Capítulo Dezenove

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Kaline

—  Sua ex, o quê? Namorada? Noiva?

— Esposa. –  Com o Nikolas era sempre assim. Ele não me tratava como criança. Ele foi tão honesto, que eu engoli a seco mesmo estando debaixo do chuveiro com ele naquele momento.

— Algum problema em eu ser separado? Todos nós temos um passado.

— Separado, de papel e tudo? — Ele passou a mão sobre meus lábios. E passou o sabonete sobre meu ombro.

— Não me respondeu.

— Faz diferença? Se no papel ou não?

— Claro que sim. Se ainda são casados. E se ainda não forem divorciados, isso quer dizer muito. Pode significar que estamos cometendo adultério, e significa também que existe uma chance de reconciliação entre vocês, porque legalmente ainda seriam casados. E nesse caso eu ficaria muito brava com você. Por me deixar apai... — Segurei o resto da frase.

— Termina, vamos? — Ele começou a me fazer cócegas.

— Era só o que ia dizer. — Sei que esperava uma confissão de minha boca, mas, eu não podia. Não depois de descobrir que ele ainda era casado. Havia até mesmo um documento para provar isso. Quando a madrinha soubesse.

— Mentirosa... Ia dizer-se apaixonada. — Puxou-me para junto dele.

— E se estivesse? — Abri o Box e saí imediatamente enrolando-me na primeira toalha que encontrei. Até perceber que ele estava nu atrás de mim.

— Te diria que também estou.

— Não tem noção do que a madrinha irá fazer com você quando souber que me enganou. — Estava tão brava que tentava me vesti ignorando cada palavra que ele dizia.

— Hei! — Ele tentava me segurar. — Nada muda entre nós.  Estamos muito bem. Que medo é esse? Sou divorciado. E se quer saber qual dos dois pediu o divórcio? Foi ela.

Ele foi até o closet e pegou uma camiseta vestiu e depois uma cueca boxer azul e me levou para cozinha. Deixando-me sentada em um banquinho enquanto preparava café. Foi o tempo necessário para que meu coração se acalmasse. O tom de sua voz aliado às palavras corretas tomaram conta de minha alma, e dali a pouco eu voltei a sorrir. Ainda que um pouco temerosa, eu quis dar uma chance a nós dois.

—  Namoramos por uns seis anos. Nos conhecemos na faculdade. Mas ela não fazia faculdade. Era amiga de uma aluna. E vinha aos fins de semana para as festas. Um dia falei com ela, com medo de que me desse um fora, porque sempre fui mais tímido que o Bruno, só que ela aceitou sair comigo. E uma semana depois começamos a namorar.

Meus olhos seguia o corpo do Bruno enquanto ele andava pela cozinha, juntado os utensílios para me servir o café contando a história de amor dele e da ex, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e enquanto um sentimento estranho chamado ciúmes, rondava me coração.

— Quando me formei, estava terminando de pagar meu antigo apartamento, porque já tínhamos uma academia. Essa aqui no Brasil embora ela não fosse tão grande como hoje. Então ela quis se casar, eu apaixonado me casei. Nossa vida parecia boa até ela querer vir trabalhar na academia. Começou a chegar tarde a casa e quando percebi... — A história foi interrompida pela luz laranja da cafeteira que se acende. Ele serve duas xícaras colocando sobre o balcão, e volta a falar.

— Um dia eu fui para o trabalho e no caminho lembrei-me de um documento importante que havia deixado em casa. Quando cheguei o Bruno estava em cima dela, como diz ele... "Comendo minha esposa" na minha casa, na minha cama. — Ele parecia triste com a revelação. Lógico, quem não estaria. —  Em um primeiro momento pensei em matar os dois, mas eu estava muito decepcionado com ela para fazê-lo.  Ela foi a primeira a se pronunciar: "Nicolas meu querido eu não estava tendo coragem de te dizer, mas eu quero o divorcio, agora que já sabe. O Bruno e eu estamos apaixonados e eu quero viver isso com ele." Coitada. Falava enquanto o Bruno se vestia sem olhar para mim

Kaline,  -  Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora