Capítulo 9

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Não poderia ficar pior

Aquela maldita sensação de estar flutuando não abandona meu corpo

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Aquela maldita sensação de estar flutuando não abandona meu corpo. Eu me arrastei pelas avenidas da cidade, chutando folhas das árvores espalhadas pelo chão. Minhas mãos passeando pelos muros a fim de manter o equilíbrio. Demorou um tempo até eu estar - finalmente - jogada no sofá do macio do Carlos.

- Já chegou? Pensei que iria ao shopping - o homem comenta quando percebe minha presença.

- Elas dão conta de fazer tudo sem mim.

Levanto-me arrastada e subo para meu quarto. Antes de consegui me jogar na cama e chorar, a porta é aberta bruscamente.

- Por que você age assim? - dou um salto pra trás ao ouvir a voz alterada dele. Meus olhos arregalados e as mãos trêmulas demonstra o medo que estou sentindo dele.

- Para de gritar. E o que está fazendo aqui? Quem te deu permissão pra entrar? Pode ir saindo - digo brava. Apesar de estar sentindo mais dor, de eu ainda estar assustada, não resisto em fazer careta e manter a postura brava.

- Eu não vou sair daqui enquanto não tiver uma boa resposta - ele bate o pé no chão como uma criança mimada. - Por que está agindo assim Lí? Essa garota que está vivendo feito uma idiota, eu a desconheço. Você era a pessoa que mais amava e acreditava em Deus, sempre defendeu sua fé. E agora isso? Eu não vou deixar você se trancar nesse quarto outra vez. Não seja idiota garota, você é melhor que isso.

Meus lábios tremiam, não com vontade de chorar, mas de raiva. Quem ele acha que é para dizer essas coisas? Como eu odiei o Carlos naquele momento.

- Eu faço da minha vida o que eu quiser - digo por fim com os olhos estreitos, o maxilar cerrado. - Agora saia.

Empurrei-o para fora, tranquei a porta e joguei a chave longe. Deito-me na cama e me cubro com a coberta até a cabeça. Nunca tive uma ferida tão profunda quanto essa. Eu sofro por crescer sem meus pais, por ser a garota órfã nos eventos do colégio. Foi terrível quando Bethânia tentou me sufocar enquanto dormia. Quando meses depois ela tentou me jogar na frente de um carro. É desesperador olhar as fotos da mamãe e ver como eles eram felizes antes de mim. Tudo doida escandalosamente. Mas agora, nesse estagio, nenhuma dor é como essa.

Parece que tudo em mim vai explodir com todas as dores. Eu me curvo e pergunto: Deus, onde estás? Onde está a profecia de Salmos 30: 5 que diz "o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã"? E aquela que diz "jovens são fortes"? Acho que esse dizer não abrange jovens com câncer, né? Como posso buscar força se estou sendo corroída de dentro pra fora, se minha família me odeia?

Levanto-me correndo quando sinto um líquido quente escorrer por meu rosto. Olho-me no espelho e deparo com o que mais temia... O sangue escorrendo como uma cachoeira, manchando minha pele branca e pinga no chão. Minhas mãos fracas e frias mal consegue prender a toalha no nariz. Tento pegar o remédio na pia do banheiro e tudo se espalha pelo chão. Tento me abaixar vagarosamente e acabo caindo também, o que causou um estrondo horroroso no piso de madeira.

- LÍLI! - ouvi meu nome ecoar.

Eu quis gritar que estava tudo bem, foi apenas um tropeção. Não queria que ele entrasse outra vez, mas quando pensei que não ele já estava lá. Sim, ele arrebentou a fechadura e entrou.

- Garota, o que ouve?

- É uma hemorragia.

- Estou vendo - ele diz e depois sai correndo para o andar de baixo. - Tome, coloque isso - me dá uma bolsa de gelo congelada.

Ele me carregou nos braços. Isso e lembrou-me de quando esse pesadelo começou. Lembranças que me atormentam todas as noites.

- Eu não sei o que fazer contigo. E já liguei pra ambulância, mas estão demorando - ele explica depois de me colocar no sofá e andar de um lado a outro sem parar.

- Já vai passar - digo tentando me agarrar a qualquer coisa que me mantivesse acordada.

- Eles chegaram, finalmente. Se acalme, fiquei acordada. Você consegue.

À todos que estão fielmente por aqui

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À todos que estão fielmente por aqui. Estou imensamente feliz em vê-los interagindo.

Continuem...

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