Rebecca Narrando
Chegar em casa naquele estado abriu uma ferida em nossa família, minha tia irmã mais nova do meu pai, ela me olhava chorando.
Todos nós sabemos o que havia acontecido com ela há dez anos atrás, diferente de mim, ela não teve ninguém pra ajudar ela.
Na minha família ninguém tocava nesse assunto, nem mesmo quando meses depois ela deu à luz a minha prima Júlia.
Só nós sabemos como foi difícil pra ela aceitar a filha e não a culpamos, ninguém sabe como deve ser difícil pra ela ver a prova viva do pior dia da sua vida.
Mas isso não significa que ela não ame a Júlia.
Meu pai chegou na minha avó algumas horas depois, eu estava deitada já de banho tomado, quando ele abriu a porta e pediu pra entrar.
— Posso entrar minha princesa?– eu só confirmei com a cabeça, ele entrou se sentou na ponta da minha cama, minha madrasta estava parada na porta.
Eu comecei a chorar novamente, por mais que eu soubesse que ele estava morto, eu ainda sentia as mãos deles sobre mim.
— Filha, não fica assim. — meu pai tentou se aproximar mais eu me encolhi na cama.
— Amor... — minha madrasta o chamou.
Meu pai e eu temos um bom convívio, apesar de eu morar com a minha avó desde de bebê, ele sempre foi muito presente na minha vida.
Dizem que o meu pai era um homem sorridente, alegre e feliz com a vida. Mas depois que a minha mãe faleceu ao me dar a luz, ele se fechou pra tudo e pra todos, meu ficou depressivo e foi assim que a minha avó me criou.
Eu tinha dez anos quando o meu pai conheceu a Marlene, ela o ajudou a sair da depressão. Um ano depois eles casaram e hoje moram no asfalto.
Ela é uma boa pessoa, sempre tratou muito bem, ela nunca impediu o meu pai de me ver, pelo contrário, ela que eu fosse morar com eles.
Mas eu já estava tão acostumada a morar aqui no Chapadão, que eu não quis ir morar com eles. Mas sempre estou na casa deles, passo os finais de semana com eles.
— Ela está assustada e com medo.– esqueci de falar que ela é psicopedagoga, isso foi ótimo pra ajudar o meu pai.— Ela precisa de um tempo, o que ela passou foi traumático demais.– meu pai bufou irritado, eu o conhecia o bastante pra saber que ele estava quase explodindo.
Ele se levantou e saiu do meu quarto, ouvi a porta sendo fechada e só assim que eu consegui me sentir aliviada.
Não foi fácil superar o que eu passei, eu fiquei dias sem sair de casa.
Eu estava com medo de encontrar com ele na rua, mesmo que o Ligeiro tivesse garantido que iria matar, eu sei que o Nono tem grandes influências dentro da Facção.
Então eu só consegui me sentir segura quando os meus primos me garantiram que ele estava morto.
— Se tem uma coisa que a Facção abomina mais que x9, é estrupador.– o Chacal falou com raiva.— Porra quando o Ligeiro mostrou os vídeos que ele tinha guardado no notebook, caralho é de embrulhar o estômago.– ele fez uma cara de nojo.
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Entre Nós, o crime 3
Novela JuvenilRebecca é uma jovem que sonha com o príncipe encantado, mas vivendo no Chapadão esse príncipe nunca apareceu. Até que um dia ela foi salva pelo Ligeiro, no qual ela tinha já uma quedinha. Foi assim que eles engataram em um relacionamento. Ligeiro er...