A mais discreta das loucuras

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<< P.S.: O título vem de um verso de Shakespere, de Romeu e Julieta: "O que mais é o amor? A mais discreta das loucuras, fel que sufoca, docura que preserva." >>

Eu não me lembro de ter caído no sono, eu apenas me lembro de Cato me abraçando e respirando na minha nuca, do calor agradável que era ter pele com pele, e de tê-lo ao meu lado; agora que eu acordei por um momento eu me senti constrangida, mas depois de ver o rosto feliz do meu amado, tudo se desfez em felicidade, acordar ao lado dele, eu queria isso pra sempre. Acho que me mexi, porque ele abriu os olhos vagarosamente e me presenteou com um sorriso, seguido por um selinho e eu sorri tão abertamente que me escondi na curva do seu pescoço.

– Bom dia. – ele falou, naquela voz rouca de inicio de manhã, e bocejou – Queria poder acordar assim todo dia.

Apoiei-me nos cotovelos e o encarei zombeira enquanto ele sorria para mim.

– Se você não lembra, você fez um pedido que de brinde ganha o poder de acordar todos os dias do meu lado senhor.

– Ah é? E o que mais eu ganho de brinde? – ele me encarou, um sorriso nos lábios e divertimento brilhando nos olhos.

– Talvez um título? Marido... – aquela palavra, dita em voz alta fez tudo se tornar tão concreto, o pedido, o meu amor por ele... minha vontade de chamá-lo assim, sorri.

– Gostei muito desse título, mas ainda prefiro saber que ganhei você. – ele me puxou nos seus braços e ficamos ali, deitados juntos vendo o tempo passar, adormecemos.

***

Quando acordei novamente, ela ainda estava ali, o rosto despreocupado e relaxado, dormindo serenamente. Mais cedo quando conversamos por um momento eu achei que deveria estar sonhando, ou tendo um pesadelo, me senti como eu tinha me sentindo ao vê-la no trem sorrindo enquanto nosso mentor discutia estratégias e assentindo a elas, ela era minha aliada,mas haveria o momento onde eu teria que matá-la, ou deixá-la morrer, e mesmo assim aqueles olhos familiares não me deixavam em paz, não conseguia imaginar ter que matá-la,preferia estar apenas longe quando acontecesse, e aconteceu, exatamente como eu queria, e doeu mais do que imaginei. Clove se mexeu e por fim abriu os olhos, me encarando.

– Bom dia. – sorriu grogue – O que foi? – de repente ela estava desperta.

– Ah, nada por quê? – ela fez careta, linda.

– Você estava com uma ruga bem aqui – ela colocou o dedo no meio das minhas sobrancelhas -, isso não significa algo? – como ela era desconfiada meu deus.

– Não, nada, eu só estava pensando aqui. – ergueu uma sobrancelha e me encarou.

– Pensando? – assenti – Pensando em quê?

***

Ele hesitou em responder, então sorriu de lado descaradamente.

– Se vai ser muito difícil te tirar do vestido de noiva. – tentei parecer ofendida, mas falhei miseravelmente e ri.

– Oh deus, se você rasgar o vestido que eu usar eu te matarei.

– Quem falou em rasgar? A única aqui que passou no teste de rasgar roupas foi você, minha blusa testemunharia se não fosse a vítima. – olhei a blusa jogada no chão, fiz bico.

– Culpa de todos aqueles botões, se eles saíssem mais fácil... – dei de ombros.

– Ah é? A culpa é dos botões? – ele se colocou sobre mim, cada braço apoiado de um lado da minha cabeça, assenti – Então quer dizer que depois que casarmos eu terei que andar dentro de casa sem camisa para elas não correrem riscos? – ri e assenti novamente – Meu deus, como eu amo você garota.

Cartas para você - Cato e CloveOnde histórias criam vida. Descubra agora