Capítulo Um

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Kaline

- A senhora o quê madrinha? – Estava perplexa.

- Respondi ao e-mail aceitando por você a oferta. Você não poderia deixar passar essa oportunidade. Então agora arrume suas coisas porque embarcamos segunda feira para o Brasil.

- Madrinha a senhora não é normal. Como pode fazer isso comigo?

- Nunca fui normal meu amor. E o que fiz foi para seu bem. Não posso ver você se afundando na escuridão, sem uma vida sem viver em sociedade. Você tem 23 anos e parece uma senhora de 40. Não é justo. – Ela continua olhando para a tela onde nascia uma paisagem de seu pincel. Esse agora era o hobby dela... Pintura. Passa horas e horas pintando, alegando que fazia parte dos benefícios de uma boa aposentadoria.

Eles estavam jogando comigo. Fazendo um tratamento de choque. Meu psicólogo; o psiquiatra, e agora minha própria madrinhas.

- Então Madrinha já que fez isso por mim, agora arrume suas malas também porque eu não irei sozinha. – Sai deixando-a com seus pensamentos.

Nunca deixaria a madrinha aqui sozinha. Esse também é um dos pontos da minha indecisão. E agora que ela havia se intrometido, que arcasse com as consequências.

Enquanto eu permanecia sentada à cama, abraçada aos joelhos, ela entra sorrateira e senta-se ao meu lado.

- Filha sou uma velha. Não pode sair me arrastando para onde quer que vá. Vá viver sua vida meu amor. Você merece!

- Sem a senhora não irei. – Estava decidido. Abro o laptop e começo a escrever.
- O que está fazendo? – Ela se zanga.

- Estou desfazendo o acordo. Não irei para o Brasil sem você. Posso parar ou continuo?

- Quem te deu essa má criação? – Levanto e abraço-a.

– Não posso viver sem você. – Choramingo em seu ombro.

- Até arrumar um marido e me esquecer. – Solto-a imediatamente e vejo que ela sorri.

- Sabe que isso nunca irá acontecer.

- Claro que vai. Um dia conhecerá um homem bom e decente que te fará esquecer tudo que posso ter lhe feito acreditar no contrário. Ainda existem homens assim. Ainda existem.

- Eu não duvido madrinha. A questão sou eu. Mal consigo dançar com um parceiro e sentir sua respiração... – Fechei os olhos e esperei que a dor passasse. Depois abri os olhos decida. – Nós vamos! Arrume suas malas, e vamos ver o que o destino nos reserva.

Kaline,  -  Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora