento, enquanto eu olho o horizonte a minha frente. Por mais que eu queira voltar pra casa e sair desse castelo, eu não tenho a mínima vontade de fugir agora. Quer dizer, eu poderia afogar ele e pegar a chave da escotilha agora mesmo, mas eu não quero. Acho que depois de ter passado tanto tempo na companhia de outras pessoas, a ideia de ficar sozinha se tornou, de repente, aterrorizante. Os últimos dias, sem a presença da Diane no quarto, foram os piores desde que pisei aqui. O que está acontecendo com você, Safira?

Um Amor Inesperado.Onde histórias criam vida. Descubra agora