Capítulo X1 • A exceção.

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O dia amanheceu nublado e chuvoso, contudo, nenhuma gota de água sequer caiu durante a manhã assim como nenhuma lágrima escapou dos olhos negros de Sasuke após ver o noticiário

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O dia amanheceu nublado e chuvoso, contudo, nenhuma gota de água sequer caiu durante a manhã assim como nenhuma lágrima escapou dos olhos negros de Sasuke após ver o noticiário. Para ele, não adiantava mais lamentar-se, de fato não mudaria nada. Enterros sempre são melancólicos por isso Sasuke nunca quis participar de um. Achava desperdício tortura-se daquela maneira, mas hoje é uma exceção.

Caminhou silenciosamente pelo cemitério observando algumas pessoas ora chorando ora culpando Deus pela morte prematura, na verdade Sasuke não culpava Deus pela morte do seu garoto, ele se culpava. Se não discutissem naquela noite, se não saísse para encher a cara talvez seu garoto ainda estivesse em casa, o esperando com o belo sorriso no rosto.

Permitiu enfim que as lágrimas caíssem molhando seu rosto embaçando sua visão, com os punhos fechados encarou com dificuldade a lápide a sua frente.

Lembrou-se da noite que achou o seu garoto, lembrou-se como foi estúpido ao não pedir ajuda imediatamente, apenas como foi estúpido ao cair ao lado do seu garoto apagado implorando para ele abrir os olhos, mas o garoto parecia não ouvir aos berros do moreno. Lembrou de como se assustou ao ver uma moça gritar, sem se despedir corretamente correu, correu para longe da cena do crime tentando fugir do inevitável, ao final correu desesperadamente para a casa e  gritou pelo nome do amado sendo recebido com um soco no estomago pela realidade. 

Seu amado estava morto.

Como pode ser tão covarde?!

Mais uma vez caiu diante a lápide derramando silenciosamente todas as lágrimas que insistiam cair cada vez mais, não as reprimiu apenas deixou se lamentar. Colocou a mão em seu peito sentindo os batimentos acelerados demais. Sua vista embaçada doía como cada célula do seu corpo estivesse sendo rasgada lentamente.

As flores caídas no chão receberam as primeiras gotas do céu que finalmente pois a chorar. Um cenário perfeito para uma despedida trágica.

Sasuke remoía em sua mente, a culpa não deixou seus pensamentos livres assim como o arrependimento que se instalava em seu coração aos poucos, fixando-se profundamente.

Tantos e ''se'' que sua mente mais nublada ficava. Buscou o ar erguendo a cabeça sentindo as pequenas gostas de água molhar seu rosto. Encharcado, colocou as flores sobre o túmulo com pesar. O peso em seu corpo o puxava para o chão, mas precisava se despedir devidamente, precisa ao menos diminuir a culpa.

No fundo ele sabia que não foi ele que devidamente o matou, não literalmente. O moreno arrependeu-se amargamente por deixar sua família, seus medos e uma porção de coisas a mais atrapalharem seu relacionamento, o desgastando.

Dedilhou o nome na lápide e sorriu imaginando o loiro rindo de alguma besteira ou como ele ficava abobalhado quando via um cachorrinho na rua para correr e logo em seguida dar um carinho no peludo.

— Ah meu amor...— sua garganta arranhou um pouco, fechou os olhos e respirou fundo, uma, duas, três vezes até soltar o ar preso em seus pulmões e enfim continuar: — ... não era essa maneira que eu queria que você fosse embora. Você me disse que preferia morrer ao não me ter... por que levou isso tão a sério? POR QUE?! S-seu, aish! —Passou às mãos nervosamente sobre o rosto logo em seguida jogando o cabelo para trás. —Me desculpa, por favor, me desculpa. Por que não ficou em casa como das outras vezes?! Vo-oce não podia deixar de viver assim! Como pode ir embora deixando apenas uma maldita carta? Ou você achou que nunca iria encontrar aquela merda?! Te disse mais de uma vez para me deixar, te disse como eu sou a porra de um imbecil! Eu não valia seu esforço. Meu deus, será que você ouviu se quiser uma palavra do que eu disse? Acho que não, você era tão brilhante que iluminou todos os meus dias que esteve presente, era a porra da minha luz! Você é tão idiota! Sempre se preocupando se eu tinha comido ou não mesmo que você nem tivesse tomado café da manhã corria pra levar o meu e mesmo assim eu não dei importância, peço desculpa, eu não sabia que estava te magoando. Me desculpa por ter lhe ignorado todas as noites, por beber com outras mulheres/homens e ir pra cama com todos eles enquanto você estava em casa acordado me esperando. Itachi tinha razão, eu que não escutei... —Sasuke levantou apoiando as mãos no joelho encarando o tumulo mais de perto. — Eu não escutei meu coração, achava que estava destruído e não percebi que aos poucos você consertou. Ele é seu por direito, Dobe. — Suavemente tocou com apenas dois dedos o túmulo. — Eu vou matar todos que se intitularem Goul, vou faze-los gritar e sangrar até a morte! Eu vou te vingar. — Sem olhar para trás caminhou em direção a saída deixando o túmulo de Naruto Uzumaki.

•••

Cinco anos depois.

— E-eu n-não sei nada sobre Killer B! —Um goul de cabelos negros arrastava o corpo pelo chão inundado pelo próprio sangue, suas pernas foram decapitadas e seu braço direito quebrado. Esperneio debatendo no chão quando sua kagune foi cortada por uma quinque. — PO-OR FA....

Sem chances para implorar não previu a quinque decapitar sua cabeça em um único corte. O portador da quinque virou-se para o outro goul demonstrando nada apenas de seriedade, já o goul tremia tanto que em sua calça havia uma mancha.

— Há! PATÉTICO! — O seu companheiro riu aproximando-se do goul paralisado. — Sua vez lixo, me diga algo interessante e sua morte será mais rápida! — e ao não receber uma respostar ficou desapontado fazendo uma careta de desgosto mesmo que ainda sorria ironicamente — O que? Nada? Vai falar naaada? — Encarou o goul de perto apertando o botão da maleta retirando sua quinque Rinkaku de quase 6 metros e segurando o cabo com maestria perfurou o corpo a sua frente apenas para rir com certo sadismo afinal aquilo era seu brinquedo preferido.

—Obrigada pela cooperação — Debocha passando a língua sutilmente nos lábios. — Sasuke! Sua presença apavora tanto esses vermes que eles não falam nada de útil!

—Se eles soubessem de algo já teriam dito só para livrar a própria pele. — Sasuke guardou a sua quinque denominada de Doujima (um que tem a forma de um porrete) e olhou para Orochimaru que fazia pequenos cortes no corpo alheio como se estivesse com tédio e aquilo fosse uma boa distração.

Para os humanos, gouls não passam de monstros excluídos da sociedade e por conta disso os gouls passaram a desprezar os humanos. Um sentindo de desprezo recíproco por todas as partes, algo que poderia ser resolvido com uma dinâmica, mas nenhuma das partes queriam uma conversa e então apenas restou uma solução: morte.

—Temos uma reunião as 7h no distrito 20. — Sasuke informou e caminhou para fora do estabelecimento portando a maleta sem resquícios de sangue. Por mais que usasse um terno para não chamar a atenção sempre foi alvo, afinal sua beleza era algo inquestionável. Com os cabelos presos em um rabo de cavalo perfeitamente arrumado, seu porte era invejável para qualquer outro detetive do CCG.

— Finalmente vamos voltar para casa! Sinto sua animação a quilômetros, alias. — Orochimaru sorria ao andar ao lado de Sasuke. Sempre sádico com seu sorriso perturbado, um dos melhores da classe especial devo ressaltar.

Um maluco sanguinário que tinha licença para matar. Talvez, seu sadismo servisse para a pátria, mas até quando? Orochimaru sabia melhor que ninguém que quando aqueles gouls fossem exterminados, ele seria o próximo afinal mais perigoso que um goul é um humano com sede de matança sem motivos aparentes.

Para Sasuke, cincos anos passaram desde a morte de Naruto, cinco anos cumprindo sua promessa com êxito. Desde que escolheu ser um detetive Goul focou em apenas nisso. Todos dias corria até suas pernas fraquejassem, lutava mais de duas artes marciais e tinha uma ótima mira. O prodígio da academia, primeiro em tudo. Assim que conseguiu se formar, foi chamado para trabalhar no distrito 13. Na época o mesmo estava lotado de gouls por isso estavam recrutando mais detetives e essa era uma ótima oportunidade para começar.

Conheceu Orochimaru a exato cinco anos e mesmo assim não se acostumou com sadismo que o mesmo portava. Aprendeu mais sobre os gouls ,ou lixos como eram chamados ,mas nenhum dia sequer a culpa deixava seu corpo de vez nem ao menos diminuía de contraste sua fama cresceu, logo todo goul preferia morrer ao invés de ter um encontro com o Uchiha, afinal o mesmo tinha ódio pelos demais. Sequer hesitava em matar um goul mesmo sendo apenas uma criança, ele matava. Uma morte rápida pela sua quinque, não brincava igual o Orochimaru, era direito e certeiro.

E nesses cincos anos nunca voltou para visitar o túmulo de seu garoto, só mandava algumas flores e bebia até apagar. Já foi até colocado em coma uma vez pela grande quantidade de álcool ingerido. Depois do acontecimento, contou para Orochimaru o que lhe atormentava. O mesmo já desconfiava, nunca deixava passar nada e sabia ler as pessoas como ninguém. Se o Uchiha mentisse provavelmente Orochimaru iria encontrar outra forma envolvendo quase a morte para saber. Por fim, apenas disse. E Orochimaru riu, explicou que agora sabia o motivo pelo qual negou uma das mulheres mais bonita que trabalhava com eles.

Sasuke sabia que chamava atenção, tudo o que não desejava, mas um Uchiha sempre chama atenção, seja pelos olhares penetrantes, postura dominadora ou a seriedade com que falavam.

Finalmente, Sasuke estava voltando pra casa. Mas por que não sentia assim? Odiava pensar que voltaria pra lá, o que o acalmava era o fato de matar mais alguns gouls.   


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