"Blood"

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Pov Enid:
-Não, vamos lutar contra eles!-tentei acalmá-los.
-Vão para o carro, agora.-Michonne mandou.-Vocês dois.
-Mas a gente precisa ajudar vocês.
-Não, Carl!
"Michonne, tudo bem?"
"Rick, não dá para falar agora. Não traga elas para cá, não saiam daí."
"Michonne!".
Carl foi até um morto e enfiou uma faca em sua cabeça, e eu fiz o mesmo. Depois três vieram em minha direção e eu me dei conta de que aquilo estava incontrolável.
-Entrem no carro, agora! Não estou pedindo, é uma ordem!-Glenn gritou em meio aos grunhidos.-Michonne e eu vamos entrar!
-O quê!? Vocês são loucos?!-berrei.
-Vamos, Enid!
Carl me puxou pelo braço e entramos no carro, enquanto Michonne e Glenn subiam o muro lateral. Não tive tempo de abrir a porta do carro, Carl trancou ele assim que me colocou dentro.
-Todos vamos morrer, esse vidro não vai aguentar e eles vão ser mortos lá dentro.
-Nada disso vai acontecer, Enid.
-Como você pode ter certeza?
-A gente sempre se sai bem, não é a primeira e nem a última vez que um plano dá errado.
-E quantas mortes acontecem quando um plano dá errado?
Carl ficou em silêncio e encostou as costas no banco, bufando e secando o suor do rosto.
-O que importa é que nada vai ser em vão.
-Phillip não vai morrer, mas nós vamos, e elas vão sofrer muito na mão dele. Tudo vai ser em vão, Carl.
-Desde quando você se tornou tão pessimista?
-Desde que eu percebi que não dá para ter esperança, e de que o lado negativo das coisas sempre é mais pesado que o positivo. Fomos programados para sofrer até a morte, por dor, tristeza, perda, doença... Um momento de felicidade não tira o peso do momento de agonia, como agora. Você acha mesmo que a gente sai vivo dessa? Não acha que o melhor seria morrer?
-Não.
-É sério? Prefere ficar sofrendo aqui?
-Para de gritar, Enid. Vai atrair mais deles para ver nossa primeira discussão no namoro.
Não consegui evitar que um sorriso aparecesse, estávamos prestes a ser comidos e ele ainda assim era alegre, e calmo. Como isso é possível?
-Eu falo sério, Carl.
-Ei, eu também.-ele me abraçou e beijou minha cabeça.-Confia em mim, tudo vai dar certo.

Pov Maggie:
-Ele não vai nos achar aqui.-Rosita sussurou.
Ouvimos seus passos e gemidos se aproximando, e tudo o que ouvíamos no pequeno quarto era o som dos nossos corações. Eu suava frio, mas ao mesmo tempo parecia tão quente a ponto de desmaiar.
-Seu Governador, o que aconteceu!
A conversa entre seus capangas e ele podia ser ouvida por nós, sons abafados e frases sem fim, pois eram cortadas pelas paredes.
-Eles o levaram.
-Maggie, melhor ficarmos aqui por enquanto.
-Não, eles o levaram, vamos aproveitar.-eu disse abrindo a porta.
-Maggie, não.
Meu corpo estremeceu ao ver uma arma apontada para o meu rosto, e depois um alívio me tomou conta ao ver a figura de Rick.
-Onde ele está?-Rosita perguntou.
-Os homens o levaram para cuidar do olho, o que vocês fizeram?-ele perguntou.
-Enfiei um abridor de lata nele, vamos logo Rick!
Nós três corremos até a saída dos fundos da casa, e de lá já enxergavámos o portão.
-Não parem de correr.
A noite estava muito escura, nenhuma luz, e correr estava difícil já que não estávamos bem.
-Maggie...-sinto um aperto leve em meu braço e uma voz familiar.
-Glenn?
Ele envolve seus braços em volta do meu corpo e abre um largo sorriso. Michonne chega atrás dele e abraça Rick, e Rosita exibe uma expressão de alívio.
-Temos que ir.-ela diz.
-Não podemos, temos que nos esconder aqui.
-Por quê?-pergunto franzindo a testa.
-O muro está tomado.-Glenn engole seco e entrelaça nossos dedos.-Podemos até tentar sair, mas é arriscado demais.
-É pior se ficarmos aqui.-Rick comenta.-Vamos explodir o muro, as bombas já estão lá, os mortos invadem e nós saímos. Assim como fizeram conosco.
-Esqueci de deixar o rádio com eles.-Michonne bate na testa levemente.
-Espera, eles estão sozinhos lá fora?-Rick altera a voz.
-Quem?-Rosita pergunta confusa.
-Carl e Enid.
-Meu Deus...-comento.-Temos que sair.
-Ei! O que estão fazendo?
O adolescente que trabalha para Phillip surge apontando uma arma para nós.
-Não vão responder? Eu vou ser obrigado a tomar providências severas.
-Solta a arma Ron, agora!-Carl ordena com uma faca em seu pescoço.
-Eu mandei vocês ficarem lá!-Glenn diz irritado.
-Não vou pedir de novo!-Carl se irrita, fazendo o garoto largar a arma no chão. Enid a pega e checa quantas balas tem, depois enfia na cintura e coloca a camiseta larga por cima.

Pov Carl minutos antes:
-A gente não pode ficar aqui.-Enid disse procurando uma saída.
-Estou começando a pensar o mesmo.
-Seus braços estão curados?
-O quê?
-Os cortes...
-Ah, sim.-levanto as mangas da blusa.-Mais ou menos.
Ela analisa meus machucados cobertos por gazes e suspira aliviada, mas ao mesmo tempo parece que o que planejava acaba de ir por água abaixo.
-Tudo bem?-pergunto.
-Sim, eu pensei que se houvesse sangue seco podíamos despistá-los...Espera, eu tenho cicatrizes que de vez em quando sangram, posso arrancar a pele delas.
-Acho que você ficou louca.
-Pode parecer loucura, mas jorra sangue, acredite.
-Credo, Enid.
Mal terminei de falar e vi ela rasgando um pedaço da sua camiseta, depois gritando de dor ao puxar a pele de seu machucado, que instantaneamente fez um grosso rio de sangue em sua perna.
-Enid! Para com isso!
Ela rapidamente secou o sangue com o pedaço de pano, e este ficou encharcado. Depois suspirou de dor e checou se sua faca estava com ela.
-Vamos?-perguntou.
Antes que eu pudesse responder ou me mover ela destrancou o carro e abriu a porta, jogando o pano ensanguentado para o lado das árvores, e fechando a porta novamente.
Os andarilhos começaram a seguir o cheiro e fizeram uma roda em torno dele, apenas os que estavam colados no carro ficaram. Ela me olhou e eu possivelmente estava imóvel e assustado.
-Carl, confia em mim.
Enid saiu do carro em um pulo, mancando e fazendo expressões de dor. Eu saí pelo mesmo lado e nós matamos alguns andarilhos e seguimos em direção ao muro.
Eu subi primeiro e estiquei o braço para que ela pegasse em minha mão, e então nós entramos.

 Carnid- Em meio à destruição (2° Temporada) Onde histórias criam vida. Descubra agora