15. Gêmeos

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Não demorei a me aprontar pra ir almoçar. Meus pais haviam reservado uma mesa em um restaurante de frutos do mar na Bela Vista. Apesar de não sermos exatamente católicos praticantes, era tradição que na sexta feira santa nós comêssemos peixe.

Continuei deitada na cama enquanto postava uma foto do dia de ontem da troca de ovos, sorrindo ao ver o quanto Thomás parecia feliz. Mas por que eu estava pensando nele? Fechei o aplicativo e passei a interagir nos grupos de conversas antes de ser interrompida pela presença de Davi.

- Oi. - Sorri para o meu irmão que, literalmente, se jogou ao meu lado.

- Queria chamar Lola para passar a Páscoa com a gente. - Davi confessou, se virando para me olhar enquanto eu mesma dava completa atenção ao que ele dizia, deixando o celular de lado.

- E o que te impede? Vocês podem assumir a relação para a nossa família primeiro e então falar com os pais dela. - Dei de ombros.

- Não sei, Ju.

- Eu conheço a Lola e aposto que agora você conhece tão bem quanto eu. Não acredito que seria um empecilho você convidá-la para a nossa reunião de domingo. Inclusive, esse deveria ser o próximo passo desse relacionamento de vocês. Quer dizer, já vai fazer um ano que vocês estão juntos. Já passou da hora. - Fiz uma careta ao final da sentença e vi o garoto pensar sobre o assunto.

- Você não deveria sair desse signo nunca, adoro a Julia faladeira. Ela tem sempre bons conselhos. - Meu irmão brincou e eu acotovelei seu braço.

- Só para os outros, porque a minha própria vida está uma bagunça. - Suspirei, o olhar perdido no teto do meu quarto.

- O que aconteceu? - Me irmão se apoiou no braço para poder me olhar. - O que o Thomás fez?

- O Thomás não fez nada, Davi. Mas que coisa! Que perseguição com o menino. - Revirei os olhos. - O problema é comigo. Acho que estou começando a gostar dele. Mas nós estamos juntos há uma semana. E nem é junto, junto. É só junto. Eu sei que isso pode ser só coisa do meu signo atual e que eu posso me cansar dele no próximo, mas e se eu iludir ele? Ou melhor, e se eu me iludir? Porque eu estou me baseando no signo dele que se apaixona muito fácil, pelo que eu sei. Mas ele pode estar tão próximo por causa do que o Lucas causou na amizade dele com os meninos.

- Julia, respira! - Davi me segurou pelos braços e eu percebi que tinha sentado enquanto iniciava meu monólogo. Esperei ele continuar, pressionando os lábios para não correr o risco de interrompê-lo. - Tudo bem, eu vou te ensinar uma regra que eu sempre segui e deu certo dessa vez. - Franzi o cenho, mas assenti, temendo por iniciar um novo monólogo. - Sempre que eu começava a ficar com uma nova menina, esperava quatro meses. Dentro desses quatro meses, se eu não desse uma mancada ou ela não desse uma mancada, então eu podia dar continuidade no meu sentimento, sem medo.

- E isso só deu certo com Lola? - Meu irmão assentiu e eu pensei um pouco sobre isso. - Mas eu posso ficar com outros garotos então?

- Credo, Julia. Eu não sei o combinado entre vocês. - Meu irmão fez uma careta. - Eu e Lola ficávamos com outras pessoas, sem problemas. Depois dos quatro meses foi que eu nos tornei mais oficial.

- E ela sabe disso? - Ergui uma sobrancelha.

- Não e conto com você para guardar esse segredo. - Piscou para mim e eu só consegui rir da sua reação.

Antes que eu pudesse responder, minha mãe nos interrompeu, dizendo que íamos nos atrasar.

O caminho até o restaurante não foi de muito trânsito como normalmente era naquela região. E a espera não era longa, já que estávamos devidamente reservados. Assim que nos sentamos, senti minha boca salivar com o tanto de opções do cardápio.

Não Acredito Em SignosOnde histórias criam vida. Descubra agora