Capítulo Oito

834 192 19
                                    

Bruno

Já era hora do Nicolas voltar para França, chamá-lo não foi minha melhor escolha. E jamais me ocorreria que ele se interessaria pela tal Kaline. Mas vi isso em seu olhar. E não posso mais ter esse tipo de brigas com meu primo.

No passado tivemos desavença por esse motivo. Ele foi casado aqui no Brasil por seis meses e de repente a Justine cismou que estava apaixonada por mim. Eu não dei nenhuma esperança, mas mesmo assim ela não quis continuar casada. Esse foi um dos motivos de ele ter ido embora e se recusado a voltar ao Brasil, até agora.

Não gosta de tocar no assunto e nem fica muito tempo por aqui para nem sequer, encontrar com a Justine.

Quanto a nós, era certo, eu a tinha avisado, não daria certo, ela era uma atriz, cursava teatro. Uma loira de tirar o fôlego, mas uma vadia, sem escrúpulos. Eu a queria em minha cama, mas era só isso. Nada mais.

Eu sempre brinquei de tomar as namoradas de meu primo, era muito divertido. Mas não teve o mesmo sabor em se tratando de sua esposa. Agora com a Kaline é diferente. Ela vai dar um pouco de trabalho então não posso tê-lo por perto.

Desço as escadas coisa muito rara durante o dia e vou até as salas inspecionando os cursos que estão acontecendo. Paro na sala dela e fico observando a graciosidade.

Ela me pediu que nesse horário atendêssemos uma comunidade carente... Crianças de 6 a 14 anos gratuitamente e eu cedi fazendo uma moral. E isso também ajuda na imagem da academia, mesmo que prejudique o financeiro.

Assim que me viu acenou e veio em minha direção.

— Veja isso Bruno – Disse sorrindo. — Como essas meninas estão felizes. Não custa nada doarmos um pouco do que temos para aquele que nada tem.

— É verdade. Eu sempre quis fazer isso, mas os professores nunca querem doar seu tempo. Belo gesto seu.

— Eu amo ensinar aqueles que querem aprender. Principalmente os que não podem pagar.

— Você me comove. – Digo fingindo mais emoção que na verdade sinto.

— Você também tem um ótimo coração Bruno.

— Quem sabe com você por aqui poderei ser uma pessoa melhor? – Pelo olhar dela, estou no caminho certo.

— Melhor do que já é?

A gente sorri e ela vai até uma criança que pede ajuda. Assim que volta jogo minha cartada final.

— Podíamos jantar hoje. Gostaria de te levar para conhecer um lugar lindo aqui perto.

— Não sei Bruno. Não quero ser indelicada. Mas não gosto muito de sair.

— Tudo bem! Se fosse o Nicolas você iria.

— Como assim? – Ela me olha assustada.

— Desculpe-me não quis te ofender.

— Eu não iria com nenhum dos dois. Se me der licença, preciso olhar as crianças. – Droga! Amaldiçoou-me. Devia ter continuado doce e gentil, sem mencionar meu primo. Esse deveria ser um dos itens a colocar em meu caderno. Nunca falar mal de meu primo ou mencionar seu nome. E ir com calma ao pote.

Vai ser difícil de rolar alguma coisa aqui. Mal sai da sala e me deparei com a Verônica, vindo ao meu encontro.

— Oi docinho. Estava procurando você.

— Estou de saída Verônica. Não posso falar com você agora. – Mulheres... Não se pode dar confiança. Era uma moça linda, mas agora parecia um grude. Chegava a achar, que depois de algumas transas, éramos namorados.

— Uma hora terá que falar comigo.

— Essa hora não é agora. Até mais. – Passo por ela e subo as escadas de dois em dois degraus imaginando quem essa professora pensa que é?

Enquanto todas as meninas ficam se oferecendo a mim ela faz jogo duro, ou está afim do Nicolas? Por que se estiver... Pior para ela. Se não ficar comigo não ficará com ele também.

Kaline,  -  Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora