sete;

986 104 90
                                    

ease

Um turbilhão de sentimentos passava por todo corpo do loiro, ele estava se sentindo mais nervoso e aflito que o normal e não teve tempo para pensar em tudo que estava ocorrendo. Foi questão de segundos, ele pisou dentro de casa e antes mesmo de fechar a porta por completa seu corpo foi arremessado contra o chão.

ー Você acha que fingir ter perdido a memória vai te dar algum direito pirralho?

O punho fechado do mais velho chocou-se na face do menino que agora estava imobilizado entre o corpo do maior e o chão.

ー Eu não quero filho meu bancando de viadinho, irei conversar seriamente com a Sra. Carrie, seu filho passou dos limites

Outro soco foi dispensado no rosto do loiro, sangue escorria em sua face indo em direção ao tapete que ficava na entrada da casa. Os lábios do menino foram cortados por conta do anel que seu pai usava, o garoto podia sentir seu rosto ficando quente prevendo um futuro roxo.

ー Olhe so o que você me fez fazer! ー Disse o velho dando uma risada enquanto levantava o filho do chão. ー Limpe essa bagunça e venha jantar.

Newt tentou dizer alguma coisa, mas seus lábios já estavam sofrendo os efeitos dos socos, impedindo-o de falar, além disso Newt podia jurar que seu rosto já se encontrava inchado.

As escadas estavam no mesmo local de sempre e os quinze degraus ainda estavam lá, mas o loiro nunca se sentiu tão distante de seu quarto como naquele momento.

Obteve uma falha tentativa de ir para o seu lugar de conforto, sentiu as mãos do mais velho em seus braços o puxando e o jogando contra a cadeira. O menino, até então, não havia reparado, mas Sonya estava na mesa com as mãos trêmulas.

ー Me desculpe. ー A menina disse baixo o suficiente para que o seu pai não escutasse.

O loiro lançou um sorriso simples à irmã, ou algo que assemelhasse um sorriso, ele sabia que nada ali era culpa dela e garantiria que a garota soubesse disso. Newt se acomodou, nada confortável, ao lado da mais nova, e o seu padrasto se sentou bem em sua frente. O homem encarava seus próprios dedos enquanto um enorme silêncio pairava sobre o ar.

Até que por fim alguém falasse.

ー Obrigado Deus por mais uma noite com meus adoráveis filhos. ー Começou o velho ainda encarando a própria mão ー E por ter anjinhos tão responsáveis que iram saber escolher as coisas certas ー Agora ele encarava o filho ー E obrigado por não fazer do meu filho mais um daqueles homens que querem aparecer gostando de homens. Amém.

Newt respirou pesado fazendo com que o pai o lançasse um olhar mortal, seguido de um sorriso falso.

ー Amém. ー Disse o velho mais alto.

ー Amém. ー Ambos os filhos responderam em sincronia.

➵➵➵

O estômago do mais velho revirava, ele sentia que todos os seus órgãos estavam mudando de localização e que ele iria explodir naquele exato momento. Durante todo o período que esteve sentado naquela maldita mesa o loiro murmurou consigo mesmo para não derramar nenhuma lágrima ou até mesmo para não estrangular o próprio pai.

Como um ser humano poderia guardar tanto ódio? Newt murmurava a pergunta para si mesmo, tentando diminuir as dores em seu corpo.

Destruído, sim, era essa a palavra exata. Bryan realmente havia achado que ele fingiria tudo por atenção? Que tipo de padrasto tratava seus filhos daquela forma? Na realidade Newt não compreendia como um ser humano poderia tratar o outro com tanto ódio e rancor, e talvez o garoto de cabelos claros nunca compreenderia isso.  As vezes o menino pegava pensando sozinho se algum dia aquilo tudo iria mudar.

You love him, don't you? *∘✧ EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora