Capítulo Catorze

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Nicolas.

Ao fim da tarde eu havia almoçado com uma psicóloga e tomado café, com cinco outros, indicado por amigos meus, de longas datas. E por fim, optado pela terceira psicóloga. Uma mulher simples, mas muito entendia sobre o assunto. Minha missão quase impossível de agora em diante, era levar a Kalie, até ela.

Segundo a própria psicóloga, depois de ouvir meu relato, o tratamento da Kalie, estava em nível bem avançado, por isso precisava parti da paciente a decisão de voltar às terapias e não de mim ou de meu desejo de me aproximar dela. No caso, indicou-me que eu fizesse uma terapia para saber lidar com as pessoas que haviam passado por momentos como esse.

— Tem que entender Nicolas, que nem todos nós conseguimos ter a paciência necessária para lidar com pessoas que trazem feridas como essas na alma.

E eu sai de nosso encontro convicto a fazer o que fosse preciso para estar com a Kaline.

Esperei por ela no apartamento conversando com a Lakisha e tomando Suco. A madrinha contava animada sobre os passeios que tem feito pela praia e o grupo de terceira idade que encontrou. Inclusive que se dispôs a ensinar dança para terceira idade na academia, bastava convencer meu primo. O que não seria muito difícil, a partir do momento em que falasse sobre aumento de renda. Apenas pediu minha companhia.

— Claro. Verei uma sala e você vê o horário melhor e sua aula pode começar o dia que quiser. Só confirmaremos a sala disponível com o Bruno. Isso será muito bom. E quando associar seu nome haverá chuva de inscrição, assim como foi o da Kalie.

— E você acha que na minha idade eu poderei trabalhar como a Kalie trabalha Nicolas?

— Claro que não... - Ela abriu a porta. E sorriu para mim.

— Vejo que agora não trabalham e fica batendo papo o dia todo.

— Ciúmes de uma velha agora mocinha? - A madrinha brinca com ela. Ela vai até ela, dá um beijo no rosto, espero pelo meu, mas pelo jeito não vai rolar.

— Não mereço esse beijo também? - Pergunto com um olhar esperançoso.

— Você me beijou hoje sem me avisar. - Ela finge estar zangada.

— Tudo bem. - Levanto-me e faço como quem vai embora. — Vou indo. Lakisha até mais. Amanhã preciso voltar à França o trabalho me espera. - Vejo que ela se desespera.

— Amanhã? Tão cedo? - Se levanta e me encara.

— Não tenho muito que fazer aqui. O combinado é que o Bruno toma conta da gerencia e eu do administrativo e o administrativo está lá.

— Não pode mudar esse administrativo para cá? -Ela me pegou de surpresa... Há anos a trás tudo funcionava aqui. Mas um dia depois de seis meses de casado minha esposa disse que queria se separar, eu pensei que era passageiro porque ela era uma menina mimada que conseguia tudo que queria e logo depois não gostava.

Mas descobri que estava tendo um caso com o Bruno. Nós brigamos me separei dela, mas ele implorou que continuássemos nossa sociedade, mas para que funcionasse não poderíamos continuar trabalhando no mesmo lugar. Então decidi que iria embora e como sempre quis morar na França me mudei para lá.

Não havia mais motivos para que eu vivesse no Brasil. Agora, porém... Entretanto... Todavia. Poderia voltar a pensar no assunto.

— Não sei se meus motivos são suficientes para mudar todo um escritório para o Brasil. É bastante trabalhoso, sabia? - Vou até porta e ela me acompanha. Saio e quando vejo que ela faz o mesmo e fecha a porta atrás de nós dou passos curtos e a pressiono na parede. Ela não oferece resistência.

Kaline,  -  Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora