Tauane Narrando
Me levantei da cama e comecei a me vestir, eu precisava voltar pra casa antes do Ligeiro chegar.
— Já está indo gostosa? – ele perguntou ainda deitado na cama.
— Sim, daqui a pouco o meu marido chega em casa e eu preciso estar lá.– ele riu negando.
— Eu duvido muito que ele vá pra casa agora, o Ligeiro tá lá na minha casa agora.– o Chacal se levantou e começou a vestir a roupa dele.
— Como tu sabe disso ?– ele não me respondeu.— Juliano eu estou falando contigo.– ele me ignorou e foi pro banheiro.
— Meu primo me avisou que ele estava lá, ele chegou com o Talibã.– ele lavou o rosto e depois voltou pro quarto.
— Ele sempre vai lá, não vejo problema nisso.– dei de ombros.
— Mas deveria ver, ainda mais que a Rebecca saiu do quarto.– eu travei no mesmo instante.— Sua cunhadinha consegui tirar ela de lá.– ele pegou as coisas dele.— Obrigado pela foda gostosa, mas agora eu tenho que ir.– ele piscou pra mim e saiu do quarto.
Eu fiquei ali dentro parada por alguns minutos e depois de um tempo eu me levantei, peguei as minhas coisas e fui embora.
No caminho até o Chapadão eu comecei a me lembrar de como tudo começou.
Ser amiga da Jandira e da Thaís me ajudou bastante quando me mudei para o Chapadão, elas eram as minhas únicas amigas que eu tinha. Nós três éramos inseparáveis, até a Rebecca crescer. As meninas protegiam ela de tudo, se alguém implicava com ela. A Jandira e a Thaís sempre pulavam no miolo por ela.
A pobre menina Rebecca, que nunca se meteu em encrenca. Eu tinha ciúmes dela, ainda mais que ela tinha a atenção do Chacal e principalmente do Ligeiro.
Ela teve muita sorte quando ele apareceu antes do Nono ter estuprado ela e por pouco ela não foi morta por ele.
A Rebecca estava no meu caminho, o Chacal sempre teve uma certa obsessão por ela. Eu achava que era coisa de primo protetor, mas aí eu percebi que era muito mais que isso.
Ele surtou quando descobriu que o Ligeiro estava comendo a priminha dele. Como ele descobriu, isso ele nunca me falou.
Mas ele bolou um plano pra separar eles de vez, tudo que eu tinha que fazer era seduzir o Ligeiro. Eu achei estranho ele me pedir pra seduzir o amigo dele, ainda mais que e gente tinha um lance bacana.
Eu fiz o que ele me pediu, consegui levar o Ligeiro pra cama. Eu lembro do olhar de decepção da Rebecca quando ela nos viu entrando no quarto.
Foi divertido, eu confesso e o Ligeiro na cama foi a melhor transa da minha vida. É claro, depois disso eu me apaixonei por ele, eu sabia que ele não ia ficar comigo.
Mas a sorte estava ao meu favor, a Rebecca não queria nada com ele, e começou a andar com o pessoal da igreja.
Ironia não é mesmo, ainda mais morando em terreiro de candomblé.
Um mês se passou, foi aí que minha vida mudou. Descobri que estava grávida, eu tinha certeza que era do Chacal. Mas quando eu falei pra ele, ele mandou jogar na conta do Ligeiro.
Ele falou que assim ele ficaria longe da prima dele, eu não tive outra opção. Quando eu contei pro Ligeiro sobre a gravidez, ele me perguntou milhares de vezes se eu tinha certeza. Mas ele só acreditou mesmo quando eu mostrei o exame.
E foi assim que eu me tornei a primeira dama do morro do Chapadão. Eu sabia que o Ligeiro não seria um homem fiel, eu particularmente não me importava nenhum pouco com isso.
Eu, era a fiel, eu tinha o respeito de todos. Tinha luxo, dinheiro e mordomia.
Mas não tinha mais amigas, porque o chacal ficou bêbedo em uma festa na família dele e acabou falando que armou pra separar o Ligeiro e a Rebecca, a Jandira e a Thaís ficaram com raiva de mim por fazer parte dessa armação e se afastaram de mim.
*****
Pisquei o farol do carro, logo eles liberaram a minha entrada. Por mais que eu quisesse ir até a casa do Chacal, eu sei que eu não sou bem vinda naquela casa.
Fui direto pra casa, deixei o carro estacionado na frente da minha casa, peguei as sacolas de roupas.
Assim que eu entrei em casa o Ligeiro estava descendo as escadas.
— Tu já voltou?– ele respondeu com um aceno e olhou para as sacolas.
— Mais roupas?– ele cruzou os braços.— Tudo bem contigo? Como está indo o tratamento?– ele perguntou, parecendo preocupado.
Eu estou fazendo tratamento pra engravidar, tem uns 7 anos que estamos tentando. E nada!
Depois que fomos morar juntos, o Ligeiro nunca ficava em casa. Estava sempre passando a noite fora, com mulher e muitas vezes enchendo a cara de drogas.
Eu nunca vou esquecer esse dia, foi o pior do da minha vida. Eu lembro que eu acordei com muita dor. Eu estava com uns 7/8 meses. Estava escuro, eu me levantei pra tentar chamar um dos meninos que ficavam fazendo a segurança da casa. Mas eu tropecei no último degrau da escada e caí de barriga no chão.
Eu comecei a sangrar, pra minha sorte um dos seguranças ouviu os gritos e me ajudaram a ir para o UPA.
Mas infelizmente foi tarde demais, meu filho nasceu morto e eu tive uma hemorragia. Em consequência disso, eu nunca mais consegui engravidar. Comecei a fazer o tratamento há dois anos, mas até o momento não tive nenhum resultado. Eu parei de fazer o tratamento e nos dias que eu deveria ir nas consultas, eu me encontro com o Chacal.
— Normal, a médica falou que daqui a dois dias eu entro no meu período fértil.– falei animada.
— Que bom, podemos tentar nesses dias.– ele forçou um sorriso.— A Thaís vai passar uns dias aqui no Chapadão.– eu revirei os olhos.— Ela vai ficar na minha antiga casa, minha mãe também vai ficar por aqui.– ele terminou de falar.
— Que bom que vocês estão se acertando.– forcei um sorriso, eu odeio a família dele.
— Eu vou sair para jantar com elas, quer ir junto?– eu neguei com a cabeça.
— Não estou no clima, amor, tu sabe como eu fico em dia de tratamento.– ele assentiu com a cabeça sem se importar.
Eu subi a escada e entrei no quarto. Deixei as sacolas encima da cama e fui tomar um banho.
Não sei por quanto tempo eu fiquei no banheiro, mas foi o suficiente para o meu corpo relaxar.
Me deitei na cama depois de hidratar o meu corpo, peguei o meu celular e tinha um monte de mensagens do Chacal.
“ Quem não é visto, não é lembrado. Vai perder o posto de fiel do chapadão.”
Ele me mandou uma foto da família dele em uma pizzaria aqui no Chapadão, todo mundo estava lá. Inclusive a Rebecca.
Me levantei rapidinho e vesti uma roupa qualquer, peguei minha moto e fui direto pra pizzaria.
Todos estavam rindo de alguma coisa, mas pararam quando me viram.
— Acho que cheguei em boa hora. Do que vocês estão rindo?
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Entre Nós, o crime 3
Teen FictionRebecca é uma jovem que sonha com o príncipe encantado, mas vivendo no Chapadão esse príncipe nunca apareceu. Até que um dia ela foi salva pelo Ligeiro, no qual ela tinha já uma quedinha. Foi assim que eles engataram em um relacionamento. Ligeiro er...