De algum jeito eu acordei em minha cama, mais uma vez Wesley Safadão cantava em alto e bom som e dessa vez eu não fui tão calma quanto era nos outros dias. Peguei o celular e joguei na parede, me sentando na cama e torcendo para que ele não tivesse se quebrado, mas sabia que seria muita sorte. Assim que o peguei do chão a película de vidro que protegia a tela estava arruinada e eu seria obrigada a colocar uma nova.
- ARGH! - Gritei, jogando-o na minha cama dessa vez.
Quando estava devidamente vestida fui até a sala de jantar e vi a mesa do café da manhã montada, a qual já se encontrava a família Silva. Murmurei um bom dia mau humorado e ninguém me respondeu.
- Eu desejei um bom dia, ninguém vai me responder? - Bati na mesa e todos os olhares de voltaram para mim.
O silêncio prevaleceu enquanto apenas minha mãe criava coragem de se referir à mim:
- Está tudo bem, querida?
- Não. Está tudo uma merda! - Levantei o celular no ar para mostrar a tela.
- E precisa disso por causa de uma película, Julia? - Tuti perguntou e eu me virei fuzilando-o.
Minha mãe tocou seu braço e meu irmão olhou para ela enquanto via a nossa progenitora balançar a cabeça em negação. Meu irmão pressionou os lábios para se conter e não falar mais alguma bobagem. Dona Alessandra me olhou e sorriu de forma amável.
- Está naqueles dias, não é?
Revirei os olhos e bufei, me levantando da mesa e pegando meus pertences.
- Quer saber? Vocês são uns lixos.
- Onde você vai, Julia Silva? - Meu pai se levantou na mesma hora em que eu passava pela porta da cozinha.
- Pra escola, pai. Aguentar meus amigos falando de signos mais um dia! - Gritei. - E não, mãe, eu não estou menstruada! - Finalizei com uma batida de porta dramática.
Demorou o dobro do tempo para eu chegar no colégio e eu cheguei atrasada para a primeira aula. Meu estômago roncava àquela altura e eu me contentava com alguns goles na minha garrafa de água.
Agradeci aos céus por meus amigos não se dirigirem à mim por estarem ocupados demais prestando atenção no professor de história. Lola estava apenas dormindo, como era de costume.
Quando a primeira aula terminou, eu estava emburrada segurando meu aparelho celular em mãos. Estava apenas concentrada em fazer drama, esperando que as pessoas adivinhassem o que tinha acontecido. Não estava claro? Eu olhava para o meu celular e estava de cara amarrada. Só um cego não ligaria os pontos.
Meus amigos logo se viraram para perguntar o que estava acontecendo.
- E aí, Julia? Dormiu demais? Perdeu a hora? - Carol provocou.
- Não que seja da conta de vocês, mas eu tive que vir de ônibus.
- Discutiu com seus pais? - Guilherme já sabia que quando eu vinha para o colégio de ônibus - o que era quase uma raridade - ou era por eu ter discutido com meus pais ou por algum problema no trabalho deles.
E a contar pela minha expressão nada amigável, optou pela primeira opção.
- Sim. E olha o que aconteceu por culpa de vocês. - Mostrei a tela do celular.
- Como isso é culpa nossa, garota? - Carol tinha o cenho franzido para o estrago que havia sido causado ao meu celular.
- Tira essa droga de música do meu despertador. De alguma forma vocês colocaram com um passe de mágica que eu não acho nem por um decreto como se tira isso. - Apontei o celular para cada um deles, esperando que um tomasse a iniciativa de pegá-lo.
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Não Acredito Em Signos
Teen FictionJulia Silva é totalmente cética - como uma boa virginiana com certeza seria. Enquanto seus amigos - e todos à sua volta aparentemente - falam sobre signos, ela desdenha, tacha-os de tolos. Mas ela está prestes a descobrir que vai se tornar uma deles...