24. Libra

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O dia seguinte passou tranquilamente entre planos para o fim de semana. Matheus não se aproximou, mas não deixou de desejar bom dia - como o próprio Thomás havia feito.

Decidi que almoçaria na casa de Thomás e então conversaria com ele sobre o nosso possível relacionamento. Ele preparou para nós arroz e estrogonofe de frango, e eu não deixei de distribuir elogios ao garoto que teve as bochechas coradas.

Depois do almoço, decidimos ir para o quarto. Não que eu tivesse alguma intenção de fazer qualquer coisa, na verdade estávamos apenas deitados na cama conversando amenidades a princípio.

- Você acha que foi bem nas provas? - Perguntou enquanto me olhava com a cabeça virada para o lado, mas ainda de barriga pra cima.

- Não faço a mínima ideia, mas espero que sim. - Fiz uma careta, deitada na mesma posição que ele.

Ainda me dava um frio na barriga pensar nele com outra garota. Beijando outra garota. Nessa cama com outra garota. Rindo com outra garota. Conversando amenidades com outra garota.

Espantei os pensamentos e voltei a me focar no momento presente, na conquista, no nosso flerte.

- Eu senti sua falta. - Confessei.

- Eu também senti a sua. - O garoto se virou de lado, apoiando o cotovelo em seu travesseiro e a cabeça em sua mão.

- Prove. - Semicerrei os olhos na sua direção.

- Como eu farei isso? Quer que eu faça uma serenata? - O garoto arregalou os olhos e na sua segunda pergunta eu vi mais verdade do que ironia. Ele realmente faria uma serenata por mim.

- Não, pisciano. - Revirei os olhos, rindo da sua inocência. - Assim... - E, sem pensar duas vezes, eu me debrucei sobre ele e beijei seus lábios.

Sabia que eu não faria isso em outros tempos, principalmente se fosse a Julia Virginiana. Eu provavelmente estaria em casa estudando, mas agora eu estava me divertindo de um jeito que jamais imaginei que estaria meses atrás.

Ele logo passou a acariciar minhas costas por cima da blusa, indo com calma e sem ser atrevido. Minha mãos estavam apoiadas ao lado de sua cabeça enquanto eu o beijava com volúpia.

Apesar de não parecer acompanhar meu ritmo, ele estava se esforçando. Suas mãos escorregaram por minha bunda enquanto eu esfregava nossos quadris e sentia seus beijos em meu pescoço. Já havíamos chego naquele estágio antes, três signos atrás, e mesmo assim eu não tinha certeza de que era aquilo que eu queria.

Foi então que eu me lembrei que estava ali com um motivo - e infelizmente não era aquele.

Afastei nossos corpos e me sentei ao seu lado, notando sua expressão confusa enquanto ele erguia o corpo parcialmente, se apoiando no braço direito. Os cabelos estavam desgrenhados e crescidos demais, o que o deixavam mais charmoso.

Foco, Julia!

- O que aconteceu? Fiz algo de errado? Passei dos limites? - A sua preocupação era genuína e aumentava a cada nova pergunta.

Dei um meio sorriso, achando sua atitude fofa. Sentia falta desse respeito e carinho que ele tinha por mim.

- Não foi nada disso. - Assegurei, tocando sua mão e entrelaçando nossos dedos. - Eu só queria falar sobre a nossa relação.

Thomás imediatamente se sentou e pegou minha outra mão com a sua livre, olhando fundo em meus olhos com aquelas esmeraldas brilhantes que eram seus olhos.

- Quer definir o que somos? - Quis saber.

Assenti e engoli em seco, sem saber ao certo como começar definir aquela relação.

Não Acredito Em SignosOnde histórias criam vida. Descubra agora