Capítulo Dez

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Dez

Bruno

— Bruno, aqui é John Wesley presidente do comitê da organização do Green Dance.

— Como vai senhor? A que devo a honra? — Quando digo honra é honra mesmo. Enviei nossa inscrição, mas nunca pensei que poderiam responder esse ano ainda, e muito menos receber uma ligação do homem em pessoa.

— Estamos selecionando as academias para o concurso deste ano, e quando soube que sua academia havia se inscrito fiquei muito feliz.

— Mas fazemos isso todos os anos. Talvez o senhor não esteja... — Ele me cortou com toda a educação que lhe atribuíam.

— Esse ano é diferente meu estimado amigo. Vocês tem o que nos interessa. Convença sua professora... A Kaline, a participar e estão dentro.

— Só isso? – Perguntei confiante, e logo em seguida ouvia sua risada de deboche do outro lado...

— Não entendeu não é rapaz? Durante o tempo que trabalhou na ultima academia nunca conseguiram trazê-la.

— Mas conosco será diferente. Ela irá.

— Convença-a e a vaga é de vocês. E com o bônus de não precisarem passar por nenhuma etapa seletiva. — Fiquei arrepiado por tanta confiança em uma pessoa como o homem colocava na Kaline. — Assim que tiver a resposta me ligue para preencherem os documentos. Até mais.

Fiquei animado com a ideia de estarmos dentro do concurso ao mesmo tempo estava assustado com a possibilidade de estar sendo tão fácil assim. Algo estava errado. Ele disse que a antiga academia da Kalie não a tinha convencido de participar do concurso. Quem em sã perfeita consciência não gostaria de participar de um concurso como a Green Dance.

Ele dava notoriedade ao dançarino e a Academia ganhadora e aos demais participantes além de que, o prêmio era de 1.000.000 divididos entre academia e dançarino.

— Preciso de uma estratégia para conseguir convencer a Kalie a participar desse concurso logo de primeira.

— O senhor falou comigo senhor? — Minha secretária entrava com documentos nas mãos, e uma caneta.

— Nem vi você entrando menina. — Mas meu plano precisava ser muito bom. E nem podia contar com a ajuda do Nicolas. Não com a ciência dele. Se ele fosse me ajudar que fosse sem saber.

Mas precisava ser tudo muito rápido, coisa limpa e certeira... Mas o quê meu Deus... O quê? Comecei a pensar em cada passo, cada palavra.

Nicolas

Era sexta-feira e havia muito trabalho pela frente, era tarde estava ansioso por terminar todos os contratos e revisar alguns documentos. Queria muito ir ao Brasil esse fim de semana, mas estava vendo que seria quase que impossível.

A imagem dela não me saia da cabeça e ao mesmo instante, o rosto do Mason insistia invadir meus pensamentos, trazendo hipóteses não muito boas ocorridas no passado.

Não havíamos nos falado mais durante a semana, e nem tive acesso a mais nenhuma informação nova sobre o ocorrido, mas em breve teria. Infelizmente é a palavra dele contra a dela e como ela não disse, nada e ainda não tenho intimidade o suficiente para perguntar.

Abro por curiosidade a pasta de documentos da Alemanha onde temos a academia de dança, mesmo que seja a menor delas, pois não nos interessava instalar ali, academias gigantescas e ter que manter uma disputa com renomadas e antigas academias que estão ali há muito mais tempo.

Nossa sede, é uma antiga casa adquirida a seis anos do pai do Mason por um preço baixíssimo. Na época foi um negócio e tanto.

O que me chama a atenção é que o local era propriedade em nome de Alajos Haase. Mas Alajos Haase não é o pai o do Mason isso tenho certeza. O Senhor Jason sempre nos levou a passear pelos pontos turísticos da Alemanha. Era muito severo com o filho, mas muito gentil conosco.

Quem seria Alajos Haase?

A cada dia eu ficava mais interessado na história em que estava cercando Mason e sua família.

Fecho a pasta e a guardo em minha própria pasta e decido que mesmo não tendo acabado o que preciso irei ao Brasil. Não tenho nenhum incentivo por parte da Kaline, mesmo irei assim. Quem sabe possamos ser bons amigos, caso ela não queira nada mais sério.

Kaline

A sexta-feira sempre é precedida de muita esperança. Para uns, as noite das baladas, e para mim, promessa de fim de semana de tranquilidade e descanso.

Para os dançarinos da academia, que haviam se inscrito, ainda tinha a tão famosa, batalha dance, e no sábado haviam me convidado para uma balada, mas eu ainda não me sentia preparada para locais com grande aglomeração de pessoas desconhecidas. Era chamada a festada "fadinha" por ser proporcionada pelas bailarinas, mas o principal assunto era o "open bar".

Era em um clube perto da academia e todos os dançarinos estavam disputando para ver quem conseguia os benditos dos convites. Todos, vírgula, eu não tinha o mínimo interesse. Tanto que o rapaz que havia se apresentando no outro dia como meu colega de trabalho havia descolado dois convites e me convidado para ir e eu não quis comparecer.

Por volta de cinco horas o Bruno pediu que eu subisse na sala dele e assim que terminei meu expediente fiz o que me foi pedido.

— Olá. Pediu que eu subisse?

— Sim. Sente-se. – Assim que o fiz, ele fez questão de me irritar fixando seus olhos em mim, e se aproximando o máximo possível, por isso me levantei tão rápido havia sentado.

— Se era para ficar me olhando... – Ele se afastou sem jeito.

— Não. Desculpe-me. Se bem que isso não é uma má ideia.

— Olha só... — Antes que eu argumentasse, ele parou em minha frente, tirando todo meu controle.

— Calma. Eu não estou fazendo nada demais, apenas elogiando você Kaline. Não sabe o quanto é bonita ou só não sabe aceitar elogios?

— Não! É que... Acho que não devemos misturar as coisas. Só isso.

— Se prefere assim... Vou respeitar. Por enquanto. — Seu sorriso me lembrava muito o... E aquilo me deu ânsia de vômito quase me levanto a correr da sala.

Ele ainda se atreveu a passar o dedo em meu nariz.

— Sinto que está mais a vontade. — Ele sentia, mas não tinha noção de como eu estava por dentro. — Querida... Quero que pense com carinho no que vou te dizer e não responda agora. Sei que enquanto trabalhou na outra academia não participou do Green Dance. Mas agora temos uma chance de além de entrar no concurso e ganharmos o prêmio, ainda ampliarmos o espaço e o programa das crianças da comunidade.

Quando a palavra Green Dance foi pronunciada, eu me arrepiei. Será que ele tinha noção de quem era o patrocinador oficial daquele bendito evento? Falava com tanta empolgação que podia jurar que era inocente, e que falava sem saber.

— Imagina quantas crianças poderemos ajudar Kaline? Nossa sempre foi meu sonho trabalhar com essas crianças. Mas nunca tivemos notoriedade. Nunca tivemos um apoio do comitê e nem do meu primo e agora caso eles aceitem nossa inscrição nós teremos esse reconhecimento.

— E não pode ser qualquer um dançarino da academia. Um bom dançarino?

— Infelizmente não. Tem que ser você. Não temos chances contra eles a não ser com você. Mas eu não quero te pressionar. Você pense com carinho e depois me responda. Não será qualquer professor que entenderá o dilema dessas crianças Kalie. Só quem sabe e quem trabalha com o coração. Bom... Temos até a próxima semana para preencher o questionário. — Ele tenta entregar-me os papéis, mas... Eu precisava ser sincera. Se não com ele, ao menos comigo.

— Não posso! — Saí da sala arrependida por ter subido até ali, mas determinada a não deixar que nem ele, e muito menos aquele filho da puta e seu tio cretino brincassem comigo. 

Kaline,  -  Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora