Rebecca Narrando
É horrível se olhar no espelho e não se reconhecer mais. Hoje eu não tenho nada daquela menina doce e sonhadora que eu era.Ele tirou tudo de mim, tirou o meu sorriso, minha vontade de viver, minha alegria e o que me dói mais, ele tirou o meu filho.
Dói demais olhar pra minha barriga e não sentir mais ele se mexendo, ele era tão pequeno, tão frágil e eu não consegui proteger ele.
Me aproximei da janela e vi as meninas sentadas lá embaixo conversando com a minha vó.
A Thaís sempre foi muito bonita, ela e minha prima sempre chamaram muita atenção pela beleza.
Eu era só um pouquinho mais nova que elas, mas elas me protegiam de tudo.
Era engraçado, eu sinto falta dessa época. Sinto falta de como a vida era mais fácil.
Minhas únicas preocupações era tirar notas boas e fazer com que ele me notasse.
Me deitei na minha cama olhando pro teto, me lembrando da primeira vez que finalmente me notou, eu tinha quinze anos quando ele me salvou.
Flashback on
12 anos atrás...
Eu estava voltando da lanchonete, as meninas tinham ido pro baile, eu nunca gostei de ir para bailes.
Eu entrei em um beco pra cortar e chegar mais rápido em casa, mas isso foi uma péssima decisão.
Eu estava distraída que não percebi que eu estava sendo seguida, só senti alguém me puxando pelo cabelo me jogando no chão.
Eu tentei correr, mas a pessoa me segurou pelas pernas e puxou pra mais perto dele.
— Não dificulta as coisas gatinha, vamos nos divertir um pouco.– eu engoli a seco quando eu ouvi voz do Nono, ele era o de frente do Chapadão, mas mesmo assim eu lutei, foi quando eu senti o primeiro impacto no meu rosto.— É por isso que eu não gosto de pegar mina mais velha, as meninas de nove anos não me deram trabalho.– eu fiquei congelada, então era ele que estava estrupando e matando as crianças daqui do Chapadão.
— Socorro, me solta Nono... por favor não faça isso...– eu comecei a me debater e mais uma vez ele socou a minha cara.
O Nono era um homem de quase dois metros de altura, ele deveria pesar uns 150 quilos, o peso dele estava sobre mim.
Ele rasgou o meu vestido puxou a minha calcinha até arrebentar e enfiou um dedo dentro de mim.
— Apertadinha do jeitinho que eu gosto.– eu mais uma vez tentei fechar a minha perna, me impediu prendendo as minhas pernas com o joelho dele e começou a abrir a calça dele.
Quando eu ouvi o zíper dele abrindo, meu desespero ficou ainda maior.
— SOCORRO... ALGUÉM ME AJUDA PELO AMOR DE DEUS....
Eu chorava desesperadamente, eu achei que ninguém fosse aparecer pra me salvar.
O sorriso dele ao ver o meu desespero me assustava, ele estava feliz em fazer aquilo comigo.
Eu fechei os olhos esperando pelo pior, eu que morreria ali, logo depois que ele se sentisse satisfeito.
Mas, de repente eu ouvi um tiro e logo depois o corpo do Nono caiu por cima de mim.
— Filho da puta.– eu consegui respirar quando ele foi tirado de cima de mim.— Rebecca, sou eu...– eu abri os olhos quando eu ouvi a voz dele.
O homem que visita todas as noites em meus sonhos, ele estava bem ali parado na minha frente.
— Ligeiro...– eu me afastei cobrindo o meu o rosto, eu estava envergonhada dele ver assim. Eu acho que ele percebeu, ele puxou a camisa que ele estava vestido e me entregou.
Logo depois ele virou as costas e foi indo até o Nono estava, ele ainda estava vivo.
— Eu sabia que era tu que estava abusando das meninas daqui, seu filho da puta.– ele chutou a cara do Nono que gemeu de dor.
— Tu... não pode me matar, eu mando nessa porra...– ele falou cuspindo sangue.
— Tu esqueceu como funciona a comunidade, né mesmo?– o Ligeiro abaixou bem próximo ao rosto dele e segurou ele pelo cabelos.— Eu vou te matar e eu não vou precisar de julgamento pra fazer isso.– ele deu uma coronhada na cabeça do Nono que desmaiou, depois ele pegou o radinho dele.— Coe Chacal, cola aqui no beca da 12 com mais dois vapor.– ele olhou por cima da ombro, eu abaixei a cabeça, eu ainda estava assustada e com medo.
Alguns minutos depois os meus primos chegaram junto com o Chacal e mais dois vapor.
— Rebecca...– eles tentaram se aproximar de mim, mas eu me encolhi com medo deles.— Somos nós, seus primos...
— Não se aproximem de mim...– eu comecei a chorar.
— Liga pra tua irmã e manda ela vir pra cá com a Thaís.– eu estava de olhos fechados e só ouvi eles falando.
— O que aconteceu aqui?– ouvi do Juliano perguntando.
— Ele estava tentando abusar dela quando eu cheguei.– o Ligeiro falou, eu estava de olhos fechados, mas eu conseguia sentir ele me olhando.— Leva ele pro barraco...
— Mas Ligeiro, esse aqui é o Nono.– um deles falou.
— GT, tu lembra quando a tua irmãzinha apareceu morta no beco perto da tua casa ?– eu abri os olhos vendo o GT abaixar a cabeça e balançar afirmando.— Foi o Nono quem abusou dela e depois gostou o corpo dela lá, sem vida, exposta pra todo mundo ver.– o Ligeiro falou sem tirar os olhos de mim.— Tem seis meses que estamos atrás de quem estava fazendo isso com as nossas crianças, muitas crianças estão desaparecidas sabe se lá o que esse louco fez com elas.– era visível que ele estava com raiva.— Hoje ele quase fez mais uma vítima e mas hoje eu vou dar um basta nisso.– ele olhou pro GT.— Leva ele e pode dar um trato, mas deixa eu mato esse filho da puta.– os dois vapor saíram arrastando o Nono que ainda estava descorado.
— Rebecca...– a Jandira chegou e veio até onde eu estava e me abraçou.— Está tudo bem, está tudo bem.– ela me apertou forte.— Vamos pra casa, a vovó vai cuidar de você...
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Entre Nós, o crime 3
Novela JuvenilRebecca é uma jovem que sonha com o príncipe encantado, mas vivendo no Chapadão esse príncipe nunca apareceu. Até que um dia ela foi salva pelo Ligeiro, no qual ela tinha já uma quedinha. Foi assim que eles engataram em um relacionamento. Ligeiro er...