Nem em meus sonhos mais selvagens eu imaginaria que André me trairia, acho que eu estava tão cega pelo amor, que pensava que nada de ruim poderia acontecer, que nada daria errado, mas como sempre, eu não tinha razão em relação a isso, e agora fui pega de surpresa.
Olhando dentro de seus olhos azuis claros, que alguns dias atrás me traziam uma sensação de segurança e paz, um tom de azul tão calmo, mas que nesse instante apenas me traziam medo, como se essa pessoa a minha frente não fosse e nunca será quem eu achava que era.
- No começo eu quis ficar com você porque você era difícil, como as coisas sempre foram muito fáceis para mim, então foi bem divertido a princípio, mas, depois de um tempo, eu realmente comecei a me sentir atraído por você, eu quase - ele olha para mim - quase me apaixonei por você, S/N.
- André, você disse que amava! V-Você me beijou! Eu achei que... - as lágrimas saiam dos meus olhos como se tivessem vida própria, enquanto ao meu coração, ele doía imensamente, um dor incurável.
- Foi por pouco, eu estaria em seu braços agora se meu pai não tivesse abrido meus olhos para a verdade - continua dizendo - Mas eu não sou ingênuo como antes, agora está na hora de você finalmente morrer.
- Seu pai é um monstro André! Abra os seus olhos! Eu não sou a vilã dessa história! Eu sei que dentro de você ainda existe o André que eu conheço e amo! - choro e falo ao mesmo tempo.
- Você é a vilã! Você traiu a mim e ao meu reino! Os seus pais morreram por sua culpa! Porque queriam te proteger, e agora, é a sua vez de ir junto com eles para o inferno! - ele começa a soltar minha mão lentamente.
- NÃO! - eu grito, juntando o último vestígio de força que ainda resta em meu corpo, eu inverto as nossas posições, fazendo com que ele fique inclinado para fora do telhado, enquanto segurava suas mãos firmes, impedindo que ele caia - André! Acorde! Eu sei que você ainda é aquela pessoa amável que eu conheci antes!
- Não S/N, você está errada - ele sorri - Eu sempre fui assim, é apenas a primeira vez que você me vê desse jeito.
Os momentos seguintes passaram em câmera lenta em minha visão, André que segurava em minhas mãos para não cair, soltam-as, fazendo com que ele caia de costas em direção ao chão, foi tudo tão rápido que não pude reagir de forma alguma, apenas vi ele cair direto para a morte. Enquanto ele caia, eu pude olhar dentro de seus olhos por uma última vez.
Naquele momento, eu percebi que todos esses dias, todos esses momentos felizes que eu passei ao lado dele, eram tudo falsos, era tudo mentira, eu estava vivendo dentro de uma ilusão que eu mesma criei. Eu caio de joelhos no telhado, chorando, gritando, esperneando histericamente, enquanto via o único homem que eu já amei de verdade em minha vida, atingir o chão depois que uma queda de vários metros, e morrer.
Enquanto os minutos se passavam, eu chorava até engasgar, até que meu pensamento se volta ao resto do castelo, e em todas as pessoas que estavam lutando por mim nesse momento, eu queria fugir desse lugar, desaparecer, não voltar nunca mais, sinceramente era isso o que eu sentia, mas não podia deixar aquelas pessoas na mão, meu pais morreram por mim e deixaram o reinado de Urbe em minhas desgastadas mãos, e eu irei fazer que os desejos desses cidadãos, de finalmente terem paz, serem realizados.
Eu olho o corpo de André, no chão do jardim, á vários e vários metros abaixo. Eu vou endurecer o meu coração. Eu vou engolir as minhas lágrimas. Eu vou virar e te deixar aqui. Toda a minha vida eu estive esperando na chuva, estive esperando por um sentimento que nunca veio, parecia tão perto, mas ai ele desapareceu.
Eu fico de pé, limpando as minhas lágrimas e engolindo o choro, correndo e descendo as escadas até chegar no primeiro andar no castelo, eu precisava ser forte agora, o futuro do reino inteiro está em minhas pequenas mãos, eu corro até o amontoado de pessoas em meio ao salão que eu estava antes.
Conforme eu andava em direção ao centro da multidão de pessoas, os camponeses iam abrindo espaços para que eu possa passar, quando finalmente passo pelos corpos dos guardas mortos no chão, eu chego ao meio, onde encontro o corpo de Diane sem vida no chão, ao lado dela, estava Rei Stephen, desarmado e ajoelhado no chão, com a cabeça baixa, da mesma forma que anos atrás meu pais estavam quando foram mortos pelo mesmo.
Na mesma hora, eu entendi o que os aldeões estavam tentando fazer, eles queriam matar o Rei Stephen, mas queriam deixar as honras para mim, a Princesa. É até estranho dizer essa palavra "Princesa", me faz sentir realmente especial, coisa que eu não estou muito acostumada a ser.
Todos estavam olhando para mim, eu agacho e pego a espada do Rei que estava jogada no chão, suja de sangue, a mesma espada que antes disso foi suja pelo sangue de meus pais, do rei e rainha que esses camponeses tanto admiravam, estava na hora de suja-la de novo, mas dessa vez, com sangue de vingança.
Eu segurei a espada firmemente entre os meus dedos, parando em frente ao Rei, que olhava dentro de meus olhos, em uma mistura de raiva e medo.
- Piedade! - ele tem a coragem de gritar.
- Morra, seu verme! - eu miro a espada em seu coração e enfio em seu peito, apenas a ponta do ferro, ouvindo ele gritar de dor, lentamente, eu fui enfiando a espada mais fundo, até que a ponta da espada atravessou as costas dele, fazendo com que ele sofra de dor antes de finalmente morrer.
Eu solto a espada e ele cai de lado no chão, já sem vida, com a espada atravessada em seu coração, o silêncio reinava no salão, enquanto todos nós observávamos o Rei Stephen morto no chão do castelo, sem realmente acreditar no que víamos.
Eu, por fim, caminho até o seu corpo morto e arranco a coroa de rei da sua cabeça, ela era grande, dourada e vermelha, também era pesada, mas mesmo assim, eu levo ela até o topo de minha cabeça e a deposito ali, sentindo o peso sobre a minha cabeça, depois, me viro em direção aos camponeses que me observavam sem reação.
- Cidadãos de Urbe, a partir de agora, não temerás o mal, muito menos a ganância, pois agora, eu não serei mais a vossa princesa, a partir de agora eu serei Safira, a Rainha de Urbe! - digo alto para que todos no salão possam me ouvir.
Passam-se alguns segundos de silêncio enquanto eu esperava as suas reações, foi quando um deles se abaixou a minha frente, fazendo uma reverência, depois dele, outros fizeram a mesma coisa, até que todos no salão estavam abaixados, fazendo suas reverências, em sinal de respeito a sua nova Rainha.
- Deus salve a Rainha Safira! A verdadeira herdeira do trono de Urbe! - um deles grita e em seguidas o silêncio desaparece, dando lugar aos gritos de comemoração de todos os cidadãos de Urbe.
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Um Amor Inesperado.
RomanceUma história de amor entre um príncipe e uma camponesa, não há nada mais clichê que isso. Será mesmo? Se sua resposta for sim, tenho certeza de que este livro irá te surpreender. Se sua resposta for não, venha conhecer esse romance, ele te provará q...