Capítulo 22 (parte II)

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Depois de avaliarem bem as opções, Hemmings acabou optando, ainda que contra a vontade de Clifford, por uma lanchonete de aparência razoavelmente limpa próximo aos cassinos, onde ele pediu um hotdog. Foi bom darem um descanso aos seus ouvidos depois de toda aquela música.

À medida em que Hemmings se tornava mais sóbrio, o humor de Michael ficava mais negro. Tentava imaginar em que momento a ficha de Hemmings cairia e ele diria que sentia muito, que não devia ter feito aquilo, e coisa do tipo. Já havia ensaiado várias vezes recolher seu orgulho e ir embora antes que fosse rejeitado, mas de alguma maneira continuava sentado ali, tomando sua cerveja lentamente enquanto Luke finalizava seu segundo hotdog.

-Acho que estava mesmo com fome. –Hemmings falou ao terminar, limpando os dedos engordurados.

-Acha mesmo? – Michael grunhiu e evitou encará-lo, como já estava fazendo havia algum tempo.

-Tem certeza que não vai comer nada?

-Nada que venha dali, com certeza. – Clifford gesticulou para a lanchonete com desdém. – Além do mais, não fui eu quem esvaziou o estômago agora há pouco.

-Ei... – Hemmings começou e Michael se preparou para a punhalada. – Escuta... Se você quiser, pode ir. Eu digo ao Calum que você ganhou a aposta, se é isso que está segurando você.

-Certo. – Michael falou, sentindo como se seu estômago afundasse de uma vez. A aposta. Tinha esquecido completamente a maldita aposta. – Certo. – Repetiu, experimentando um misto de decepção e raiva. De alguma forma conseguiu colocar a máscara de volta no lugar, levantou-se e pescou algumas notas da carteira, largando-as sobre a mesa. – Esqueça a maldita aposta. Pode dizer ao Hood que eu perdi. Não poderia me importar menos.

-Cliff... Ei! Clifford! – Michael não lhe deu atenção, mas ouviu o arrastar da cadeira e no instante seguinte Hemmings estava à sua frente, obrigando-o a parar para encará-lo. – Espera, não foi isso que eu quis dizer. Quer dizer, você estava tão... diferente até agora há pouco, mais solto... divertido, até. E de repente você está agindo como se não quisesse mais nem falar comigo. Eu imaginei que... que você tivesse se cansado de... Droga. – Ele pareceu desistir de tentar explicar, passando a mão nervosamente pelos cabelos. – Merda. Esquece que eu disse alguma coisa, está bem? Pensa que é fácil para mim também? Ter passado mal daquele jeito depois de... de... Merda, eu bem que poderia fazer uso de outra bebida, agora.

Um sorriso se espalhou lentamente pelo rosto de Clifford àquelas palavras.

-Eu não levei para o lado pessoal o fato de você ter vomitado logo depois. – Disse, dando de ombros. – Deveria ter?

-Não, claro que não. – Luke relaxou os ombros.

-Tudo bem, então. Vamos deixar você mais bêbado e eu mais... divertido.

-Hmm na verdade não sei se é uma boa ideia...

-Não se preocupe. Eu continuarei sóbrio o bastante por nós dois. – Michael se empertigou. Estava mais do que claro que Hemmings não costumava se embebedar e fazia bem para o seu ego ser melhor do que ele em alguma coisa, pra variar. Qualquer coisa.

-Acredito que isso seja seu. – Hemmings devolveu seu sorriso e ofereceu-lhe o que vinha segurando nas mãos aquele tempo todo. Seu dinheiro.

-Por enquanto. – Michael deu de ombros, com aparente despretensiosidade, mas aceitou o dinheiro de volta rapidamente. Talvez até rápido demais. – Então. Algum pedido especial? – Perguntou quando já se encaminhavam de volta para o hotel.

-Acho que vou de margaritas. – Hemmings tentou soar desembaraçado, mas falhou. O sorriso de Michael se alargou ainda mais.

-Ótima pedida. Eu conheço o lugar certo.

Apostando alto | Muke VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora