Surprise

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Fazia uma semana que eu estava em Pain, e eu não desgrudava do meu telefone, minha mãe ainda não tinha ligado para dizer se eu tinha alguma resposta da carta que eu mandei no fim de semana – já devia ter chegado! –, será que Cato ficou com muita raiva de mim e preferiu não m responder? Ohh droga, ohh droga! Eu escrevi aquela carta com meu sangue! (*não se assustem, a expressão é tipo “foi uma escrita difícil, eu não sabia as palavras q seriam certas”)

Cato,

Me perdoe por eu ter ido embora assim, eu só fiquei assustada eu ainda tenho medo do futuro, mesmo que ele não reserve coisas assustadoras como novos jogos. Eu ainda tenho medo do quanto eu te amo, do quanto eu sofreria se te perdesse, Cato, eu não quero sofrer, não quero me machucar, ficando longe de você eu estou me machucando, mas é uma ferida muito menor ao que seria se eu te perdesse.

Cato, você me ama não? Então se você quiser me esquecer, eu vou entender, eu sei que estou te fazendo sofrer, eu sei que você também está machucado, mas eu ainda não posso Cato, eu ainda não sei o que fazer, é como se eu estivesse em algum lugar precisando de algo e esse algo nunca viesse, eu preciso descobrir isso sozinha, eu preciso encontrar a raiz dos meus medos e os cortar, para poder voltar para você.

Ei Cato, eu estou com saudades, se você não me responder eu vou entender, porque eu te amo.

Clove.

***

Quando eu recebi aquela carta, uma bomba atômica explodiu na minha cabeça, liguei para Kriss e exigi o endereço pra ontem, se Clove queria ficar sozinha, ela teria que arrumar guarda costas e morar no topo de uma montanha, porque eu nunca a deixaria.

Liguei para Rocco depois de conseguir o que queria de Kriss, com muito custo, e o avisei para começar os preparativos, dentro de 4 dias nós estaríamos em um aero indo em direção a Eros!

***

Trabalhar no café de Annette não era difícil, mas também não era fácil! O que me salvava era que os clientes pareciam que esbanjavam amor onde passavam, se eu esquecesse algum pedido eles faziam de novo, se eu errasse algo eles não ligavam muito, estavam sempre sorrindo, o povo era zen, muito zen ali em Eros.

Chloe me ajudava, isso quando não estava encarando Emmett, eu já estou com um pouco de pena dele, ele está meio que pronto para correr uma maratona se precisar fugir dela, ao mesmo tempo que parece que pode resistir a ficar ali sendo encarado por horas. – não entendo esses dois! – Chloe era uma menina moleque extremamente fofa, ela me explicou o porquê de gostar de se vestir assim, alguns anos atrás, quando seu pai ainda era vivo, existiam lutas onde garotas não podiam entrar, e ela queria ver, logo se vestir de menino veio a calhar, apesar de hoje as lutas serem liberadas ela se acostumou com as roupas, “- São mais confortáveis, além do mais os meninos não me enchem o saco por pensar que eu também sou um”.

O café estava quase vazio agora, Emmett não estava fazendo nada, espera, ele não fez nada desde que veio pra cá, preguiçoso. Chloe estava com uma revista na mão disfarçando muito mal o olhar predador que tinha sobre Emmett, e ele estava meio encolhido fuçando o celular e olhando “sutilmente” para que a qualquer sinal de ataque ele fugisse, enquanto eu estava prestes a rir, cutuquei Chloe que saiu do seu transe.

- Chloe, porque você fica encarando o Emmett. – inconscientemente eu estava fazendo uma dancinha com as sobrancelhas e uma cara perversa. Chloe começou a coçar seu cabelo curto e ficar corada. – OMG, você gosta dele?

- Quê? Não, eu o conheço a o quê, uma semana? Alem do mais ele nem fala comigo direito.

- Sei, sei, talvez ele falasse, se você parasse de o fuzilar com os olhos. – ela arregalou os olhos e deixou o queixo cair um pouco.

- Tá tão na cara assim que eu fico olhando pra ele? – assenti. – Ohhh merda, será que ele percebeu? – assenti. – Dá licença, vou entrar no freezer, me tire de lá quando eu morrer ok? – ela fez que ia andar para a cozinha e eu a segurei rindo.

- Olha, o Emmett é meu amigo, eu não sei o tipo dele, mas você literalmente faz o meu tipo de “namorada perfeita pro meu amigo”, você tem meu ponto. – fiz um joinha pra ela, nisso a sineta da porta tocou e um casal de namorados entrou, na mesma hora eu fiz uma cara de desprezo.

- Problemas no paraíso? – Chloe riu enquanto foi atender o casal, que agora estava se engolindo. Instantaneamente eu estava pensando em Cato, não que nós ficássemos se engolindo como aqueles dois ali – deus isso ali é normal mesmo? –, meu celular tocou, no visor: número desconhecido, mensagem (1), abri a mensagem.

Hey, pronta para me ver?

Eu: ’Se eu soubesse quem é vc

Oh deus, 1 semana e alguns dias foi o suficiente pra me esquecer?

De repente eu gelei, antes que eu pudesse digitar algo de volta, outra mensagem chegou.

                ‘Estou te esperando na entrada, apareça!’

Antes que minha mente pudesse formular o ‘não’, meu corpo se moveu para a porta e atrás de mim a porta se abri de novo e Céci saiu também.

- Céci, o que foi?

- Mensagem... aqui fora.. encontrar... ai meu deus. – ela estava ofegante, algo me diz que desceu as escadas correndo.

- Tá tá. Eu também recebi umas mensagens estranhas.

- O quê? – Céci estava meio avoada, arrumando o cabelo e desamassando seu pijama – sim, desde que ela chegou ela fica lá em cima de pijama olhando pra torre Eros e comendo doces.

- Céci! – ouvi alguém chamar atrás de nós e Céci se virou, assim que ela viu Rocco ela deu um passo para frente, mas então parou e começou a andar a passos pesados de volta para o café, Rocco foi atrás e a segurou e então começou o clichê estilo filme mudo, já que eu estava meio longe: Rocco segurou o pulso de Céci e a puxou para si, ela bateu no peito dele, ele murmurou algo, ela suavizou a expressão, se beijaram e Céci o puxou para dentro do café – se eu soubesse que ia ser assim eu teria estourado uma pipoca antes de sair poxa.

Depois da cena eu ainda estava parada ali no meio da viela, Rocco deve ter se confundido e mandado a mensagem pro meu número também? Eu estava a ponto de chorar, eu não devia estar esperando ele, mas todos os dias, eu tinha acabado de me dar conta, todos os dias, desde que eu acordei naquele quarto branco gritando, eu o esperava, como eu o esperei na cornucópia, como eu vou o esperar pra sempre, ele que é a raiz dos meus problemas e a solução pra todos.

- Cato... – involuntariamente as lagrimas desciam, enquanto eu sentia meu coração partir no meu peito.

***

Eu deixei Rocco fazer a cena dele, foi hilário, de onde eu estava pareceu um filme mudo, logo depois que eles entraram eu vi Clove, ela tinha uma mão apertando o coração e foi quando ela falou meu nome que eu percebi que já tinha a torturado demais por não aparecer de uma vez.

- Acho que sou eu? – ela se virou e sorriu por sobre as lágrimas, abri os braços e ela correu para se colocar entre eles enquanto eu a abraçava e beijava o topo da sua cabeça. – Desculpe te fazer esperar, Rocco é persuasivo demais.

- Você me fez esperar um pouco, enquanto eu fugi para o outro lado do oceano, estamos quites, idiota gigante!

- Sim, estamos quites. – calei-a com um beijo, e não sei quanto tempo passou ali, mas eu queria que o tempo parasse, para ela nunca mais fugir de mim.

Cartas para você - Cato e CloveOnde histórias criam vida. Descubra agora