Capítulo 8

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Novo lugar pra sofrer

Um mês e quinze dias mais tarde eu estava presa no quarto

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Um mês e quinze dias mais tarde eu estava presa no quarto. Bastou uma notícia para me transformar em uma alma amarga, fria e desacreditada de tudo que um dia pôs fé. Quinze dias depois a maior mudança aconteceu em mim.

A vovó e eu juntamos as nossas coisas e viemos para Belo Horizonte morar na casa da minha irmã. Isso totalmente contra a minha vontade, porque eu preferia ficar em uma pensão a debaixo do teto dela, mas a vovó implorou. Eu fiquei extremamente uma fera por ter deixado para o senhor João, o meu amigo Greg, a dona Maria e a escola. E eu fiquei pior ainda porque também deixei a minha fé, a religião e Jesus. Sim. Eu o deixei porque não via mais porque mantê-lo por perto. Eu virei um monstruoso tanto faz.

- Líli já passou da hora, levanta agora - a porta é escancarada e uma Bethânia atrevida invade o meu espaço.

- Eu não tô bem - não estou mesmo, e já faz muito tempo. Todo meu corpo dói. O câncer que é feito de mim está lutando para ver quem ocupa mais espaço. E só para registrar, ele está vencendo. Eu só faço beber remédios e dormir.

- Eu não perguntei nada. Você vai levantar daí e nós vamos à busca de uma escola - ela agora abre as cortinas.

- Pra quê escola?

- Pra evitar esse tipo de pergunta - ela grita, abre o guarda-roupa e joga um par de moletons em mim. - Se vista de presa, estamos te esperando.

Se ela soubesse como minha cabeça dói, ela pararia de gritar. E nem adianta gritar, porque eu nem tenho força pra isso. Então só faço o que ela disse. Deixo os cabelos soltos pra tampar o rosto, escovo os dentes e encontro-as na sala.

- Vó, eu disse que não quero ir à escola. Por que isso agora? A senhora tem noção de como será? - choraminguei afim de que ela resolvesse com a Bethânia bem longe de mim.

- Cadê? Peça ajuda ao seu Deus. Não era isso que você dizia a nós?

Foi tudo que ela disse, uma grosseira eu diria. Bufo frustrada e as acompanho até o carro. Encolhi-me dentro do moletom e permaneci quieta, eu comecei a odiar lugares aglomerados. O fato de cada célula do meu corpo esta definhando causa curiosidade nas pessoas, e elas não evitam fazer perguntas que eu nem sei como responder.

 O fato de cada célula do meu corpo esta definhando causa curiosidade nas pessoas, e elas não evitam fazer perguntas que eu nem sei como responder

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Enquanto elas tagarelam com a diretora do colégio, eu saio para conhecer o local. O local estava sendo ocupado pelo grupo de basquete, isso me deixa um poucochinho menos desconcertado. A escola é enorme, e a parte boa é que tem bastante lugar para me esconder da sociedade. Bem do outro lado da quadra havia um garoto que só observava, ele parecia determinado a descansar. Quando ele percebeu que eu o observava, ele veio em minha direção. Antes que pudéssemos estar cara a cara, eu simplesmente corri ao encontro da secretaria.

- Ai está você - a vó está sorrido, o que prova que conseguiram a bendita vaga. - Vamos embora.

- Você começa amanha, esse é o seu uniforme e os horários - minha irmã diz com um sorriso vitorioso nos lábios.

- Não acredito - choramingo. - Eu vou pra casa.

- Nada disso. Você ira conosco ao shopping comprar algumas coisas para você.

- Eu não tenho mais cinco anos, portanto eu irei pra casa.

Digo amarga e caminho no sentido oposto do que elas foram. Cada passo, uma fincada na cabeça, os braços moles e a musculatura das pernas latejando.

 Cada passo, uma fincada na cabeça, os braços moles e a musculatura das pernas latejando

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P.s

Minha prima e eu estamos inciando um projeto evangelístico bem legal no Instagram e no tiktok. Vai lá ajudar a gente e fazer parte desse projeto.
Chama-se @falaherdeiros em ambas redes sociais.
Vem com a gente...

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