"Your dreams."

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Pov Enid:
-Más notícias...-ele voltou.
-Lá vem.
-O Governador não me deu permissão para pegar a chave, mas disse que posso ficar aqui.- que ótimo,não vamos embora tão cedo.
-Covarde, nem perguntou. Ficou com medo e inventou essa história, sabia.-Carl riu.
-Medo? Eu? Essa é boa, moleque.
-Parem de bobeira, que briga boba, sem motivo.-peguei na mão de Carl.
-Eu concordo, você que veio arrumar confusão aqui.-ele disse.
-Ai meu Deus...-coloquei a mão na testa, aquilo ia demorar.
-Quando você estiver dormindo eu vou vir aqui e vou ficar a noite inteira olhando ela dormir, quem sabe não te deixamos sozinho?-Ron provocou.
-Você não entendeu que eu não quero nada com você?-perguntei fazendo Carl morrer de rir.
-Não acho que você tem escolha.
-Do que você está falando?-Carl alterou a voz.
-Ela vai ser minha e você vai concordar com isso, os dois irão.
-Eu não sou um objeto em leilão! Não vou ser sua e nem de ninguém, melhor você ir embora.-virei as costas e cruzei os braços, aquilo me deixou com raiva.
-Calma, gracinha.-senti sua voz se aproximando.
-Sai daqui!-Carl berrou esmurrando a cela.
-Nossa, tudo bem!
Escutei seus passos se distanciando e um rastro gelado apareceu em minha bochecha, acompanhado de um alívio profundo.

Pov Carl:
-Graças!
Olhei para Enid e esperei sua risada, mas tenho certeza que minha expressão mudou em segundos quando vi uma lágrima caindo e seus olhos arregalados carregados de água.
-Ei...-toquei seu braço e ela se assustou.-O que foi?-limpei seu rosto.
-Nada.-disse me encarando.
-Claro que foi alguma coisa, me conta.
-Eu...-engoliu em seco e me abraçou. Sua força fez meus braços arderem, mas eu não ligava mais.
-Pode falar, eu vou entender.
Senti sua respiração desacelerar em meu ouvido, me causando arrepios.
-Ninguém pode entender, nem mesmo eu consigo.
-Você lembrou de alguma coisa?
-Sim, de muitas.
-Me fala.-suavizei a voz mexendo em seus cabelos.
-Promete que não vai se afastar de mim?-ela levantou a cabeça e me olhou.
-Depende.-disse brincando.
-Não consigo contar, desculpa.-saiu de meus braços e sentou distante de mim.
-Ei, eu estou brincando.-fui até ela e me sentei ao seu lado.-Por favor, eu prometo.
-Vou tentar.-pegou minha mão e a apertou.-Um tempo depois que o meu pai me deixou, eu encontrei um grupo de pessoas. Eu era muito novinha ainda, pensava que todo mundo era bom e que iriam me tratar como a minha mãe costumava. Eles viviam em um lugar chamado Santuário, mas o grupo deles não tinha líder...
Enid me contou o quanto tinha sofrido na mão daquela gente, mas que os anos na estrada a fizeram bem.
-Como você escapou?
-Sabe o homem que eu te contei?-ela perguntou olhando para o chão.
-Sei.
-Um dia quando ele foi para o meu quarto, não consegui mais segurar a raiva que ficou me remoendo aquele tempo todo...Eu puxei minha faca de debaixo da cama e a enfiei no seu pescoço, o corpo dele caiu em cima de mim e eu fiquei paralisada. Depois eu consegui pegar uma chave em seu bolso e custei para achar a certa, a que abriria o portão. Ainda mais pelo sangue em minhas mãos e as lágrimas borrando minha visão, me lembro como se fosse ontem.
-Você está bem?-fiquei receioso com sua expressão de frieza.
-Apenas me prometa que você não vai ficar longe de mim?-ela me olhou com medo.
-Eu prometo.-sorri.
Ela deitou sua cabeça em meu peito e me apertou como se nunca mais fosse me ver. Suspirou fundo e pude perceber que seu coração batia muito rápido, nós dois sabíamos que talvez isso fosse realmente acontecer.

Pov Enid:
-Vamos dormir?-Carl perguntou se deitando.
-Vamos, eu já estou com medo desse escuro.
As pequenas janelas que haviam no porão nos alaramavam sobre o horário. Quando era de dia o chão ficava claro, a luz refletia no vidro formando um pequeno arco-íris, mas de noite havia apenas escuridão.
-Boa noite.-me encaixei em seu corpo.
-Boa noite.

Pov Carl:
-Bom dia.-ouvi uma voz atrás de mim. Me virei e dei de cara com meu pai.
-Bom dia, pai.
-Dormiu bem?-minha mãe perguntou ao seu lado.
-Sim.-respondi sorrindo.-Estou nervoso.
-Eu ficaria se fosse você.-ele brincou.
-Pode ter certeza de que ela está mais.-ela riu.-Vá tomar seu café, temos que ir .
...
O local estava cheio, todo branco e com rostos conhecidos. Michonne entrou com Daryl e Rosita com Eugene, senti falta de algo mas continuei a esperar. Meu coração dava o recado de que iria sair pela minha boca, minhas mãos suavam tanto que por um momento agradeci de ter tempo para secá-las antes de cumprimentar alguém.
A porta da Igreja se abriu e olhei para o lado uma última vez, vendo Shane abrir um largo sorriso para mim. Gostaria de poder me paralizar e nunca mais ver nada além de Enid, mas seu pai me chamou mais atenção.
Ela se aproximava e eu queria fugir, não acreditava que aquele monstro veio. Quem deixou ele entrar? 
Minha mãe acenava para ela, mas seu rosto começou a se desfigurar me provocando calor e agonia. Senti Shane chegando perto de mim e o mesmo aconteceu com sua face, ambos desapareceram. Um vazio me tomou conta e vontade de chorar era tudo o que eu senti. Philip a pegou pelo pescoço, como se fosse a enforcar. Fiquei preso e não consegui correr, todos sorriam e me olhavam, eu só queria que eles vissem o que acontecia.
Tentei gritar mas a voz não saiu, o calor em meu corpo aumentou e se tornou insuportável.
-Carl!...Ca...-escutei Enid gritar.
Abri meus olhos e levei meu corpo a frente, o que tinha acabado de acontecer? Me dei conta de que havia sido um pesadelo, me deu uma dor no peito de lembrar que Shane e minha mãe estavam lá, pude jurar que vi Sophia crescida.
Fui colocar meus braços em volta de Enid, mas um gelo me invadiu quando toquei o nada. Forcei minha vista e percebi que ela não estava ali. Me levantei as pressas e corri até a porta da cela, estava trancada.

 Carnid- Em meio à destruição (2° Temporada) Onde histórias criam vida. Descubra agora