Eu já o aguardava, enterrando minhas unhas curtas no couro escuro no qual o menu do restaurante de meu pai estava encapado.
Tentei controlar minha ansiedade enquanto mexia os dedos do pé dentro de meu tênis apertado. Bufei pela milésima vez, sem conseguir impedir meus olhos de se dirigirem até a porta de vidro escuro do lugar, na esperança de vê-lo passar pela porta com seu costumeiro blazer azul-escuro e o cabelo escuro caindo perfeitamente sobre a pele clara de sua testa.
Era de se estranhar o fato de não ter chegado ainda, já que Yoongi nunca se atrasava. Foi assim todas as sextas-feiras dos últimos dois meses, e, embora suas companhias fossem diferentes a cada jantar, ele mantinha uma certa rotina.
Uma dessas rotinas era sempre ser atendido por mim, embora tenha sido estabelecida por minha conta. Devo admitir que ele não prestava muito atenção no garçom que lhe atendia, até porque os homens e mulheres que trazia pareciam ser muito mais interessantes do que qualquer outra coisa ou pessoa.
Yoongi também tinha isso, essa coisa de parecer mais interessante que qualquer outra pessoa ou coisa. Desde a primeira vez que colocara os pés nesse restaurante, foi como se ele puxasse toda minha atenção para si próprio sem ao menos perceber isso.
Não que ele devesse perceber. Eu sei muito bem dos meus limites, e sempre tive total noção de que meu único dever ali era servi-lo e ser educado. Eu só devia despertar nele a vontade de continuar vindo ao restaurante, pelo simples motivo de que a estabilidade econômica da minha família dependia dele e de todos os clientes ali.
Mas, no final das contas, eu queria vê-lo ali todas as semanas por razões que iam além de dinheiro. Era pelo simples motivo de ele estar ali, porque, porra, Yoongi era magnetizante. Ele despertou em mim uma curiosidade que eu mesmo desconhecia.
Na primeira noite que ele jantou no restaurante, foi como uma simples paquera. Meu coração balançou um pouco quando prendi meus olhos nele, que estava acompanhado de uma mulher estonteante e elegante.
Lembro-me que, naquela noite, depois do trabalho, eu havia mandando uma mensagem a meu melhor amigo dizendo que havia encontrado o amor da minha vida, como sempre fazia quando via um homem bonito. E, eu juro, achei que tudo ia parar por aí.
Até ele aparecer no restaurante na semana seguinte, com o mesmo blazer, no mesmo dia e no mesmo horário. A única coisa diferente era a mulher que o acompanhava, mais baixa mas ainda assim com um corpo maravilhoso.
E foi assim por semanas. Sempre no mesmo dia, o mesmo blazer e o mesmo horário. Mas sempre com uma companhia diferente.
Revirei os olhos e passei pesadamente a mão pelos meus cabelos, suspirando fundo e me obrigando a sair de meus devaneios e parar de pensar em um cara que eu só sabia aparência e nome. Era patético, e eu tinha total noção daquilo.
Fui para trás da bancada que dividia o caixa do restante do estabelecimento, abrindo os arquivos do restaurante, só para o tempo passar. Fiquei ali por um bom tempo, sempre erguendo os olhos quando a porta era aberta e uma rajada de vento espancava meu corpo vestido com o uniforme fino.
Estava prestes a bufar raivoso quando a porta foi aberta novamente, até erguer os olhos e perceber que quem acabara de entrar era quem eu mais e menos esperava.
Yoongi finalmente estava ali.
O mesmo blazer, o mesmo dia, mas atrasado e completamente sozinho. Pela primeira vez, ele não tinha companhia.
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End Game || yoonseok.
Fanfiction"Acima de estudante de jornalismo, um péssimo filho na visão do pai, garçom, amigo de três gazelas barulhentas, viciado em cultura nerd e em videogames, Hoseok provavelmente era apaixonado por Min Yoongi." Hoseok já havia se acostumado a enco...