Depois de cerca de uma hora de viagem, chegamos no centro de Lyon. Paguei o taxista e começamos a andar pelas ruas levemente cobertas por neve. Lorenzo não estava acostumado com aquele clima frio, então tivemos que ir a uma loja comprar algumas roupas. Comprei um casaco para ele, que ficou muito bom diga-se passagem. Confesso que não conhecia a cidade muito bem, mas quando se está em uma cidade francesa, existem dois tipos de lugar que não se pode deixar de ir: Igrejas e cafés. Disse aos dois que iriamos comer alguns croissants, ambos me encararam com um olhar de dúvida. Lorenzo questionou:
- Luke, não poderíamos ir comer algo mais comum.
- Você está na França, isso é comum aqui. Não se preocupe, garanto que vocês irão gostar.
Entramos então na primeira cafeteria que vimos. Pedi para todos a mesma coisa: croissant e café. Kristofer e Lorenzo comeram rapidamente, e disseram que queria mais um pouco. Dei uma risada da cara dos dois de cão faminto, mas disse a eles que tinha outra sugestão:
- Agora que vocês já estão satisfeitos, devem partir para a sobremesa.
Pedi ao garçom que trouxesse dois énclairs de chocolate e um de frutas vermelhas para mim. E disse aos dois:
- Senhores, apresento-lhes um dos manjares da confeitaria francesa. Este é o sabor tradicional, chocolate e baunilha. Espero que gostem.
E eles se deliciaram. Depois que eles terminaram, pedi a conta e voltamos a andar pelas ruas de Lyon. Durante o caminho, Kristofer comentou:
- Isso é incrível. Estamos em um lugar desconhecido, desacompanhados, e sem saber falar francês, sendo guiados pelo Luccarius. Essa é uma das melhores experiências da minha vida.
- Concordo plenamente com você, Kristofer. Nunca pensei que faria uma loucura dessas. O melhor disso tudo é ver o Luke falando em francês e ficar na esperança de que ele não está nos levando para o mal caminho. - Disse Lorenzo terminando sua frase com uma gargalhada.
Fiquei surpreso com aquilo. Nunca tinha visto os dois daquela maneira. Vestidos com roupas normais, andando como garotos normais, e principalmente, substituindo suas feições generalistas por largos sorrisos. Depois do fim das risadas, Lorenzo perguntou:
- Você já veio muitas vezes em Lyon, Luke?
- Não. Na verdade, essa é a minha primeira vez.
Os sorrisos deram logo lugar a um olhar de preocupação. Mas disse a eles para manterem a calma, pois eu sempre me informava bem antes de ir a qualquer lugar. Não pareceu ter muito efeito, mas caminhamos até o hotel que eu tinha feito a reserva.
Entramos em nosso quarto e cada um escolheu sua respectiva cama. Pedi ao camareiro que acendesse a lareira. A janela do nosso quarto dava uma vista privilegiada para o rio Ródano. Pus algumas roupas no armário e disse aos dois que ia tomar um banho quente. Lorenzo disse que faria o mesmo quando eu terminasse. Kristofer disse apenas que iria ver televisão. Essa era uma das coisas que eu mais odiava no inverno: ter que usar três camadas de roupa. Após passar por essa jornada, tomei um banho rápido e fui para minha cama apenas de toalha. Assim que saí, Lorenzo entra no banheiro, só que ao contrário de mim, ele tirou duas camadas de roupa antes de entrar no banheiro (inteligência que eu não tive). Kristofer havia desligado a televisão, já que tudo estava em francês. Tentei puxar conversa com ele, mas ele evitava olhar no meu rosto. Lorenzo saiu do banheiro só de toalha também, e percebi que Kristofer ficou mais desconfortável ainda. E por fim, ele resolveu ir tomar banho também.
Comentei aquilo com o Lorenzo, e perguntei se ele sabia de alguma coisa. Ele comentou que Kristofer ficava da mesma forma quando ele precisava trocar de roupa na sua frente. Sabendo daquilo, sugeri que nós dois se vestíssemos antes que ele saísse do banheiro. Prontamente pus uma roupa, e emprestei uma para Lorenzo dormir. Lorenzo me desejou boa noite e logo caiu no sono. Kristofer saiu logo em seguida, também de toalha, com o rosto muito vermelho e me perguntou se eu podia pegar a mala dele. Apenas peguei a mala e entreguei. Antes de me deitar, conversei rapidamente com Kristofer:
- Olha, peço desculpas por sair do banheiro daquela maneira. Caso você se sinta incomodado com alguma coisa, basta me dizer.
- Não precisa disso, Luccarius. Não me incomodo de você ficar a vontade no quarto, afinal de contas, você está pagando e isso é direito seu. Não seria justo.
- Se não tiver problemas, tudo bem. Mas não esqueça do que eu lhe disse. - Terminei desejando uma boa noite e dei um leve soco em seu peito. Ele sorriu e se deitou.
O dia amanhece e saímos para andar pela cidade. Comprei uma câmera para tirar fotos dos dois, para que eles tivessem algum registro do passeio. Passamos por alguns museus, fizemos passeios de barcos pelos rios Saône e Ródano e terminamos o passeio visitando a Basilique Notre-Dame de Fourvière. Ficamos um bom tempo admirando a igreja e a vista privilegiada que tínhamos da cidade. Passei um bom tempo livre de todas as preocupações, até sentir um maldito calafrio que era meu sensor de coisa errada.
Pedi aos meninos que ficassem alerta. E logo minha suspeita tornou-se certeza. Três estátuas de anjos nos atacaram de surpresa e levaram Kristofer voando até o campanário da basílica, onde a imagem dourada da virgem Maria preparava uma esfera de energia negra, pronta para nos atacar.
O que será de Kristofer agora?
CAPÍTULO XXI - OPERAÇÃO RESGATE
VOCÊ ESTÁ LENDO
ORIGEM DOS ELEMENTOS - JORNADA DA ÁGUA
PertualanganNarração da história de um monarca mimado, que descobriu que tinha um poder que iria ser a salvação ou ruína do mundo. Esta decisão não iria interferir apenas em sua existência, mas em várias outras.