Capítulo 16

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Depois das onze da noite, não suportava mais olhava para a cara de James do outro lado da rua, sorrindo para mim

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Depois das onze da noite, não suportava mais olhava para a cara de James do outro lado da rua, sorrindo para mim. Marcos até tentou falar algumas vezes comigo, enquanto eu estava sozinha na cozinha, mas não dei cabimento. A pizzaria aos poucos ia ficando vazia, nos dando tempo para limpar um canto ou outro, para irmos pra casa. Ainda era semana, por isso não estava tão lotado.

Examinei a rua novamente, para ver se via James e finalmente ele tinha desaparecido. Devia ter se transformado no que ele realmente devia ser; num pássaro que ficasse bem distante de mim.

— Leica, eu preciso que você me perdoe, isso não vai mais acontecer. — Marcos chegou novamente ao meu lado e eu tentei não sentir medo para não chamar a atenção de James.

Ele provavelmente poderia está por perto. Continuei a limpar as mesas. Marcos não ia desistir até eu perdoá-lo ou fingir que tinha perdoado.

— Sei que você não quer mais falar comigo ou ser minha amiga, mas eu entendo. Se você disser que me perdoa, nunca mais me aproximo de você! — suas palavras pareciam sinceras.

Parei por alguns instantes e o encarei.

— Se eu disser que você está perdoado, você vai ficar longe de mim? — perguntei.

— Sim, tem a minha palavra. — ele parecia feliz.

Meu pai me chamou da cozinha e eu larguei o produto de limpeza em cima da mesa, para ir saber o que ele queria. Marcos sorria como se tivesse ganhado um prêmio na loteria. Sentia que uma divida estava paga com Marcos, pois eu o perdoaria e ele não falava para o meu pai que eu estava na boate.

— Você pode levar o lixo lá pra fora, Leica? — meu pai pediu.

— Claro pai! — falei pegando o lixo das suas mãos.

Passei por marcos e os outros funcionários do meu pai limpando a pizzaria, e fui de encontro à esquina da rua para jogar o lixo. A rua estava ficando deserta, na medida em que as horas iam passando. A lua cheia no céu e algumas nuvens ao seu redor era a imagem perfeita para os amantes.

Abri a lata de lixo e joguei-as dentro. Bati as mãos uma na outra para tirar qualquer sujeira que tivesse ficado grudada nela, quando uma voz começou a falar comigo do nada.

— A pizza não estava muito boa. Foi você quem fez? — a voz falou comigo e então percebi que era James de novo. Daria tudo para ter a minha paz interior de volta.

A luz do poste estava meio que apagada, deixando o ambiente um pouco assustador. Procurei ao meu redor para ver onde ele estava e não conseguia encontrá-lo. Ignorei-o e fui andando lentamente de volta para a pizzaria.

No instante em que olhei para trás, sentindo a presença de alguém me seguindo, esbarrei em alguém a minha frente e soltei um gritinho de suto, indo para trás. James estava me encarando com tanta frieza, que até pude sentir um frio percorrer a minha espinha. Esse garoto me dava muito medo!

— Você não respondeu nem uma das minhas perguntas hoje, Leica. — ele disse pondo a mão para trás e levantando o rosto para me intimidar.

— Por que você não me deixa em paz James? Saia da minha frente! — ordenei olhando para o chão.

Recusava-me a olhar para ele.

— Por que você também não olha nos meus olhos, Leica? Está com medo de mim? — ele perguntou andando em minha direção lentamente.

A cada um passo que ele dava eu dava dois para trás. James não era meu protetor, era um dos meus piores inimigos.

— Eu não estou com medo de você seu idiota, agora me deixe passar! Você é o pior protetor do mundo. — berrei partindo para cima dele.

Ele me segurou para não atacar seu rosto. Literalmente ele era o pior protetor do mundo, pois não me deixava nem respirar. Sempre que ele estava por perto, sentia o ar ficar carregado, de ódio, medo e nojo.

— Você pensa que vai conseguir me afetar com essas suas emoçõezinhas de merda, está enganada. Nem pense que vamos ser melhores amigos ou algo do tipo, só porque sou seu protetor. — ele praticamente cuspia na minha cara, até me soltar.

Em nem um momento deixei de encará-lo, enquanto ele segurava o meu braço. Ele cuspiu no chão ao seu lado para dizer que não ia se rebaixar. Não entendia direito o que ele quis dizer, mas falei.

— Se você sente minhas emoções eu não sei... Daniel nunca me falou que sentia... — pausei, tentando procurar as palavras certas. — E quem disse que eu quero ser sua amiga? Você que anda se aproximando demais e não eu. Daniel pelo menos me deixava respirar. — disse calmamente cruzando os braços.

Agora ele tinha que procurar um argumento melhor que o meu. E isso seria impossível. Qual seria a desculpa dele dessa vez? Apesar do frio na barriga, eu não estava com medo dele.

Ele andou em minha direção seriamente e abaixou-se um pouco para me olhar nos olhos. Não recuei, pois não queria ficar por baixo.

— Aproximo-me de você, porque está sempre em perigo. Você cheira a morte, e se não fosse por sua culpa, Daniel ainda estaria aqui fazendo o meu papel. Vou fazer da sua vida um inferno, Leica Derwin. — ele terminou de falar e nem parou para respirar.

Meus olhos se encheram de lágrimas, pois meu protetor era um dos meus piores inimigos, além de Jackson.

— Só você não percebeu, mas já estou no inferno, James Garner. — disse para ele e saí limpando uma lágrima do rosto.

Saí sem olhar para trás, magoada e aflita. Limpei as últimas lágrimas que restaram e meus pais já estavam fechando a pizzaria.

— Demorou tanto querida! — minha mãe falou indo em direção ao carro.

— Fui deixar o lixo na outra esquina da rua, porque aquela já estava lotada. — menti entrando no carro.

Meu pai já estava na estrada para ir pra casa. A pista estava um pouco escura, a não ser pelo brilho da lua.

De repente olhei através da janela do carro e vi movimentos na mata ao lado da pista. Sentia que estava sendo perseguida e não era por um pássaro.

— Escutou esse uivo Arthur? — minha mãe perguntou assustada.

— Que uivo Luciana? Lobos não existem nas cidades. — meu pai falou sem tirar os olhos do volante.

Então comecei a ouvir um uivo de longe. James dessa vez não se transformou em um pássaro.

Filhos da Natureza - A Proteção Vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora