Me desculpe.

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                 CAMILA

   Dou voltas pela sala abraçando meu próprio corpo, em busca de algum conforto, que era impossível. Eu acusei o meu marido, joguei fora o nosso amor, fui insegura, imatura, devia ao menos ter ouvido o que ele tinha para falar. Sento nos batentes da escada, daqui posso ver Jean e mantenho uma certa distância dele. Fui eu quem errei, não posso pedir pra ele me aceitar de volta. Quem causou tudo isso fui eu, não mereço ele, fui a injusta, eu mereço pagar.

— Jean... — não consigo terminar a frase, as lágrimas tomam conta do meu rosto. Jean vem até mim, ajoelha na minha frente, tira minhas mãos que estão à cobrir o meu rosto.

— Fala olhando pra mim. Estou aqui na sua frente, essa é a hora, acabou os segredos, hoje tudo vai ser posto em pratos limpos. — olho dentro dos olhos dele, procuro qualquer traço de que ele estivesse mentindo. O problema é que sei que ele não mentiria sobre algo assim. Respiro fundo, seguro suas mãos.

— Eu vim pra cá por que... — vamos. Camila coragem. — ... eu vim pedir perdão, vim pedir uma nova chance, se poderíamos tentar novamente. — pela sua expressão acho que perdi essa batalha.

— Por quê você não ficou com o policial? — vou falar a verdade, mas acho que vou ter outro problema pra enfrentar.

— Eu contei a ele que estou grávida, também disse a ele que fui pra cama com você. — Jean se mantém inexpressivo. Continuo a falar. Conto toda a história, no fim ele solta minhas mãos e faz o mesmo que fiz a pouco tempo, fica dando voltas pela sala, dá dois socos na pare, olha pra mim.

— Por que você voltou? Seja sincera! — pergunta parando de pé na minha frente.

— Eu quero tentar de novo. Eu errei. Eu assumo o meu erro. — fico de pé no batente, para podermos ficar frente a frente, na mesma altura que ele. — Estou assumindo meu erro, acusei você de algo que naquele momento você não fez. Eu sei que me traiu depois disso com todo o direito. —  engulo em seco, outra verdade vira a tona agora e mais problemas iram aparecer depois disso. — Por que eu lhe trai no mesmo dia. — Jean olha pra mim, seus olhos transpiram ódio. — Você quer a verdade? — ele assente. Agora seja o que Deus quiser. — Depois da nossa briga você saiu não sei para onde, com raiva também sai, liguei para um colega de trabalho que sempre deu em cima de mim, ficamos. No outro dia percebi que tinha feito besteira, que estava movida pela raiva e o ódio de ser traída, eu te amava tanto, você era meu tudo, meu príncipe encantado de olhos olhos claros, pele negra cheia de tatuagens. Perdi a cabeça, sei que não é desculpa. — Jean olhava para mim com tanto ódio e nojo ao mesmo tempo. Da as costas para mim, se aproxima dá janela, apoia os braços nas laterais do vidro.

— Você me traiu? Com quem? —  pergunta irado, porem falando baixo.

— Jean isso não importa... — ele não me deixa terminar, rapidamente esta ao meu lado segurando meu braço forçando a olhá-lo.

— Não importa Camila? Como assim não importa? Porra eu te amo. Não é "eu te amei" como você disse a pouco. Eu te amo caralho. —  grita, tento segurar os soluços que insistem em escapar. — Só vou perguntar dessa vez, você voltou por que me ama ou por quê quer um pai pro seu filho?

Eu ainda o amo?

— Jean eu estou muito confusa ainda, me dê um tempo. —  solta o meu braço como se eu fosse uma pessoa com uma doença mortal.

— Eu já entendi a sua resposta. Você quer um pai para o seu filho. — diz virando de costas para mim. — Eu sou homem, eu vou assumir o seu filho... — bate no peito, volta a olhar para mim — Vou respeitar você, mas acabou esse Jean que se humilhava e corria atrás, se me quiser vai ter que lutar para me ter. Todo o amor que eu tinha por você acabou de morrer. Outra vez você me provou que o nosso amor era fraco, era o sentimento que só eu sentia. —  cospe acusações, enquanto me encolho envergonhada.

1 ano e nada maisOnde histórias criam vida. Descubra agora