Apostando alto | Muke Version

Epílogo

(25 de abril de 2029, sexta-feira)

Luke e Michael decidiram recomeçar do zero. Luke mudou-se para seu novo apartamento e eles saíam juntos durante a semana. Porém, não demorou muito para que admitissem que Luke passava mais tempo no apartamento de Clifford do que no próprio, e logo eles voltaram a viver juntos. Obviamente, houveram vários atritos, mas nada que já não estivessem acostumados.

Como dissera que faria, Michael largou o emprego, foi contratado pela editora de que Fisher falara e começou com trabalhos modestos como ilustrador de livros infantis. Logo, porém, a editora tomou conhecimento de sua habilidade com quadrinhos, e ele passou a adaptar livros. Em seguida vieram as capas para os autores mais bem cotados e best sellers. Mas aquilo era pouco mais que um hobbie para Michael, afinal não era como se ele precisasse do trabalho para sobreviver.

A riqueza invariavelmente trouxe outras mudanças à vida de Clifford. Ele optou por se mudar para um prédio ainda melhor localizado e mais luxuoso. Luke se opôs à mudança no início, mas Michael argumentou que a segurança era maior, e ele definitivamente precisava tomar mais cuidado depois que a notícia de que se tornara um milionário se espalhou. Contra isso, Luke não tinha argumentos.

Clifford recusou os conselhos de Luke sobre planejamento financeiro com arrogância, mas acabou procurando ajuda profissional para investir seu dinheiro e fazê-lo render, de modo a não ter que se preocupar com o futuro. Sabendo que Luke nunca aceitaria, Michael não ofereceu sua metade do prêmio de Las Vegas, mas mimava-o com presentes o tempo todo. Com o propósito de não passar vergonha ao ser visto com ele pela rua, Clifford renovou o guarda-roupas do namorado e, percebendo seu ponto fraco, cercou-o de alta tecnologia. Luke logo descobriu o quão fácil era se acostumar à mordomia e aos banhos de hidromassagem.

Havia também as viagens pelo mundo. No começo, eles concordaram que Michael devia aproveitar sua liberdade profissional e financeira, mesmo que Luke não pudesse acompanhá-lo por causa de seu trabalho. No entanto, depois da segunda viagem sozinho, Clifford passou a planejá-las para os feriados ou para as férias de Luke, ainda que culpasse a sua agenda de trabalho ao invés de admitir que não tinha graça nenhuma passear sozinho.

Roma, Paris, Madri, Amsterdam, Grécia, Bangkok, Hong Kong, Tóquio... Logo Luke já estava se familiarizando com as novas culturas e entendeu o que Clifford dizia sobre ser um viajante, ao invés de um turista.

Até mesmo Calum chegou a apontar como Luke se tornara um esnobe com a convivência, mas Luke sabia que era apenas o ciúme falando. Apesar do novo estilo de vida, Luke jamais deixou de dar atenção aos seus amigos, participando inclusive do crescimento de seus dois afilhados: Rose, a mais velha, e Matt, adotado dois anos depois. Luke trazia-lhes lembranças de todas as suas viagens, ao que Ashton vivia reclamando que já não tinha mais espaço para guardar, nem mesmo na casa nova. A vida do casal havia mudado bastante também, com as crianças e as duas filiais que abriram da loja de brinquedos. Calum tivera que contratar mais pessoas para tocar os negócios, e acabara com muito pouco por fazer além de resolver alguns problemas ocasionais e decidir o que fazer com o lucro distribuído. Mas, viagem mesmo, só nas férias escolares.

E havia ainda os pais de Michael. Eles logo anunciaram que haviam voltado para ficar e agiam como se nunca houvessem saído. Em seu primeiro pronunciamento público, Daryl tratou de esclarecer que seu filho nunca fora realmente deserdado, que tudo não passara de mera especulação da mídia e que ele e a esposa tinham passado os últimos anos numa segunda lua-de-mel. Foram acolhidos rapidamente pela alta sociedade de Sydney e logo Daryl voltou a preparar o terreno para uma futura candidatura política, uma vez que aqueles que o antagonizavam alguns anos antes já haviam deixado suas cadeiras no congresso. O homem sem dúvida sabia muito bem o que estava fazendo, sempre aproveitando as oportunidades para relacionar seu nome a pessoas importantes e eventos de grande repercussão.