Sinopse:
Leica Derwin pensou que seria fácil voltar para casa, depois da pequena descoberta da história do seu passado e de seus poderes. Logo ela percebe que nada é como antes, pois seus pais super protetores e a falta de Daniel em sua vida lhe...
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Depois de tudo que aconteceu, era difícil olhar-me no espelho e não sentir que era culpada. Por mais que eu tentasse seguir em frente, levando os meus dias fora de casa, os pesadelos sempre vinham à noite para me lembrar. Já tinha perdido as contas de quantas vezes acordava chorando, no meio da noite, e não queria mais dormi. Era inevitável... Não pensar em Daniel e no mal que fizeram a Dustin.
Acompanhava Dustin toda semana, na reabilitação antidrogas, e ele me garantia que não se lembrava do mal que também me fizera. Acreditava, pois se Jackson tinha manipulado Samantha para dançar naquela festa com ele, porque não faria o mesmo com Dustin para me ferir?
Todos os dias, eu ignorava uma ou duas ligações dos meus amigos. Quando não era a ligação era a campainha, que pedia para meus pais dizerem que não estava em casa. Desde que voltei de Mohan, meus dias eram corridos, porque queria ficar o mínimo de tempo em casa, para evitar sentir a falta de Daniel e meus amigos. Não queria mais pôr em risco a vida de ninguém que eu amava, por as atitudes que eu tomava sem pensar. Eu poderia ter evitado, que Daniel se machucasse naquela luta, se não tivesse o deixado lutar sozinho... apesar de ter salvado a vida de Dustin, coloquei os demais em perigo!
— Leica, preciso de você na cozinha. Está tudo bem?
Meu pai perguntou do outro lado da porta.
— Está tudo bem pai... Já estou indo!
Falei lavando o rosto na pia do banheiro.
Meus pais tinham resolvido não me deixar mais sozinha em casa, ou em qualquer outro lugar, por essa razão, eu fazia questão de ajudá-lo todas às noites na pizzaria. Ele decidira fechar a lanchonete durante o dia para ficar mais tempo com a família. Agora o local era mais lotado do que nunca, como se toda a cidade estivesse reunida no mesmo lugar. O trabalha tinha aumentado, assim como o bolso do meu pai, o que era bom pra gente, pois minha mãe não trabalhava mais como advogada. Se ele tivesse pensado nisso antes, talvez já tivesse trocado de carro e realizado um de seus sonhos. E pensar nessas coisas, realmente me distraia!
— Você leva esse pedido para a mesa sete, e você Marcos, para a mesa dez.
Meu pai pediu pondo as pizzas nas bandejas.
Segui Marcos com meu pedido em mãos. Ele sorria para mim orgulhosamente, gostando de toda aquela minha atenção. Meu pai também tinha contratado mais dois funcionários e uma delas, era a Stefane da escola.
Há mais ou menos duas semanas, ela implorou ao meu pai para dar mais uma chance, de trabalhar na pizzaria, dizendo que precisava do emprego ou ela e a mãe iriam para o olho da rua, pois o aluguel já estava atrasado, fazia alguns meses. Eu não sabia que ela tinha trabalhado dois meses com meu pai, quando passei seis meses em Mohan, que para mim, foi só uma dura semana. A garota tinha sido despedida porque faltava bastante e meu pai sempre odiou gente desse tipo, por isso, ele fazia questão de chegar cedo ao trabalho, apesar de ser o dono.
Esperava mesmo que ela não desperdiçasse essa nova chance que ele lhe dera!
— Você ao menos pensou no que eu disse? — sussurrou Marcos, caminhando ao meu lado até a cozinha.
— Pensei... Mas acho que não vai dar certo. — falei pegando outra bandeja.
— Por quê? O que te impede de sair comigo? — ele insistia.
— O problema não é com você se está pensando. É que... Eu tenho que me preparar psicologicamente para as aulas que começam semana que vem! — expliquei saindo da cozinha.
Ele me acompanhou.
— É só um cinema, Leica! O máximo que posso te oferecer é pipocas e refrigerante na hora do filme. — disse sorrindo.
— Tá... Quando a noite acabar te digo se sim ou não! — falei tirando os pratos.
— Eu vou cobrar. — falou.
Deixei os pratos em cima da pia e comecei a respirar fundo. Não sabia se estava preparada para sair com alguém ou se um dia iria estar!
— Leica... A mesa catorze ainda não foi atendida. — meu pai falou segurando meu ombro.
— Eu estou indo! — consegui falar tomando fôlego.
À noite na pizzaria durava até às duas horas da madrugada, porque quando os clientes saiam, tinham que arrumar tudo para o outro dia. E para finalizar aquela noite, terminei lavando a cozinha com Marcos e a Stefane, enquanto meu pai limpava lá fora com os outros funcionários.
— Eu não quero te forçar... — ele começou a tagarelar novamente.
E antes que eu me aborrecesse ou me arrependesse, resolvi aceitar.
— Eu aceito sair com você, está feliz?
Tentei dar um sorriso, sem parecer que tinha sido forçado.
— Então... Eu posso te pegar no sábado? — ele perguntou empolgado.
— Hum! Vão ter um encontro? — perguntou Stefane de repente, do outro lado da cozinha.
— Não. — falemos ao mesmo tempo.
— Tá ok. Mas eu sei guardar segredo!
A voz de Stefane era fina e irritante. Mas eu tinha uma boa ideia em mente!
— Não é segredo. Por que não vem com a gente para o cinema? Você não se importaria né Marcos? — olhei para ele sorridente.
Marcos me olhou sério por alguns segundos, sem entender nada! Eu e Stefane ficamos em silêncio esperando sua resposta.
— Eu... Claro! — disse sem muita empolgação.
— Acho melhor não! Podem curtir a noite de vocês. — ela tinha ficado sem graça, com a resposta de Marcos.
— Ah não! A gente insiste. — segurei suas mãos para implorar.
Nunca tinha feito nada para chamar a atenção de Stefane, como conversar ou algo do tipo, mas para aquele encontro, eu precisava da sua companhia. Espantava-me um pouco, querer me aproximar de uma garota que não tinha nada haver comigo, como meus amigos tinham, mas era questão de vida ou morte, pois Marcos não fazia o meu tipo. E se ele quisesse me beijar?
— É... Você precisa ir. — ele me ajudou a convencê-la, mesmo não querendo.
— Tá bom, eu vou! — disse enfim.
Bufei aliviada e Marcos percebeu.
Tentei concertar o constrangimento, dando um beijo no rosto dele bem rápido, agradecendo-o por ter me ajudado a convencer a Stefane, em ir com a gente para o cinema. Mas queria deixar bem claro quanto às expectativas dele comigo, porque eu o via só como um simples amigo de infância. Marcos praticamente me vira crescer, pelos bairros de Santa Maria do Herval, e quanto ao destino, o meu seguira caminhos tortuosos do dele, o que tornava mais impossível de acontecer algo!
Marcos abaixou a cabeça envergonhado.
— Ah! Desculpe. Vamos para casa?
Soltamos os aventais no balcão da cozinha.
— Você está bem? Por que se trancou no banheiro da pizzaria hoje mais cedo? — perguntou meu pai acelerando o carro.
— Eu só queria privacidade pai. Vocês precisam relaxar um pouquinho... Essa superproteção me sufoca, sabia?
— Eu e sua mãe só queremos o seu bem, você sabe disso! — disse olhando para mim.
Admirei o céu estrelado através da janela do carro.
— Eu imagino! — falei fechando os olhos para sentir a brisa da primeira madrugada de verão.