Capítulo 13

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- Filho? - ela pergunta olhando para mim, e depois, para ele.

- Mãe? - diz ele com a boca cheia de comida.

Nós ficamos parados por um momento, paralisados. Enquanto isso, a moça nos encarava sem esboçar nenhuma reação. Mas logo isso muda, as linhas de seu rosto vão se curvando rapidamente para uma feição de horror assim que seus olhos param nos hematomas e cortes espalhados pelo corpo do André. Fico sem saber o que fazer, se essa for mesmo a mãe do príncipe, isso significa que estou diante de uma Rainha. Fico em dúvida se devo me curvar ou pelo menos cumprimentá-la, porém, felizmente, a mulher toma uma iniciativa e anda até o seu filho, super preocupada, dizendo:

- O que aconteceu com você, meu filho? Você está todo machucado! - ela se aproxima do Príncipe André toda agitada, mas logo sua expressão se torna diferente e ela fica com um sorriso fechado nos lábios - Foi você quem cuidou do meu filho?

Eu fico vermelha, pensando no que responder. Quando eu ia abrir minha boca para falar que sim, o homem ao meu lado se pronuncia antes de mim, dizendo:

- Mãe, essa é a Safira, e sim, foi ela que cuidou de mim, aliás, está cuidando - diz e me olha com carinhosamente, me agradecendo.

- É um prazer conhecê-la - eu abro minha boca finalmente e faço uma reverência, afinal, estou diante de uma rainha.

- Ela é muito bonita, tenho certeza de que teria netinhos perfeitos se você se casasse com ela - diz a rainha com um leve sorriso e eu e o príncipe ficamos completamente vermelhos, mas que constrangedor! - Aliás, meu nome é Daisy, é igualmente um prazer conhece-la.

A mulher permanece sorridente diante de mim. Sem dúvidas a sua aparência fina e seu jeito de se portar gracioso me dizem que ela cresceu em meio a realeza e riqueza. Mas aquilo que ela disse me deixou muito sem graça. Eu não sei mais o que está acontecendo aqui, apenas sei que estou completamente vermelha, se tem uma coisa que eu não esperava, é isso. Olho para o lado vendo que o Príncipe André também está na mesma situação que eu. Por que esse tipo de coisa só acontece comigo? O que eu devo fazer? Devo ir embora? Deixa-los a sós? Antes que pudesse tomar qualquer iniciativa, ouço a Rainha Daisy começar a falar:

- Bom, vejo que meu filho está em boas mãos, vou deixa-los a sós - fala toda sorridente e encantada - Depois conversamos - ela diz, dessa vez para o André.

Assim que ela sai do quarto, solto todo o ar que estava preso em meu pulmão desde que ela entrou aqui. Coloco a minha mão em meu peito sentindo meu coração, mais uma vez, acelerando, junto com ele, sinto minhas bochechas ainda quentes e coradas. Como uma coisa dessas foi acontecer? Essa visita me deu muito o que pensar, estava tão concentrada nos últimos acontecimento junto ao príncipe que me distraí do fato de estar dentro de uma competição, ainda mais de que existe a possibilidade de me casar com ele no final. Não gosto de como as coisas estão indo, está tudo uma bagunça dentro de mim, pela primeira vez eu não entendo o que estou sentindo.

- Eu acho que perdi o apetite - André fala, quebrando o silêncio que se instalara no local.

- Essa era mesmo a sua mãe? - eu pergunto desacreditada.

- Sim, ela é minha mãe - ele diz e depois ri - Ela parece ter gostado bastante de você, isso é raro - esse comentário me deixa ainda mais nervosa.

- Eu não acredito que isso realmente aconteceu - continuo surpresa, colocando as mãos nas minhas bochechas sentindo elas ainda quentes.

- Enfim, vamos esquecer isso, eu prometi que iria te contar sobre o que aconteceu comigo ontem. E também, a próxima etapa da competição é hoje a noite e antes disso eu tenho uma reunião com meus conselheiros.

- Você pode me contar depois se quiser, deve descansar agora, pois terá um dia cheio - mordo os lábios tentando ser altruísta e deixar a curiosidade de lado.

- Não, eu prometi que contaria, então eu vou contar - ele fala e eu concordo com a cabeça, pronta para ouvir - Meu pai é o Rei de Dramir, o reinado vizinho de Urbe. Por vários anos Urbe e Dramir mantiveram relações pacíficas devido a acordos e alianças feitos por meus antepassados, apesar de sempre haver uma competição e rivalidade entre os dois. Acontece, que anos atrás, um pouco antes de eu nascer, a Rainha de Urbe teve uma filha, e nossos pais fizeram um acordo, de que quando os dois crescessem, se casariam para aumentar a prosperidade entre os dois reinos.

André parece bem concentrado enquanto me conta a história, e eu mais ainda. Não sabia de nada disso, já que estive presa desde sempre na minha antiga casa, isso torna tudo duas vezes mais interessante. Sempre li que ambos os reinos eram notórios de suas respectivas maneiras, a relação dos dois sempre foi complicada, os acordos mantinham a paz, mas estes poderiam ser facilmente desrespeitados.

- Foi dada a notícia de que a filha da Rainha de Urbe morreu, devido a complicações na hora do parto - Ele continua.

- Coitada da mãe dela, deve ter sofrido tanto - eu comento enquanto ele concorda com a cabeça.

- Acontece que recentemente surgiu uma suspeita de que a filha dela na verdade não estava morta, mas sim escondida em alguma parte do reino, o que foi visto como um ato de traição pelo meu pai, que atacou o reino de Urbe matando o Rei e a Rainha, e me deixando aqui, para me casar e tornar-me Rei.

- Mas ninguém sabe se essa suspeita é verdadeira, e mesmo se esse fosse o caso, isso não seria motivos para atacar o reino e matar dezenas de pessoas! - eu exclamo ainda absorvendo tudo.

- Eu sei, meu pai é um homem muito bruto e precipitado. Mas, indo direto ao ponto, meu pai exigiu que eu fizesse esta competição e arranjasse alguém digno para me casar. Foi ai que eu disse para ele que já tinha escolhido alguém e que a competição não era mais necessária - Ele olha para mim e faz uma pequena pausa, hesitante.

- Está tudo bem, André, pode contar comigo - eu digo colocando minha mão em seu ombro, dando um pouco de apoio para ele.

- O Rei Stephen veio me visitar ontem e depois que eu disse tudo aquilo para ele - André olha para mim, claramente desconfortável - Ele... ele me bateu, ele... jogou coisas em mim, ele até me agrediu com uma cadeira, que se quebrou com o impacto. Eu... tentei impedi-lo, nós começamos a brigar, mas não havia muita coisa a fazer, eu não teria coragem de bater em meu próprio pai.

- Meu Deus! Eu não esperava por isso - digo sem saber o que falar - Ele faz isso frequentemente?

- Não frequentemente, mas isso já aconteceu algumas vezes no passado - diz e eu posso notar seus olhos encherem de água. Sem aguentar mais, eu envolvo meus braços em volta dele, e o abraço, afagando seus cabelos de leve.

- Safira, eu preciso de contar uma coisa - ele fala, olhando nos meus olhos com a voz um pouco embargada.

- Pode falar, estou te ouvindo.

- Aquela pessoa que eu disse antes, a garota que eu já escolhi como a vencedora da competição.

- O que tem ela? - pergunto.

- Ela, na verdade, é você Safira.

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