Capítulo 9

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-Escuta... – Luke começou, assim que eles se acomodaram, um de frente para o outro na sala. Luke no sofá e Clifford na poltrona de sempre. – Andei pensando sobre o último mês...

-Isso não pode ser bom. – Clifford murmurou, porém Luke não lhe deu ouvidos.

-...e cheguei à conclusão de que temos que mudar algumas coisas. As refeições, por exemplo. Como eu falei, não faz sentido a gente continuar fingindo que não moramos juntos. Nós dois temos que comer, certo? Então por que não dividimos? Quero dizer, não precisamos nos sentar à mesa de jantar e fingir ser uma família tradicional, mas podemos economizar o frete do delivery, por exemplo. Tudo bem se você não gostar do que eu cozinho, estou disposto a aceitar sugestões e posso tentar fazer coisas que você goste, mas você não precisa tomar o desjejum no café da esquina quando eu faço meu café da manhã aqui todos os dias. E, acredite se quiser, eu sei o que estou fazendo. Posso não ser um chef profissional, nem conhecer a culinária requintada que você provavelmente conhece, mas sei me virar. E estou disposto a aprender e a melhorar. Na verdade, prefiro comer comida caseira, qualquer que seja, do que pedir comida pronta.

-Não vejo problema com comida pronta. – Clifford deu de ombros. – Passei a maior parte da minha vida comendo fora.

-Bem, eu passei a maior parte da minha vida fazendo minhas próprias refeições. Mas podemos chegar a um acordo. Alguns dias nós pedimos comida, outros eu cozinho...ou, quem sabe, nós poderíamos sair um dia ou outro.

Clifford deu um pulo, como se tivesse levado um susto, e seus olhos se estreitaram.

-Não, não como um encontro. – Luke se apressou em corrigir. – Apesar de que não seria ruim passar essa impressão, caso Stratford esteja nos espionando. Mas o fato é que nós não sabemos nada a respeito um do outro...bem, pelo menos eu não sei nada a respeito de você além do que já sabia na época da escola. – Luke deu um suspiro frustrado. Não costumava falar tanto, nem tinha jeito com as palavras. Quando pensava nas palavras elas faziam todo sentido, mas quando colocava para fora, parecia não ser suficiente. – Olha, o fato é que nós precisamos passar algum tempo juntos, se quisermos ficar...confortáveis um com outro. Ou melhor, para que eu fique...droga! – Luke se levantou e começou a andar de um lado para o outro. – Não sou bom nisso, em conviver com as pessoas. Estou acostumado a viver sozinho, preciso de algum tempo pra me acostumar com a ideia, entende? E sei que nós dois não funcionamos quando estamos juntos e que as coisas tendem a sair do controle, mas talvez se isso passasse a ser comum...

-Cala a boca e senta, Hemmings. – Clifford explodiu e Luke obedeceu, aliviado por finalmente poder se calar. A expressão de Clifford estava difícil de ler. – Eu entendo aonde você quer chegar, apesar de você não ter facilitado pra mim com toda essa...eloquência.

-Você concorda, então?

-Bem, não tenho muita escolha, tenho? Não tenho problemas em fingir que somos íntimos, mas você claramente é incapaz de mentir.

-Não sou incapaz de mentir. – Luke se defendeu, remexendo-se no sofá como se as palavras de Clifford o estivessem incomodando fisicamente. – Eu só preciso de algum tempo para...me habituar com a ...situação.

-Que seja. – Clifford se recostou novamente em sua poltrona, apesar de Luke não saber precisar quando ele havia se inclinado para frente. – Então, o que vai ser? Passeios românticos aos sábados e cinema aos domingos?

-Cinema não é uma má opção. – Luke escolheu ignorar o comentário sobre o romance.

-O que mais? Boates? Clubes?

Apostando alto | Muke VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora