31. Sagitário

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Depois de devidamente almoçados, decidimos sentar na área externa da casa de Gui.

Fora ali que tudo começou, toda a minha história com Thomás. Me pegava pensando se não seria tudo menos complicado se eu fosse apenas a Julia Virgiana, mas me lembrava rapidamente de que aquela Julia não daria abertura para que novas pessoas entrassem em sua vida, principalmente um novo relacionamento. Não em ano de vestibular e ENEM.

Talvez eu estivesse em uma situação complicada, mas não estava infeliz quando pensava por esse lado e quanto olhava para trás e via o caminho que havia trilhado até ali naqueles dois meses.

- Sabe o que seria uma boa? - Carol perguntou.

- Ensinar a matéria da prova pra Julia? - Gui tentou adivinhar e recebeu um olhar fuzilante da nossa amiga.

- Não. Fazer uma caipirinha refrescante. - Carol lambeu o lábio superior.

- Com certeza isso parece que vai me ajudar a passar na prova de sexta. - Concordei, fazendo todos rirem.

- Vamos, eu te mostro onde estão as bebidas e as frutas. - Gui se levantou, puxando a amiga.

- Como se eu já não soubesse. - Revirou os olhos, indo com o amigo para dentro da casa.

E então estávamos eu e Thomás, completamente sozinhos mais uma vez.

- Pode ir com eles, se quiser. - Thomás murmurou, brincando com seus dedos.

- Eu quero ficar perto de você. - Olhei para o garoto, procurando por seus olhos que nunca encontravam os meus. - Foi por isso que insisti para que você viesse hoje. Não estava sentindo minha falta?

Seu olhar encontrou o meu, uma sobrancelha se erguendo como uma indagação muda.

- Você não?

- Claro que não. - Revirei os olhos. - Pelo amor de Deus, é claro que senti sua falta.

- Então por que foi tão grosseira comigo mais cedo? - Quis saber, desviando seus olhos e fazendo uma expressão sofrida.

Eu só queria pedir para ele parar, mas respirei fundo para não magoar ainda mais os sentimentos do pisciano.

- Só estava te mostrando que não tem porquê criar tanto caso. Pra quê perder tempo complicando tudo quando poderíamos estar usufruindo desse tempo para nos divertir juntos?

Thomás deu de ombros, balançando a cabeça em negação, sem saber o que responder.

- Preferia que eu tivesse mentido para você? Que tivesse escondido uma informação pertinente? - Ergui as sobrancelhas, atraindo o olhar do garoto mais uma vez.

Ele parecia pensativo, procurando um motivo para resistir quando sabia que não havia nenhum. Não havia porquê continuar criando uma barreira entre nós.

- Não.

- Então pronto! - Bati as mãos nas coxas.

- Ainda é muito recente. - Deu de ombros e se levantou. - Acho melhor eu ir andando, fica difícil raciocinar estando tão perto de você.

- É isso o que você quer? Ir embora? - Perguntei e o vi vacilar. Aquela pegunta poderia ser interpretada de tantas maneiras naquele momento que qualquer deslize poderia nos levar à um fim definitivo.

- Não. Sabe que não. - Thomás suspirou profundamente e olhou para o céu acima de nossas cabeças antes de voltar para mim. - Eu só preciso digerir, mas isso não significa que meu sentimento por você tenha diminuído.

Assenti uma vez, mirando minhas próprias mãos.

- Tudo bem. - Murmurei.

- Julia? - Thomás chamou meu nome e sua voz parecia tão próxima que eu me assustei, me virando para ele e encontrando seu rosto próximo do meu.

Não Acredito Em SignosOnde histórias criam vida. Descubra agora