1 ano e nada mais

Audiência de reconciliação

                            Jean

   Já tem pouco mais de um mês que recebi  a notificação da entrada de Camila no nosso divórcio. Estou ainda com a Lívia. Minha rotina mudou um pouco mas nada drástico. Hoje eu estou aqui sentado esperando a hora determinada pelo juiz para nossa audiência começar. Estava  em paz com o fato do divórcio, nunca mais soube de notícias dela, coisa que para mim era muito bom.

— Boa tarde!

  Escuto a voz de Camila, levanto a cabeça para olhá-la. Ela está linda, muito mais que antes.  Um ar feliz,  como ela nunca teve a meu lado. Essa constatação me fere.

— Boa tarde! — respondo e me calo!

— Amor você esqueceu o celular!— olho e vejo o boyzim todo cheio de frescura, entregando o celular e dando um beijo de leve nela. Me bate uma raiva,  grade mesmo. Ciúmes? Não já passamos dessa fase! Mas só de pensar que ela me traia com ele todo esse tempo. Ele se afasta olha pra mim.

— Guilherme NAMORADO de Camila! — se apresenta enfatizando bem o rótulo. Estendi a mão  para mim. Me levanto aperto sua fortemente.

— Jean EX corno e EX marido! — o cara de pau tem a audácia de rir. Ele gargalha na minha cara.

— Infelizmente você  ainda é  EX!
Merecia ser nada! — vejo o carinha fechar a cara pra mim.

— Como é? — pergunto nos aproximamos um do outro.

— Você ouviu o que eu disse ou será que é surdo? — me enfrenta. O boyzim quer brigar?  Isso vai ser divertido.

— Sou não mas eu posso ti deixa se você quiser!?

   
                      CAMILA.

  Ao ouvir as últimas palavras do Jean corri e entrei no meio dos dois os separando, sinto o vento do soco que o Jean deu pra pegar no Guilherme passar por mim, congelo na hora. Guilherme me bota de lado ai começa a bagunça, os dois se matando. Policiais e funcionários do fórum correm para separa-los.

— Guilherme não por favor! — peço segurando seu braço,  ele me olha, se afasta do Jean.

— Agradeça a ela sua vida, por que hoje seria o dia da sua morte, pode ter certeza disso!

   Seguro Guilherme pela cintura.

— Para Gui! — imploro.

— A é? Vem matar, valentão! Você  lá faz nada seu bosta! — Jean provoca se debatendo nos braços dos policiais.  Rapidamente Guilherme me coloca pra trás e aponta a arma para o Jean. Todos correm Jean continua parado.

— Só é homem com uma arma?  Bora na mão como homem?  Se garante não?  — Jean o desafia. Entro bem na frente da mira de Guilherme com os braços  abertos.

— Não estrague a sua vida por ele!  Ele não vale apena! E você  estaria estragando a sua vida a minha!  Você é minha vida Guilherme,  você  é  o homem que eu sonhei! Por favor abaixe essa arma! — imploro. Ele me olha, abaixa guardado a arma de volta no coldre. Se aproxima de mim tomando meu rosto entre as mãos.

— Por você! Se lembre, não o matei por você! Sou seu! Por você  eu faço tudo, minha vida! — se declara, me da um leve selinho. Olha para Jean. — Sou mais homem que você! Pode ter certeza disso! E por ela eu faço tudo,  seu idiota! — diz me apertando nos seus braços em tentativa de conter sua raiva.

— Idiota é você!  Maricá! Negócio de ouvir mulher! — rebate. Antes que Guilherme abrisse a boca ouvimos outra voz se fazer presente.

— E que bagunça é essa aqui?

  Olhos em direção a voz.

— Guilherme meu menino o que o trás aqui?

 
                          JEAN

   Quer dizer que o velhote conhece o almofadinha!? Bom saber!? O boyzim se aproxima do velho e o abraça.

— Como vai Dr. Erick?

— Muito bem!  É muito bom revelo! O que você faz aqui?  Veio testemunha em algum caso ou fazendo a escolta de algum presidiário? — pergunta olhando os presentes. Espera ai!? Será que eu estou entendendo isso mesmo?  O almofadinha é policial?

— Não Doutor, dessa vez vim deixa minha namorada para audiência do divórcio com esse ai! — fala apontando para mim. O homem me olha decima a baixo.

— Acho que o senhor deve se recompor! O banheiro é por ali! — ao ouvi-lo falar isso me bate uma raiva.  Passo a mão pelos cabelos  e sigo para o corredor que ele falou. Rapidamente encontro o banheiro,  olho minha fisionomia refletida no espelho. O desgraçado fez um bom trabalho. Eu estava com um belo corte no lábio, outro na sobrancelha e um olho já ficando roxo, mais ele ia me pagar depois,  meu ódio é  que eu não acertei um soco na cara daquele imbecil. Saindo do banheiro sou informado que todos já se dirigiram para o tribunal. Ao entrar me sento ao lado do meu advogado.

— Essa briga vai ti complicar Jean! — meu advogado me adverte. Respiro fundo e o ignoro.

— Todos de pé — um homem pede e quando vejo quem é o juiz. Tomei bem no centro do cu.

   
                    CAMILA

  Graças a Deus Guilherme me ouviu não fez nenhuma besteira,  quando chegarmos em casa vamos ter uma conversa séria.    Estou aqui rezando para todos os santos para terminar logo esse divórcio. O juiz Erick começa seção, depois de um tempo se dirige a mim.

— Sra. MacGregor a senhora deseja se manter casada com o Sr. MacGregor?

— Não! — respondo firme olhando nos olhos do juiz.

— Quais os motivos a levaram a tomar essa decisão? — essa era a pergunta mais fácil.

— A princípio por ele ter tido um caso com a minha querida prima Lívia. Depois disso só foi acumulando. — resumi e o olhei nos olhos, não me sentia bem pelo fato de Jean está machucado mas ele procurou e eu não poderia fazer nada.

— E o senhor? — O juiz o pergunta.

                            JEAN

   Ouvir Camila dizer que todo o fracasso do nosso casamento começou quando eu fiquei com a Lívia, me deixa muito mal,  pior ainda por ela não saber a verdade. Se eu tivesse contado será que ela teria acreditado?
Será que teria sido diferente?
Será que o nosso amor não teria acabado? Nosso amor acabou?

— Senhor estamos esperando! —  sou tirado dos meus pensamentos pelo juiz.

— Meritíssimo por mim só o que eu tenho a dizer é que quero o divórcio o mais rápido possível! — olho para Camila, pelo seu rosto de alívio, estou fazendo o certo.

— Dou por encerrada a audiência de reconciliação, vamos marcar a de divórcio com as separações dos bens ainda para essa semana. — dito isso saímos, Camila se aproxima de mim.

— Jean,  me perdoe pelo Guilherme ele acabou perdendo a cabeça,  desejo tudo de bom para você e também me perdoe pelo not que eu jóquei em você! — olho falando, no meu peito eu não quero me separar, mas ela está bem. Feliz sua felicidade é palpável.  Não sou tão ruim.

— Espero que aquele idiota a faça feliz, vocês se merecem! —  saio com a maior arrogância e prepotência, por fora, por dentro um coração machucado.