Kaline,
Amanheci com uma sensação estranha, mas não contei a madrinha.
Ainda sentia o gosto dos lábios dele nos meus. Será que aquilo era certo meu Deus. Precisava saber o que se passou na cabeça daquele homem.
Homens assim não procuravam nada sério com mulheres como nós.
Quando eu digo como nós eu me refiro a nós meninas negras. Lembro-me das palavras daquele desgraçado dizendo... Que a única coisa que poderíamos oferecer de bom era... – Levo a mão aos ouvidos tentando não ouvir novamente a voz dele em minha mente mais é quase impossível. Elas estão ali, gravadas. Enraizadas para sempre.
Passei a noite inquieta e ansiosa por chegar à academia e saber se ele vai insistir nesse assunto ou se vai me deixar em paz. Se tentar novamente eu falarei com a madrinha, sei lá. Estou com medo. E se tudo voltar a se repetir... Meu Deus! Preciso ter certeza de que estarei segura.
— Bom dia! – Cumprimento a todos os cem pares de olhos que estão a me esperar na sala.
— Bom dia! — Respondem animados. E assim que todos se levantam ligo o aparelho de som e a música começa.
Aquecimento e em seguida coreográfica básica e sou seguida por todos. Entre um giro e outro noto que sou observada pelas meninas do hip hop. Convido-as para entrar, mas elas resistem.
Sim que novamente sou observada e dessa vez é ele. Nicolas, não esquecerei seu nome, está lá parado à porta. Mas não deixo me intimide. Os alunos precisam ser orientados e é o que faço. Passo entre eles e oriento a cada um sem dar atenção ao homem alto de aproximadamente um metro e oitenta e oito, de olhos castanhos e cabelos castanhos que está encostado no batente da porta. Trajando calça caqui e blusa de manga longa azul clara.
Quando o pessoal aplaude e se despede ele vem em minha direção.
— Gostaria de pedir desculpas por ontem.
— Tudo bem. Contando que não se repita, também aproveito e peço desculpas de minha parte. As vezes me assusto e perco controle das minhas emoções.
— É eu percebi. Prometo não fazer mais...
— Ok.
— Nicolas, Nicolas... Meu primo. Incomodando nossa professora. – Olhamos para a porta e nos deparamos com o Bruno entrando.
— Algo errado Bruno em conversar com a moça? – Ele olhou para o primo e depois para mim? Não está vindo fazer o mesmo?
— Não. Eu vim a negócios. É que a professora Kalie ainda não se apresentou na direção e eu quis vim dizer a ela pessoalmente para quando tiver um tempo que faça isso e retire também seu crachá e seus cartões.
— Eu ia fazer isso no próximo intervalo. – Disse sem jeito. Senti certa estranheza entre os dois.
— Ontem nos encontramos e ela não parecia bem e eu vim me certificar que hoje estivesse melhor. Já feito isso então e você também dado seu recado poderemos subir. – O Nicolas passou pelo primo sem dar maiores satisfações e nem se despedir de mim e subiu.
— Assim que puder passe na minha sala, por favor, Kaline para assinar seu contrato e pegar seus documentos e cartões benefícios. – Deu um sorriso e também partiu.
Esperei até que nenhum dos dois estivesse à vista e ensaiei alguns passos até minha nova turma chegasse.
No horário de almoço subi à sala da gerencia conforme o combinado e peguei os cartões além do salário que ele havia combinado com a madrinha pensando ser comigo, havia um vale refeição, o auxilio moradia que seria em forma da locação do apartamento já havia nos havia sido entregue e me era oferecido uma participação nos lucros da empresa duas vezes no ano.
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Kaline, - Degustação
ChickLitUma bailarina, com um passado de tristes lembranças, tenta refazer sua vida, longe do país em que foi criada. Com a ajuda da madrinha (professora de ballet) ela se muda em busca de liberdade para a alma, mas acaba aprisionando seu coração. Um amor p...