Cap 31

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Havíamos saído daquele pequeno beco. Agora, caminhávamos em direção a minha casa. Jun não falou nada, apenas seguia para o destino à frente. E isso estava me incomodando. Ele apareceu no nada e não disse um simples "a" até agora... E nem respondeu minha pergunta. Resolvi agir!

Quando íamos vira a esquina, me coloquei em sua frente - bloqueando sua passagem e o fazendo arregalar os olhos.


  - Okay! Você irá responder minha pergunta ou não? - Cruzei os braços. - O que você está fazendo aqui e porque estava passando por um beco a essa hora? - Tudo bem, acho que peguei pesado demais. Jun direcionou seu olhar para mim e ficou me encarando por alguns longos segundos. Tentava fielmente o encarar de volta.

  - Fugi de casa. - Disse numa tacada só. Isso me fez piscar confuso. Junhui soltou uma risada e seguiu caminho a frente.

  - Sabe, o que falam de você é totalmente mentira! Você não é obscuro ou gótico, você é extremamente fofo, Wonwoo! - Disse apertando minhas bochechas.

  - Você fugiu de casa? Porque? - Vi ele perder o sorriso e suspirar.

  - Pensei que não iria perguntar mais. - Disse com uma linha fina de humor. Quando me vi, estava de olhos arregalados e completamente arrependido de ter perguntado.

  - D-Desculpa, H-Hyung! - Disse com as bochechas rosadas de vergonha. Eu estava invadindo sua vida pessoal.

Ele sorriu e passou a mão em meu ombro.


  - Ei, calma. Não foi algo grave, eu apenas pensei que você não iria mais tocar no assunto. - Disse ainda sorrindo. - Mesmo não querendo falar sobre isso, você merece uma explicação, Wonwoo. - Falou com mais seriedade.

  - Não! Por favor, Hyung. Se você não quer falar sobre isso, não vou te obrigar. - Disse forçando um sorriso. Deus... Dês de quando eu sou tão vergonhoso assim? Aigoo, isso é patético.

Ele sorriu e colocou as mãos no bolso.

  - Não se preocupe. - Ele ainda sorria. Permaneci quieto, mas com os ouvidos aguçados.


  - A verdade, Wonie... É que meus pais brigam muito todos os dias. Você sabe, coisas da casa, o próprio relacionamento, o quanto o filho deles dá desgosto por não ter virado médico ou advogado. - Riu fraco. Engoliu em seco, eu não fazia ideia do que era passar por isso já que não tenho figura paterna e muito menos materna. Minha avó sempre me apoiou nas minhas decisões e é raro os momentos que ela me repreende. Mas, como ele não sabia disso e achava que eu tinha pais, soltei uma leve risada e concordei.

  - Tudo isso seria mais fácil se eles apenas discutissem isso no individual deles.... Mas, é claro que eles me incluem e brigam comigo a, praticamente, todo o tempo. - Suspirou pesadamente.


  - Mas... Você não tinha me dito que seu pai estava com problemas? - Perguntei involuntariamente. Ele bufou.

  -  Ele estava sim... Mas, não eram só problemas médicos. - Ele virou a cara. Eu fiquei sem entender nada.  Ele estava mentindo pra mim? Esse tempo todo?
Minha expressão mudou e ele percebeu. Passou a mão na nuca e sorriu sem graça.

- Ele estava passando por um problema em casa também... Ele não estava mais suportando as brigas matinais e queria sair de casa, mas acabou adoecendo por causa de tanto estresse. E isso estava assustando minha mãe... E pra tentar colocar algumas coisa nos eixos, minha mãe tentou melhorar e diminui as briga. Eu não queria me intrometer, mas ela me disse para voltar para a escola e estudar para ter o futuro que “eu” sempre quis. – Fez uma carata. Fiquei confuso.

- Como assim? – Perguntei.

- O centro das brigas dos meus pais, sou eu. – Disse com uma pontada de tristeza. – Os dois tem empregos respeitados. Minha mãe e advogada e meu pai médico, os dois tem um grande valor aqui na Coreia e principalmente, na China – meu país natal. E com isso, os dois achavam que eu fosse seguir o caminho da medicina, tomar o Hospital e o cargo do meu pai ou seguisse na carreira de advogado, junto de minha mãe. – Soltou um riso. – Mas, ao invés disso, eu quero seguir a carreira artística, teatral sabe? Dês de pequeno gosto de atuar e sempre participava das peças escolares. Só que quando eu era pequeno, eles me apoiavam por achar que isso era apenas um hobby ou inocência minha... Quando disse a eles que queria levar isso pra minha vida... – Ele virou a cara bruscamente e bufou.

– Dês de então, meus pais brigam para conseguir achar um jeito de me arrastar para as profissões que eles querem que eu siga, ou por eu ser uma decepção. Eles nunca me apoiam, eu sempre fujo ou deixo eles falando sozinhos quando dizem para eu desistir dessa carreira estupida e insignificante. Só que recentemente, meu pai está começando a se enfezar bem mais, ainda mais quando eu repeti de ano escolar. A verdade é que ele não quer que eu tenha um bom emprego, ele só quer alguém para ter no lugar dele naquela droga de hospital nojento! – Disse alterado. Ele parou e apertou os punhos. Fiquei na frente dele e o segurei pelos ombros.

- Ei! Calma... – Disse fazendo uma leve massagem em seus ombros. Ele pareceu se acalmar. Soltou a mão e respirou fundo. 

- Desculpa... – Disse baixinho. – Bom... Eles não estavam mais brigando. Minha mãe tinha ficado orgulhosa por mim ter tomado a atitude de estudar e meu pai estava normal...Mas, eu devia saber que não seria assim por muito tempo. – Fechou a cara novamente. Acabei de preocupando.

- Eu havia saído com um amigo hoje a tarde. Passamos a tarde toda fora, foi muito bom e relaxante. Só que... quando eu cheguei em casa, meus pais estavam discutindo mais uma vez. Como eu sabia que iria sobrar pra mim, tentei sair de fininho, mas não deu nada certo. Eles me pegaram e meu pai começou e grita comigo. Dizendo que eu não servia pra nada, que eu só dava desgosto, que apostava que eu estava mentindo e cabulando estudos para pode sair com amigos, que eu teria um futuro descente e... que eu não servia nem para ser homem. – Seu tom de voz era um meio termo de altura. Acabei arregalando os olhos quando ouvi a ultima parte.

- Jun...

- Sim, Wonie! Eu sou homossexual e meus pais souberam disso a poucas semanas. É um dos motivos do meu pai ter ficado mal daquela forma. Imagino que para ele é demais ter um filho que não quer seguir a carreira que você supôs e ainda ser gay. Ele me xingou de tantos nomes... Eu acabei retrucando também, porque ele colocou um amigo meu no meio... Com essa tensão toda, eu acabei fugindo de casa, de novo... – Finalizou com um suspiro.

Ainda raciocinava o que ele tinha dito! Para ter tudo em ordem e conseguir ao menos ter algo a dizer.

Quando já tinha juntado tudo, suspirei e coloquei as mãos no bolso.

- Que coisa horrível, Hyung. Imagino que você deve estar bem mal com isso tudo, tipo... ele é seu pai e tudo mais. Deve ser chato não ter o apoio dele e de sua mãe. – Okay... eu sou terrível  em consolos!! Me odiei mais quando ele bufou e forçou um sorriso.

- Esta tudo bem! Eu já me acostumei com isso, não se preocupe. – Ele disse com um tom mais relaxado e alegre. Mas, mesmo assim eu podia ver a tristeza em seu olhar. Passei a mão em seus ombros e fiz uma massagem. – Ah, antes que eu me esqueça... Será que eu posso dormi na sua casa? – Disse com uma carinha e biquinho.

Eu acabei congelando.

Dormir? Na minha casa? Como... Não! Não a possibilidade de isso acontecer. Qual é? Ele nem tem roupas para dormir e eu também não tenho nenhum colchão para emprestar pra ele! E também... Ninguém nunca dormiu na minha casa, nenhum amigo. Afinal, eu não tinha nenhum, então...

Quando vi, Jun ainda estava com a mesma carinha e esperando por uma resposta minha.

Merda!

- Dormi em casa? Bom... precisa ver com a minha avó se ela deixari... – Não consegui terminar de dizer, pois Jun começou a me arrastar pelas ruas.


No fim, minha Halmeonie havia deixado Junhui dormi em casa. Arrumou um colchão para ele dormi no meu quarto e eu lhe dei roupas para tomar um banho. Ela havia gostado de Jun, os dois conversavam bastante sobre várias coisas que não me dei ao trabalho de ouvir. Quando fomos para o quarto, Jun e eu passamos alguns longos minutos conversando, até que ele pegou no sono.

Ele parecia tão cansado, e seus olhos estavam vermelhos. Pareceu que ele havia chorado antes de me ver ou no banho. Isso me doeu o coração... Jun era uma pessoa boa, se via de longe. E agora, eu conhecia seu lado pessoal e isso acabou fortalecendo mais nossa amizade.

Quem sabem em um futuro próximo... eu possa expor a minha vida para ele também.

Afinal, é isso que amigos fazem... Não é?







Continua...


Ooiii. Sentiram saudades? Eu também ^_^

Eu sei que eu prometi um combo, mas é que o outro capitulo incompleto...

Me perdoem... ;-;

Espero que tenham gostado!! Desculpe qualquer erro...

Beijos!!!

I Need You  • Meanie •Onde histórias criam vida. Descubra agora