Acreditando no impossível

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Acordei com um gosto horrível de terra e sangue na boca. Olhei para meu corpo e me surpreendi ao constatar que estava nua.

Me levantei bruscamente e olhei ao meu redor. O lugar estava escuro, mas me adaptei facilmente ao ambiente. Foi estranho.

Só havia uma cama e uma cadeira de madeira no lugar. As paredes, era feita com um tipo de pedra que nunca vi antes; negras. Fui andando mais até senti um puxão forte em meus pés.

— O que é isso? — vociferei — tire já isso de mim!!

Não sabia para quem era a minha ordem, mas havia mais alguém ali. Por mais que eu não conseguisse ver eu sentia.

— Ela acordou, venha.

Ouvi uma voz masculina avisar. Não tinha ideia de onde eu estava, tentei procurar medo dentro de mim, porém ele não veio. Nunca me senti tão forte em toda a minha vida.

Alguns minutos depois, senti mais uma presença no cômodo. Ergui minha postura e esperei ambos se aproximarem.

— Você acordou...

— Hans, é você? — ele saiu de trás de uma parede e aí eu tive certeza que era ele. — Me solte! O que fez comigo?

— Calma, vou explicar.

— Antes ME SOLTE! — gritei.

— Eu não posso, Lina, você vai entender. Só peço que tenha calma e deixe eu explicar.

Eu não acreditava que qualquer que fosse sua explicação me acalmaria no momento. Droga, ele prendeu os meus dois pés com correntes. Que tipo de explicação teria isso?

Assenti e me sentei na cadeira de madeira atrás de mim. Fiquei em silêncio só esperando ele se aproximar, mas não foi isso que fez. Ele entrou só o suficiente para ficar na minha linha de visão.

— Não posso me aproximar mais do que isso. Corre o risco de você me atacar novamente.

— O quê?? — levantei — eu nunca te atacaria seu idiota. — Pronunciei com convicção.

Ele pareceu relaxar por um momento. Parece estranho mais consegui sentir o cheiro.

— Não por querer, mas por instinto — suspirou —, Olha Lina, eu sinto muito. Não fiz isso de propósito.

— As algemas de ferro? — ironizei—, que tipo de lugar é esse? Me trouxe na era medieval? Explica porra!

— Lina... sente-se, por favor. — Fiz o que ele pediu. E tentei controlar mais os meus nervos. — Você é um perigo agora, ao menos até conseguir se controlar. Qualquer cheiro de medo ou sentir que está sendo ameaçada seu único instinto é o ataque.

Dei um sorriso nervoso: — Você esta louco? Que tipo de conversa é essa? Ai, meu Deus, você é louco mesmo, não é? Isso explica a corrente. Como não percebi isso antes, caramba...

— Eu não sou louco, Lina — minha cara deve estar expressando toda a minha incredulidade porque ele começou a ficar irritado —, EU NÃO SOU LOUCO! E você tem que começar a me ouvir de verdade se quiser controlar seus instintos. — Bufei e dei de ombros. Deixando-o ainda mais frustrado. — Tobias, por favor, fale com ela.

Me virei para o local onde vinha a outra presença e senti um impacto assim que ele se aproximou.

— Eu devia deixa-lo fazer isso sozinho.Tudo isso é culpa sua — Hans abaixou a cabeça e murmurou uma concordância me deixando boquiaberta— Saia, me deixa a sós com ela.

Foi exatamente que ele fez depois de me dar um olhar cauteloso.

— Vou direto ao ponto, você é uma loba. E, pelo que aquele idiota disse, uma Barushivask. O que até agora eu não entendo. Olha para você... — apontou em minha direção com indiferença — frágil. Fraca. Sem forças.

— Você poderia ter parado em frágil esta palavra já dá um sinônimo para o restante. — Ironizei—, então agora eu entendi, vocês dois são loucos? — ri com deboche.

O grandalhão não gostou nada do que eu falei, porém, não falou nada. Não que precisasse, pois, seu olhar assassino já falava por si.

Estava obvio que o que eu falei tinha despertado uma raiva descomunal no homem, por isso, me surpreendi quando bem lentamente começou a si despedir na minha frente.

— Talvez você acredite nisso — rugiu.

Foi muito rápido, mal tive tempo de piscar, quando ele se transformou em um enorme Cão preto de olhos vermelhos fúlgidos.

Peguei a cadeira e coloquei na minha frente.

Não sabia se isso iria adiantar de alguma coisa, mas, em todo caso, não custava nada tentar.

Observei o Cão com cautela e comecei a me afastar. Talvez eu encontrasse algo que me fizesse lutar com ele, já que não podia fugir por conta das benditas correntes. Talvez fosse por isso... senti um frio na barriga assim que consegui entender o motivo delas. Não credito, eu? Droga, porque não escolheram alguém mais rechonchuda para servir de refeição.

— Sou muito magrinha para você... — Tentei argumentar — Volte e procure alguém com mais carne. No mínimo eu te daria indigestão.

De nada adiantou minhas palavras, porque o Cão ou lobo. Não sei. Ainda continuava se aproximando.

Peça-o que pare ouvi uma voz em minha mente. Parecia tão real como se estivesse sussurrando em meu ouvido.

— Pare... — murmurei obedecendo a voz — Pare. —, voltei a repetir.

Era como se eu estivesse mandando essa parede se mover. Inútil.

Acredite em suas palavras, seja firme, encontre sua força. A voz continuava a sussurrar. Por um momento achei que ela fosse uma presença física ao meu lado.

— Pare!! — exclamei um pouco mais alto. O lobo não recuou, mas senti uma certa hesitação.

Fechei meus olhos e fiz o que a voz pediu. Busquei uma força em mim, quando voltei a abri-los me senti diferente. Forte. Como se nada pudesse passar por mim. Dei um passo a frente em direção a ele e foquei em seus olhos cor de sangue. Nem por um momento o medo veio, meu corpo transbordava força e poder.

Me senti única, VIVA, e com um rugido interno eu voltei a falar:

— PARE. — Senti o peso das minhas palavras assim que vi o lobo recuar e grunhir. — Pare, afaste-se, AGORA!

Como se eu tivesse o amansando, ele se curvou colocando seu focinho no chão. Fiquei hipnotizada com a cena, completamente em transe.

E, na mesma rapidez que se transformou em lobo sua forma humana veio. Relevando o homem forte e audaz de agora a pouco, rendido aos meus pés. 

LINAOnde histórias criam vida. Descubra agora