Eu e Thomás decidimos jantar em algum restaurante próximo da Avenida Paulista e acabamos no Sukiya da Augusta. Já anoitecia quando ele me deixou na porta de casa, beijando meus lábios uma última vez e me acompanhando com o olhar enquanto eu entrava com o enorme buquê em mãos.
Esperava que não tivesse alguém em casa, mas sabia que encontraria meus irmãos ali sem dúvida alguma. De qualquer modo, teria que explicar o que um buquê de rosas vermelhas fazia naquela casa.
Assim que entrei, joguei minha mochila de lado e fui até a cozinha, pretendendo colocar minhas rosas na água. Havia andado com elas durante o dia todo, recebendo olhares e sorrisos, e sabia que devia hidratação à elas. Quando coloquei a última rosa na jarra de suco que servia como vaso improvisado, minha mãe pisou os pés na cozinha.
- De quem é isso? - Perguntou, colocando o avental no corpo ainda com as roupas do trabalho.
- É meu. - Respondi, ainda sem olhá-la e sentindo minhas bochechas corarem.
- Quem te deu? - Sentia a excitação pingando em sua voz, me fazendo ficar ainda mais envergonhada.
- O babaca do Thomás. - Davi entrou na cozinha, indo diretamente para a geladeira e pegando um refrigerante.
- Por que você não cuida da sua vida, Davi? - Semicerrei os olhos na sua direção.
- Porque estou preocupado demais cuidando da minha irmã inconsequente e burra. - Davi bateu o refrigerante na bancada ao seu lado.
- Ei, ei, ei! O que está acontecendo aqui? - Minha mãe se colocou entre nós e olhou para o meu irmão. - Por que estão se tratando assim? Por que chamou sua irmã de inconsequente e burra? Por que chamou o namorado dela de babaca? - E então seu olhar confuso e chateado estava em mim. - O que aconteceu com vocês? Eram tão amigos.
- Pergunte ao seu filho. - Apontei para Davi. - Eu não aguento mais ele me sufocando e jogando na minha cara que eu preciso dele de vez em quando.
Davi apenas abaixou a cabeça, fingindo interesse na tampa do seu refrigerante.
- É isso mesmo, Davi? - Minha mãe perguntou, voltando seu olhar para ele.
- Ele está se mostrando ser igualzinho ao Tuti. - Resmunguei, saindo da cozinha a passos largo. - O que é uma pena, porque o mundo não precisava de outro macho babaca! - Gritei por cima do ombro, chegando ao meu quarto e batendo a porta atrás de mim.
Não entendia se Davi estava passando por problemas no relacionamento ou estava só tentando complicar a nossa relação. Talvez estivesse com ciúmes de Thomás e não soubesse como lidar com aquilo. Querendo ou não, eu era a sua irmã e pelo menos um dos meus irmãos tinha o instinto de querer me proteger, mesmo quando eu não quisesse ser protegida.
Mas eu não iria tentar me acertar enquanto ele não percebesse que estava errado e agindo como um idiota. Enquanto isso não acontecia, eu precisava sair daquela casa ou enlouqueceria.
Comecei a bombardear meus amigos com mensagens sobre o que poderia ser feito naquela sexta feira à noite, mas nenhum deles parecia tentado a sair. Foi então que eu tive uma ideia e um sorriso largo pintou em meu rosto.
Eu: E se eu disser à vocês que temos que comemorar meu início de namoro com Thomás?
Não demorou para Carolina responder com letras exageradamente maiúsculas.
Carol: O QUÊ? COMO A JULIA SAGITARIANA COMEÇOU A NAMORAR? SAGITÁRIO NÃO DEVERIA SER O SIGNO QUE GOSTA DE SAIR? QUE É DO MUNDO? SE TIVESSE DITO ANTES, TERIA FEITO A SEMANA DA DESPEDIDA DE SOLTEIRA DA JULIA. VOCÊ TÁ ME ZOANDO, NÉ? SÓ PODE SER BRINCADEIRA.
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Não Acredito Em Signos
Teen FictionJulia Silva é totalmente cética - como uma boa virginiana com certeza seria. Enquanto seus amigos - e todos à sua volta aparentemente - falam sobre signos, ela desdenha, tacha-os de tolos. Mas ela está prestes a descobrir que vai se tornar uma deles...