Capítulo 17 - Tony - Parte 01

20.1K 1.2K 52
                                    

* * * *  * CONTEÚDO IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS  * * * * *

 *************************************************************************************

Olho para meu pai. Esperava que dissesse qualquer coisa, menos que fosse pedir-me perdão.

— Kellan! Responde-me uma coisa. — Olha-me com o semblante triste. — Se você não estivesse doente, à beira da morte, estaria aqui para me pedir perdão por ter me negligenciado por todos esses anos? — Pergunto com um nó na garganta.

— Meu filho, há muito tempo que me arrependi, mas eu fui covarde todos esses anos. Tive medo de enfrentar os fantasmas do passado — diz desviando o olhar do meu. — Precisou uma maldita doença aparecer para eu criar coragem para enfrentá-los. Você é a melhor parte de mim. É um homem forte. Muito melhor do que eu. Por favor, perdoe os meus erros.  Eu só quero passar os últimos dias da minha vida ao seu lado. Conhecendo-o e conquistando o seu amor.

Seguro firme as lágrimas que fazem meus olhos arderem. Recuso-me a derramá-las.

— Sinceramente, eu não sei. É muito difícil esquecer anos e anos de uma vida em que você não esteve presente. Aniversários, natais, dia dos pais... Sempre havia uma cadeira vazia. A sua. A única coisa que me deu, foi seu dinheiro. E pior, você nem vinha entregar-me, apenas depositava — meu pai abaixa a cabeça envergonhado. — Fora as datas comemorativas, que pedia a sua assistente para enviar-me algum presente. Nem sequer um telefonema. PORRA! Eu era apenas uma criança abandonada pela mãe e que precisava do carinho do pai. Nada mais do que isso — falo tudo o que esteve reprimido por todos esses anos.

— Sinto muito, meu filho. Eu sei. Rasga meu coração saber que sou o culpado por toda a sua dor. Não posso voltar no tempo, mas quero mudar o agora se você me permitir. Quero demonstrar o quanto eu te amo em cada segundo que me resta de vida. Sei que não vou apagar tudo o que passou e sentiu, mas quero pelo menos deixar algumas boas lembranças. — Lágrimas escorrem pelo o rosto do meu pai. Aos poucos as paredes, que construí ao meu redor ao longo dos anos para proteger-me, vão desmoronando.

— Eu... Eu não sei se sou capaz de esquecer e perdoá-lo por todo o mal que me causou. Preciso de um tempo para processar tudo que me disse. — Ele assente. — Sobre a sua doença, gostaria de te levar em outro médico. Buscar uma segunda opinião.

Mudo de assunto. Não quero mais falar sobre o passado.

— Não vai adiantar meu filho. A quimioterapia, como lhe disse não estava tendo os resultados esperados. Além do que, cada seção estava sentindo-me pior. O melhor é esperar a minha hora chegar. — Caralho! Que velho cabeça dura.

— Você só pensa em seu próprio umbigo não é? — Falo com raiva. — Como você quer a porra do meu perdão se continua agindo como um cretino que só pensa no que é melhor para si próprio — ele passa suas mãos pelo rosto.

— Desculpe-me filho. Você tem razão. Não quero mais brigar. Pode marcar a consulta que eu irei — solto o ar que nem sabia que estava prendendo.

— Amanhã mesmo vou procurar o melhor médico oncologista de São Paulo e marcar uma consulta para você — meu pai tenta disfarçar um sorriso. — Vou contratar duas enfermeiras para ficarem vinte quatro a sua disposição.

— Não precisa, filho. Posso me cuidar. Se precisar de alguma coisa peço a Nana.

— Não! A enfermeira vai cuidar melhor de você. Vou contratar duas. Uma para o dia outra para a noite. — Ele abre a boca para questionar, mas acaba desistindo.

Depois da nossa cansativa conversa ajudo-o a tomar um banho. Enquanto descansa um pouco, preparo uma sopa. Pelo seu estado de saúde, algo mais leve, é o mais indicado.

Atração do Amor - Série Artimanhas do Destino #2Onde histórias criam vida. Descubra agora