11. Gêmeos

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Não me demorei ao chegar em casa, enquanto digitava uma mensagem para os meus amigos sobre como ficaria ausente para falar com Tom, passei a arrumar o almoço para quando o garoto chegasse. Deixei que Davi lavasse a louça enquanto eu trocava minha roupa por uma mais confortável e checava as redes sociais.

Notei que Lucas havia tirado absolutamente todas as suas fotos de perfil, como se estivesse de luto, mas nada dizia em suas redes sociais além de lamúrias sobre amor verdadeiro que eu não me interessei muito.

O interfone tocou um pouco depois e eu autorizei a entrada de Thomás, esperando por ele na porta. As portas do elevador se abriram e dali surgiu um garoto com a aparência mais leve do que no colégio. Ele usava uma camisa florida e jeans claro que o deixavam extremamente atraente.

Com certeza não fora a Julia Taurina que tinha se encantado por ele. Fora apenas a Julia.

O abracei fortemente e ele logo tratou de selar nossos lábios em um beijo breve, me fazendo esquecer completamente da tensão do assunto que trataríamos ali.

- Tudo bem? Foi fácil chegar aqui? - Quis saber, fechando a porta logo depois dele entrar.

- Foi, muito rápido também. - Peguei sua mão e caminhei com ele até a cozinha. - Você adivinhou meus pensamentos, só passei em casa pra trocar de roupa.

- Eu te esperei pro almoço. - Entreguei um prato para ele e peguei um para mim, tirando a refeição recém preparada.

- Não precisava. - Vi suas maçãs do rosto adquirirem a cor avermelhada e as covinhas surgirem em seu rosto.

Eu quis apertar aquelas bochechas, mas me contive.

- Eu sei, mas quis mesmo assim. - Dei de ombros.

Eu devo ter ouvido ele soltar um suspiro, mas deveria só ter escutado coisas.

Durante o almoço eu mais falei - em boa parte sobre a matéria e o dia letivo -do que ele, que parecia concentrado em comer o mais devagar possível. Aquilo me tirou um pouco do sério, porque eu tive que passar mais tempo do que o necessário sentada na mesa esperando ele finalizar.

Quando ele estava na última garfada, levantei rapidamente e passei a lavar a louça, esperando que ele trouxesse a sua e foi o que ele fez, mas tomando a esponja das minhas mãos.

- O que está fazendo? - Perguntei.

- Estou lavando para você.

Só a possibilidade de perder mais meia hora sem saber o que ele tinha para me dizer já fazia meu almoço voltar para a boca.

- Não se preocupe em ser um cavalheiro. - Desvencilhei minha mão da sua e passei a lavar a louça o mais rapidamente que conseguia, enquanto voltava a distraí-lo. - Como vai passar o feriado?

- Ah, não sei. Acho que minha família vai viajar para o litoral. - Se apoiou na pia e ficou me olhando enquanto eu terminava de desocupar as panelas e as lavava. - E voc...

Não deixei que ele terminasse e já emendei a minha resposta do que eu sabia ser a sua pergunta.

- Eu vou almoçar em casa ou talvez comer em um restaurante de frutos do mar na sexta feira. No domingo passo em casa mesmo, meus avós e tios vem nos visitar ou nós vamos até eles. Na quinta-feira sempre tem a troca de ovos com o pessoal, acredito que Lola vá levar o Davi com ela apenas como companhia, se você quis... - Parei um pouco, olhando na direção de Thomás que me olhava com atenção. Aquilo só me fez sentir ainda mais envergonhada. - Não que nós sejamos como Davi e Lola, você sabe, namorados. Não, quer dizer, estamos longe disso. Certo? Mas poderia ir para me fazer companhia, você quem sa...

Não Acredito Em SignosOnde histórias criam vida. Descubra agora