Olhe para mim

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Senti um misto de pavor e vergonha enquanto seguia com Gabriel para o centro do ritual. Onde já estavam todos reunidos em casais, nus, só esperando por nós.

A situação era de longe uma das mais entranhas que já passei. Não só por ser caçada em uma mata em forma de loba, mas por ter que fazer sexo ao ar livre com um monte de olhos observando.

Mas, prometi que hoje eu tentaria. Que seria condescendente aos seus costumes, que agora, também seriam meus. Já que sou um deles.

Enrubescida da cabeça aos pés, fiquei ao lado do Gabriel o tempo todo. Como uma rocha humana, serviria facilmente de escudo para as minhas paranoias.

Queria eu ter a expressão feliz e iluminada das mulheres em volta, seria bem menos constrangedor.

— Lina... — Sussurrou Gabriel me agarrando senti o seu corpo colar ao meu. — Estou sentindo o seu cheiro, fique calma.

Revirei os olhos.

— Estou tentando.

Os casais focaram seus olhos em mim, evidenciando o que Gabriel acabou de dizer.

— Obrigada por esperarem — Gabriel disse enquanto entravamos no círculo, perto do fogo, sem me soltar nem um minuto. — Minha companheira é uma loba muito vertiginosa. — Todos riram. Ok, eu meio que não entendi a piada. — Aprendemos ao longo de nossas vidas que a única coisa capaz de nos deixar indefesos, fracos, é quando machucam quem amamos. Somos feras, bestas, mas a parceria veio para nos tornar cada vez mais humanos. Para que essa fera destemida e mortal que abita em nós, não nos tome por completo. Uma vez presenciei uma loba perder seu parceiro... — pausou com uma emoção na voz que me obrigou a olha-lo. Seus olhos estavam marejados. Algo que eu nunca tinha visto antes— Ela passou quase um século vagando pela a mata em sua forma loba, insana, por fim definhou e morreu. O que eu quero dizer com isso é que, hoje, na presença do nosso clã, nos tornaremos mais fracos e mais fortes. Um peso único. — Me surpreendi com vários uivos ensurdecedores em resposta. Olhos brilhantes. O poder emergindo dos oitos casais. Conseguia sentir. Era uma sensação indescritível. — Comecem... — Gabriel ordenou por fim, quando o barulho dos ouvis cessou.

Houve um momento de confusão até que eu percebesse exatamente o que ele havia ordenado.

Os machos puxaram suas fêmeas bruscamente, parecia bonecas em suas grandes mãos. Não teve resistência de nenhuma delas, pelo contrário, estavam todas absortas de desejos.

Corri meus olhos por cada casal. Acompanhando cada entrega, mãos passando por seus corpos de maneira rude. Estocadas violentas. Puxões de cabelos como rédeas curtas em suas direções. Parecia que eu estava em uma reunião sadomasoquistas, onde as mulheres eram as submissas.

— Lina... — a voz de Gabriel bateu como um chicote violento em meus ouvidos. Estava grossa. Um timbre que ele nunca alcançou antes, ao menos não comigo. — Olhe para mim... — mandou me puxando para o seu campo de visão. Segurou meu rosto com ambas às mãos de maneira firme, prendendo meu olhar com o seu. Os olhos dele estavam de dá medo, refletindo toda a sua lubricidade. — Olhe apenas para mim. — Voltou a ordenar. Não era como das outras vezes onde a resposta estava na ponta da língua. Dessa vez era diferente, era como se ele tivesse o controle completo do meu corpo. Da minha mente. Me hipnotizando completamente. — Sei que de inicio tudo isso pode causar medo, mas não se apegue aos detalhes. Lembra quando me vendou e tomou o meu corpo?

— Sim... — murmurei com muita força. Ele riu diabolicamente, sabendo o efeito que estava causando em mim.

— Então feche os olhos. — pediu. Quando viu que nossa guerra de olhos famintos estavam longe de terem um fim, ele voltou a pedir. — Feche-os. E só os abra quando eu mandar. Entendeu? — Balancei com a cabeça embriagada. Era assim que eu me sentia; embriagada com seu comando. Não tinha voz dentro de mim, e pela primeira vez, me senti realmente livre. Uma liberdade diferente, como se ele estivesse tomado toda a minha carga de decisões para si e me tornado livre apenas para sentir. — Vire-se. — Virei. Ficando de costas para ele. A ansiedade varreu meu corpo lentamente enquanto o vento soprava em meu corpo nu, sem saber o que podia vir a seguir. — Você sabe o por quê dos desenhos em seu corpo, Lina? — Balancei a cabeça em negativa — São feitas por videntes. Elas expressão através de desenhos o seu futuro, e por isso, são feitas hoje. Porque hoje.... — Soprou seu hálito quente em meu pescoço. Arrepiei todos os cabelos do meu corpo, inclinando mais de encontro a seus lábios. — O seu futuro se unirá ao meu. Não haverá um amanhã sem mim, sem nós, sem esse amor que nos toma loucamente. — Arfei. Gabriel nem tinha tocado em mim ainda, mas eu sentia as suas palavras como caricia em meu corpo. Era uma sensação insanamente perfeita. — Então doce Lina... — passou sua mão por minha nuca e pegou meu cabelo bruscamente — Quando eu pegar o seu cabelo assim.... — forçou o moi de fios em suas mãos. Gemi alto. Um misto de dor se misturando ao prazer — Pense que eu estou acariciando-o, passando meus dedos delicadamente em cada fio. E quando eu a pegá-la assim.... — me agarrou com sua outra mão e grudou contra seu, suas mãos cravando tão fundo em meus quadris que tive a impressão que iam perfurar minha pele. Sentia seu pênis martelar em minha bunda. Aquilo o deixava excitado, como rocha, e confesso que comigo não estava sendo diferente. — Pense que eu estou passando minhas mãos em seu corpo, venerando-o demoradamente enquanto você se desfaz. — Puta que pariu! — E quando eu .... — me penetrou sem aviso e tão fundo que ele foi obrigado a me segurar para que eu não caísse. — Me fundir a você. Pense que minhas estocadas são vagarosas.... — Tirou de dentro de mim e voltou colocando-o todo de uma vez. Dessa vez meu corpo estava preparado para recebe-lo, atingi o ápice da sanidade enquanto suas investidas se tornavam cada vez mais bruscas. Gabriel não voltou a falar, dessa vez a única coisa que eu conseguia ouvir era o som dos nossos corpos batendo um de encontro ao outro.

Pá! Pá! ..... o som cada vez mais alto.

AQUILO ERA A PORRA DO PARAISO.

Gabriel nos jogou no chão. Não tive tempo de prever seus movimentos, por que estava completamente perdida em nosso ritmo. Senti a areia roçar em minha pele, mas esqueci dela no exato momento em que ele veio por cima e abocanhou os meus seios. Viajei na sucção dos seus lábios, da mordida em meu bico, do puxão dos seus dedos, tudo isso enquanto me comia severamente. Sim. Era exatamente isso que ele estava fazendo comigo: comendo. Não era sexo, isso soaria até simplista para expressar o momento. Ele estava me devorando barbaramente como um animal. Aquilo era o seu lobo, conseguia ouvi-lo rugir como um animal sedento e incontrolável.

Gritei alto. Teve momento que senti minha loba uivar. O prazer parecia não ter fim e tudo estava dolorosamente maravilhoso para acabar.

— Está sentindo? — perguntou entre um fôlego e outro. Me concentrei em sua pergunta, tentando entender o que ela significava. — Você sente o que eu sinto?

— Sim. — Respondi. Era uma entrega brutal de sensações e sentimentos. Nunca me senti tão vulnerável e forte ao mesmo tempo, parecia que eu tinha o poder dos mundos nas mãos. Pelo simples fato de o ter dentro de mim. Eu queria isso, muito, muito e muito mais.... — Me fode Gabriel. Me fode com a porra da sua força, me mostra como sua fera pode ser cruel.

Gabriel arqueou o corpo e descolou do meu, estranhei o movimento e abri os olhos. Foi o tempo de vê-lo em sua forma mais bestial. Uivou com a capacidade de ensurdecer qualquer humano. Logo o coro de uivos o acompanhou, todos os machos em suas melhores formas.

MAGICO!

Essa era a palavra para descrever o momento.

Assim que o silencio reinou, Gabriel voltou a me encarar. Dessa vez ele não me pediu para fechar os olhos. O que foi ótimo, já que não era a minha intenção perder o momento em que finalmente ele se perdesse dentro de mim.

— Você fica deliciosamente sexy sendo dócil, Liebe.

Franzi o cenho.

— Você fica deliciosamente sexy calado e dentro de mim.

Ele gargalhou alto.

Homem maravilhoso, era isso que se passava em mente enquanto ele voltava a se enterrar dentro de mim.

O fato dele não ter me beijado nem uma vez não me incomodou, por que entre uma chupada e outra em meu corpo, nossos olhares se cruzavam; e era nesse momento que eu me sentia amada. Seu olhar era contemplativo e apaixonado, e mesmo sendo brutal, a suavidade deles me acalentava. Nunca me senti tão amada na vida.

Gabriel desceu a mão pelo meu quadril e pousou em meu sexo, abriu meus lábios inchados e chorosos e brincou com seus dedos, primeiro ele colocou apenas um, depois a tortura prolongou com dois dedos em cima do meu ponto da perdição...

Aquele bendito pontinho em que você se desfaz. Se desmancha feito açúcar com o contato do fogo, no meu caso, aquelas preciosas mãos eram a porra de uma lareira inteira.

Arqueei as costas o incentivando, querendo que aquilo não terminasse. Gemi enlouquecida. Mexendo meu corpo, rebolando-o descaradamente de encontro aos seus mágicos dedos e ao seu pau. Não sei por quanto tempo ainda permaneci assim, até que não aguentei mais e explodi em um orgasmo intenso, como se eu tivesse em uma corrente elétrica e meu corpo não tivesse mais controle. Tremendo em espasmos múltiplos. 

LINAOnde histórias criam vida. Descubra agora