Capítulo 3

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No sábado pela manhã, decidi que iria correr na praça da cidade, como costumava fazer, antes da minha vida virar um caos total

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No sábado pela manhã, decidi que iria correr na praça da cidade, como costumava fazer, antes da minha vida virar um caos total. A atividade física me ajudava a dormir e respirar melhor, sem falar que era mais uma ocupação para a minha mente. O dia novamente amanhecera nublado, como se me desejasse um bom dia, para exercitar meu corpo sedentário.

O primeiro exercício que iria enfrentar seria convencer meus pais a me deixarem ir sozinha até a praça. E eu estava quase pronta, só me faltava colocar esses tênis apertados. O quanto eu tinha crescido ou engordado? Achava que na volta aproveitaria para passar na farmácia, para me pesar e comprar uma tinta de cabelo. Aquela mecha prateada estava começando a me deixar irritada! Ele tirava toda a beleza do meu cabelo castanho, parecendo que eu estava entrando na flor da idade, precocemente.

— Eu vou correr um pouco no centro da cidade. — falei chegando à cozinha e prendendo o cabelo, num rabo de cavalo.

— Por que não nos disse antes? Seu pai poderia ir com você. — minha mãe falou pondo o café na mesa.

Meu pai me deu um beijo de bom dia, quando chegou à cozinha.

— Pra onde você vai a essa hora da manhã? O tempo está fechado, acho que vai chover. — disse sentando a mesa.

— Eu vou me exercitar um pouco. Preciso de ar fresco. — falei pegando uma maça da geladeira.

— Você precisa ir com ela Arthur! — minha mãe sugeriu preocupada.

— Chega mãe, eu vou sozinha. Se eu quisesse fugir de novo eu já teria feito isso! — berrei furiosa.

Os dois ficaram em silêncio. Dei de ombros para ir embora.

O arrependimento tomava conta de mim, então quando virei de novo para os dois na tentativa de me desculpar, minha mãe começou a falar de novo.

— Então quer dizer que dá primeira vez você fugiu? — disse furiosa.

— Deixa a garota, Luciana! Vamos dar uma chance pra ela. — meu pai tentava acalmar a situação.

— Eu preciso ir. — dei de ombros ignorando-a, porque era o melhor que eu poderia fazer, se quisesse recuperar minha paz interior.

— Eu estou tentando Arthur, mas ela não colabora.

Minha super audição estava funcionando direitinho, fazia semanas que eu não colocava ela em prática. Desci as escadas da varanda, colocando o capuz na cabeça.

— Talvez se você tentasse conversar com ela... Nem consegue ficar sozinha com sua própria filha, com medo das palavras dela.

Àquelas tinha sido as últimas palavras que escutei, antes de virar à esquina. Comecei a correr pelas calçadas, com a neblina molhando o meu rosto.

As lembranças da última corrida me acertavam em cheio... lembranças de Jackson me ameaçando na floresta e de Daniel me protegendo. Como eu não tinha percebido isso! E com ela também vinha à lembrança do primeiro contato, que tive com Daniel, dos seus olhos me fitando, do cheiro de grama fresca da sua pele. Lembranças que me incomodava mais do que os pingos gelados daquela chuva. Meus olhos queriam lacrimejar, mas precisa evitar antes que eu voltasse pra casa aos prantos, então me concentrei na corrida.

Filhos da Natureza - A Proteção Vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora