Capítulo 20

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Eu não sei quanto tempo demorou até que eu conseguisse acordar, mas assim que os meus sentidos voltaram e eu abri meus olhos, tudo o que eu via a minha volta era escuridão. Eu estava sentada no chão, encostada na parede atrás de mim, eu tento me levantar, encontrando certa dificuldade pois minhas pernas estavam fracas e minha cabeça latejando de dor.

Com um pouco de esforço eu consigo ficar em pé, enquanto isso, meus olhos se acostumavam com a falta de luz e eu consegui identificar mais para frente uma porta, que estava na parede a minha frente, nenhum feixe de luz passava pela porta, fazendo com que esse pequeno quartinho ficasse em completo breu.

Observando um pouco mais a fundo, eu encontro na parede ao meu lado, um espelho quebrado, haviam alguns pedaços soltos e afiados espalhados pelo chão, de repente, escuto a porta se abrindo, imediatamente, eu pego um dos pedaços mais pontiagudos e escondo em meu vestido, correndo e sentando no mesmo lugar que eu estava antes.

A luz invade o ambiente, revelando uma silhueta escura se aproximando de mim, conforme meus olhos vão se acostumando com a luz que acabara de entrar, eu vou, aos poucos, reconhecendo quem é que está a minha frente, assim que eu vejo-a, me levanto no mesmo instante, surpresa.

- Diane? Eu achei que você estivesse eliminada, você esta bem? - eu pergunto sem saber de nada.

- Cale-se! - ela grita autoritária - Eu não preciso mais fingir ser amiga sua, agora vamos, tem alguém querendo ver você.

Minha cabeça está mais confusa do que nunca, e assim que ela termina de dizer isso, mais ou menos oito guardas entram pela porta e se aproximam de mim, me segurando e me arrastando para fora do quarto, eu, mesmo sabendo que seria em vão, tento me soltar me debatendo e resistir de alguma forma, mas nada adianta, e no fim, eu sou arrastada e levada até um sala qualquer.

Assim que a porta se abre eu posso nitidamente reconhecer as duas pessoas que estão lá dentro me observando, essas pessoas são o Príncipe André e o Rei Stephen. Os guardas me levam até eles e me jogam no chão em frente aos dois, que não se mexem um milímetro, apenas observam tudo.

- O que está acontecendo? - eu pergunto me levantando - Por que esses guardas estão aqui?

- Não ouse dirigir sua palavra para meu filho, garota suja! - Rei Stephen exclama e eu tremo ao ouvir sua voz grave e autoritária.

- E-Eu não estou entendendo nada - eu digo sentindo as lágrimas de desespero começarem a aparecer - Alguém me explique o que está acontecendo, por favor!

- Seu rosto é bem parecido com o da sua mãe, Safira - eu escuto a voz de Diane ecoando pela sala quando ela se junta aos outros dois que estão a minha frente - Quer dizer, Princesa Safira.

- Por quanto tempo mais você achou que seu segredo duraria? - Stephen diz com desprezo.

- Mas o que? - eu pergunto ser confirmar nada.

- A cachoeira - eu escuto André dizer - Eu ouvi sua conversa aquele dia na cachoeira e fiz o que tinha que ser feito.

- O que?! O que você fez André?! - eu grito sentindo o nó se formar em minha garganta.

- Eu fiz o que qualquer futuro Rei faria, eu fiz o que era certo - ele diz sem demonstrar nenhum sentimento, nem pena, nem compaixão.

- Mas....e-eu achei que você me - sou interrompida pela voz estrondante de André.

- NÃO diga essa palavra - ele fala bravo - Seja lá o que eu sentia por você, não era amor, e nem nunca vai ser.

Naquele momento eu perdi, perdi todas as forças que ainda me restavam, sem poder suportar mais, minhas pernas fraquejam e eu caio de joelhos no chão, a essa altura, meu corpo inteiro tremia e eu sentia o gosto salgado das lágrimas invadir minha boca. Meus cabelos bagunçados e caindo na minha cara enquanto eu chorava, chorava histericamente.

Não me culpem por nada disso, pois eu amei, eu amei com todas as minhas forças, eu acreditei, acreditei com todas as minhas forças, nesse amor que eu sentia, mas agora, nesse momento, o homem pelo qual eu sinto todo esse amor, acaba de me trair e quebrar meu coração, esse homem, vai me levar á morte.

- Essa é uma cena muito familiar - Stephen fala - Seus pais me traíram e morreram, agora é a sua vez.

Os guardas reais que estavam apenas parados dentro da sala, sem baixarem a guarda por nenhum momento se aproximam de mim, um deles me agarra pelo braço e me arrasta até a sacada que ficava dentro da sala em que nós estávamos, era uma sacada bem larga e com uma cerca branca nas bordas para que ninguém caia.

Assim que eu chego nessa sacada posso ver de lá de cima que todos os cidadãos do reino formaram uma multidão em frente ao castelo e aguardavam pelo que viria pela frente, todos esses camponeses e camponesas estavam conversando mas assim que nos viram na sacada, calaram-se e começaram a prestar atenção nas a palavras que foram ditas a seguir.

- Eis aqui, cidadãos de Urbe - o Rei Stephen fala ato e tenho certeza que todos foram capazes de ouvi-lo lá em baixo - A única esperança que vocês tinham, essa garota que estão vendo agora, é a filha da Rainha Délia! Que todos que estão aqui, assistam o seu trágico fim, enquanto sentem suas míseras esperanças se esvaírem por completo! - ele continua a dizer e termina seu discurso com uma risada maldosa que fez com que eu me arrepiasse.

Eu sou obrigada a me apoiar na cerca da sacada enquanto ouvia os gritos das pessoas e engolia em seco sentindo que a minha hora estava chegando, escuto o Rei sacar a sua espada atrás de mim e vejo os soldados se prepararem caso eu resolva fazer alguma coisa. Naquele momento eu vejo toda a minha vida passar pela minha cabeça como um filme, e apenas um pensamento prevalesse: Eu não vou morrer agora!

Um Amor Inesperado.Onde histórias criam vida. Descubra agora