Capítulo 7

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Luke estava entrando na passagem subterrânea para o metrô no final do dia, estranhando o peso da mochila sem o notebook, quando seu telefone tocou. Estranhou ao ver quem era, mas atendeu rapidamente.

-Luke. – A voz de Clifford falou e Luke ficou ainda mais espantado. O que estava acontecendo? Clifford dificilmente ligava para ele, e quando o fazia, não o chamava pelo primeiro nome nem usava aquele tom de voz quase – quase – doce. – Já está chegando?

-Acabei de sair do serviço. – Luke falou, preferindo não comentar a estranheza da situação. – Mas foi bom você ter ligado. Estou pensando em dormir...

-Nós podemos fazer planos para a noite mais tarde, querido. – Clifford cortou-o e a cabeça de Luke recuou involuntariamente, como se ele tivesse levado um soco diretamente do telefone. Já ia perguntar o que diabos estava acontecendo quando Clifford continuou, como se não houvesse nada de errado. – E deixe para passar no mercado outro dia, está bem? Temos visita.

A palavra 'temos', que implicava o sujeito 'nós' já seria estranha o suficiente se não viesse acompanhada por 'visita'.

-Clifford, o que está acontecendo?

-Eu conto quando você chegar, está bem? Só não se atrase. – Ele desligou.

Aquele era um dia definitivamente esquisito, pensou Luke enquanto o metrô deslizava suavemente pelos trilhos. Tudo indicava que ainda estava longe de terminar. Será que a visita a que Clifford se referia era a do psicólogo que o juiz Baker prometera? Luke rapidamente pescou a aliança em seu bolso e deslizou-a pelo anelar esquerdo. Aquilo sem dúvida explicaria a atitude de Clifford.

Perguntou-se o que faria quando chegasse ao apartamento. Teria que chamá-lo de 'doçura' ou coisa do tipo? Abraçá-lo ou...beijá-lo? Luke deixou a cabeça cair nas mãos abertas. Em que havia se metido, afinal? Como conseguiriam convencer alguém de que eram um casal? Eles deviam ter discutido sobre aquilo, para combinarem o que fazer quando o momento chegasse. Droga, eles sequer conversavam!

Luke estava à beira do pânico quando alcançou a porta do apartamento. Respirou fundo duas, três vezes, antes de abrir a porta, decidido a agir o mais naturalmente possível. Sua entrada interrompeu a conversa entre as duas pessoas na sala de visitas, que olharam para ele, segurando xícaras fumegantes. Uma delas era Clifford, obviamente, e Luke não soube identificar a emoção que cruzou os olhos cinzentos naquele momento, se alívio ou apreensão. A outra, para espanto de Luke, era a subsecretária da Assistência Social.

-Você? – Luke exclamou, com a mão ainda na maçaneta.

-Luke, onde estão seus modos? – Clifford alargou o nariz em reprovação e Luke limpo a garganta, fechando a porta atrás de si.

-Sra. Stratford, que surpresa.

-Senhorita, por favor. – Disse a mulher com um risinho infantil. Ela vestia as mesmas roupas vermelhas que usara pela manhã e Luke pensou que não era de se admirar que ela ainda estivesse solteira – e provavelmente permaneceria pelo resto da vida.

Clifford havia se levantado do sofá, pousado a xícara na mesa de centro e vinha em sua direção. Sua expressão continuava difícil de ler. Luke conteve o impulso de recuar e sentiu seus olhos se arregalarem quando percebeu o que ele iria fazer.

-Olá querido. – Clifford murmurou, pousando ambas as mãos em seus braços antes de beijar seus lábios rapidamente. – Você demorou. Aconteceu alguma coisa? – Ele passou as mãos sobre seus ombros, fazendo com que Luke tivesse que conter o instinto que lhe dizia para afastá-lo ou se defender. Demorou algum tempo para perceber que Clifford estava tentando tirar seu casaco, mas Luke acabou deixando a mochila cair para ajudá-lo.

Apostando alto | Muke VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora