Capítulo 16

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Mais um dia acaba de chegar, logo de manhã, acordo com a notícia de que sou uma das três últimas finalistas desta competição. Mais uma vez eu não consigo acreditar de que eu realmente estou aqui, de que eu, a pessoa menos provável a fazer isso, me apaixonei, e conquistei, sem querer, o coração do príncipe André.

Faltam alguns minutos para que alguém entre no quarto com o almoço, eu sei disso pois, depois de passar quase um mês aqui, eu finalmente aprendi a me acostumar com os horários de almoço e janta. Pela posição do sol nesse momento, já devem ser meio-dia, a serva pode chegar a qualquer momento, eu permaneço aqui, sentada, esperando, morrendo de fome.

Mas como nada de normal acontece comigo, é claro que não veio serva nenhuma me entregar a comida, e sim, o príncipe André, que chegou sem aviso prévio, e sem comida alguma para mim.

- O que foi? - eu pergunto.

- Nossa, oi pra você também - diz ele, irônico.

- Desculpe, é que ainda não me acostumei com essas suas visitas.

- É melhor ir se acostumando, por que você tem uma dívida a pagar - ele fala e eu suspiro - Vamos, não há tempo á perder.

Ele pega minha mão e começa a me arrastar pra algum lugar, que mais uma vez, eu não sei onde é, caminhamos por um tempo considerável, e chegamos em frente á uma porta enorme e vermelha, mas antes de abri-la, nós paramos, e ele me entrega uma espécie de capa.

- Pra que isso? - eu pergunto vendo ele pegar uma para ele também.

- Vamos precisar usar uma dessas para poder ir no lugar que eu quero te levar - diz vestindo sua capa e eu, sem escolha, visto também.

Ele empurra a porta com as duas mãos, e conforme a porta vai se abrindo, uma luz forte vai surgindo do lado de fora, quando a porta se abre por completo, eu tenho a visão do céu azul, coberto de nuvens, e de um jardim enorme e colorido.

- Uau, isso é lindo! - eu exclamo encantada com o jardim do castelo - Nós vamos sair do castelo? - pergunto vendo a rua de terra no fim do jardim.

- Sim, e é por isso que precisamos dessas capas, assim nós não seremos reconhecidos.

- Você não tem medo de eu fugir ou algo do tipo? - pergunto.

- Eu confio em você, sei que não vai fazer isso - fala olhando em meus olhos.

Caminhamos pelo caminho de tijolos no meu do jardim, entre as flores, que variavam tanto nos tipos quanto nas cores, haviam árvores também, e uma enorme quantidade de coqueiros. Nós andávamos, lado a lado, conversando sobre coisas banais e sem importância, mas no fundo, nós dois sabíamos, que o dia que viria a seguir, seria inesquecível e ficaria nas nossas memorias para sempre.

Caminhamos até o jardim acabar, depois passamos pelo portão do castelo que estava sendo protegido por dois guardas altos e armados, chegamos até a rua de terra, por onde haviam pessoas andando e conversando por todas as partes, carroças sendo puxadas por cavalos e lotadas de caixas e mercadorias, passavam entre os camponeses que carregavam cestas cheias de frutas, algumas ainda, usavam lenços em suas cabeças.

isso, isso é o que eu procurava quando decidi sair de casa naquele dia, ver as pessoas vivendo suas próprias vidas, vendo os camponeses sendo eles mesmo, tudo isso, que foi tirado de mim pelo medo do meu pai. Meus olhos se enchem de lágrimas mas eu me controlo. Meu sonho está sendo realizado, graças ao homem que está andando ao meu lado nesse momento, agora eu tenho ainda mais certeza de que eu fiz a escolha certa aceitando seus sentimentos por mim, mesmo ele não sabendo ainda, pois ainda não dei uma resposta á ele.

Não demora muito até as ruas ficarem ainda mais cheias, e as frentes das casas estarem cheias de barracas e caixotes transbordando todos os tipos de coisas, frutas, vegetais, doces. Nós caminhamos entre as pessoas, que compravam os alimentos nessa espécie de feira que estava acontecendo.

Há um monte de coisas aqui que eu nunca vi e nem comi antes, quando morava com meu pai, nós sempre comíamos a mesma coisa: Pão. O que não mudou muito quando eu fui para o castelo, onde á unica coisa que nos dão é sopa.

Enquanto conversávamos e riamos juntos, André para em uma barraca de frutas e vegetais, cheia de maças, bananas, batatas e outras coisas que eu nunca vi na minha vida. Ele para e pede ao vendedor para que lhe venda alguma coisa que eu não reconheço.

- São oito reais, mas farei apenas por cinco reais para o casal de apaixonados - o senhor fala piscando para André que sorri e agradece depois de pagar.

- Aqui, prove esse morango - ele diz entregando uma frutinha pequena e vermelha para mim.

- Morango? O que é isso? - eu pergunto olhando para a fruta como se ela fosse de outro planeta.

- Você nunca comeu morango? - ele pergunta sem acreditar e eu faço que não com a cabeça - Abra a boca - ele pede e eu abro, ele coloca a fruta na minha boca e eu mordo um pedaço, sentindo o gosto doce se espalhar pela minha boca.

- Isso é bom! Qual é o nome mesmo? - pergunto comendo o resto.

- Morango - ele diz ainda sem acreditar que eu nunca tinha provado um morango antes.

- E isso aqui, o que é? - eu pergunto apontando para uma espécie de fruta redonda, grande, pesada e verde.

- Isso é uma melancia, vai falar que nunca comeu melancia também?

- Não, é feita do que? - eu pergunto sem entender.

- Senhor! - ele chama o vendedor - Me vê metade dessa melancia, por favor.

- Não precisa comprar e gastar seu dinheiro com essas coisas - eu falo me sentindo incomodada por ele comprando tudo para mim. O senhor entrega a fruta á mim que provo e adoro, comendo-a por inteiro.

- O que mais você não conhece aqui? - ele pergunta a mim.

E assim foi por pelo menos uma hora, eu dizia a ele as coisas que eu nunca tinha visto antes e ele comprava para mim, mesmo eu insistindo e ficando brava com ele por estar gastando todo o seu dinheiro dessa forma.

Ele me disse que queria que eu conhecesse todas as frutas do mundo, e que as frutas de Urbe são com certeza as mais saborosas que ele já provou na vida, o que me deixou surpresa, já que mesmo tendo lido vários livros eu nunca soube nada sobre a fama das frutas de Urbe. Acho que esse dia vai ser ainda melhor do que eu esperava.

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