"Tudo está ligado à um propósito único e singular."
Você já se encontrou com alguém? Se sim. Como foi a experiência? Imagino que seja incrível quando ficamos junto de pessoas que amamos. Mesmo que depois fique chato, e que a gente queira se esquecer...
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Liga o som, aumenta o volume nos trinta e dá um play. A canção matinal que sempre me motivava a sair da cama e lutar não tinha vozes e nem letras, era só um solo de piano e violoncelo. Arrasto-me para fora da cama e paro em frente ao espelho, consigo visualizar todo o meu corpo. Vejo através do espelho quem eu sou, ou, o reflexo disso. Eu gosto do que vejo, e por isso tenho que contar a você.
Sou Líli, tenho dezessete anos e meu maior sonho é aprender a tocar piano com o grande amor estrela-cruzada. Sim, bem clichê. Eu sou uma garota que aceitou a Jesus aos dez anos e que desde então segue o caminho com Ele. A minha família não é muito grande e nem unida, mas embora tenhamos falhas sempre demos um jeito de ficar juntos. Moro no interior de Minas Gerais com a minha avó Lucy, uma senhorinha de sessenta anos bem sucedida que não gosta de gastar dinheiro. A minha irmã Bethânia é casada com um rapaz gente fina chamado Carlos. E os meus pais morreram. A minha mãe duas semanas após o meu nascimento com a chamada depressão pós-parto, e o meu pai suicidou alguns dias depois. Como eu disse, é preciso de música pela manha para eu ter motivação para seguir a diante.
É uma historia difícil para mim, mas eu continuo pela esperança de que viverei dias melhores. Eu acredito que qualquer dia destes serei a garota que vai escrever músicas sobre superação e fazer sucesso. Porque eu amo a música, e acho que eu posso começar tendo um o meu tão sonhado piano de cauda. Palavras não descrevem o quanto eu já implorei a vovó por um, e todos os meus esforços foram em vão porque ela insiste em dizer que isso é inútil. De restou eu deixei pra lá. Quando for a hora eu sei que ele – o piano – ira chegar.
A minha rotina é cheia de atividades e passeios de lá pra cá. Como uma garota dentrocenica – Deus no centro – eu escolhi dedicar a minha vida inteiramente para evangelizar e ajudar pessoas carentes. Quando digo carente eu falo sobre carinho, amor, atenção e também alimentação. Por isso agora eu estou correndo escada abaixo porque eu estou atrasada para o meu primeiro compromisso.
– Vó? Bom dia – digo me sentando a mesa.
– Já vai começar com a correria? – pergunta sem me olhar.
– Hã – finjo pensar antes de responder. – Sim. Inclusive eu preciso da sua permissão para ir à casa de uma menina da escola.
Ela solta aquele suspiro de “sabia que ia começar”, depois ela me laça aquela olhar indecifrável. Às vezes eu tinha medo do que ela estava pensando.
– Quem é essa garota?
– Então, o nome dela é Clóe e ela é nova na cidade. Ela chegou à semana passada e quase ninguém quis conversar com ela. O povo é mesmo estúpido e sabe assustar as pessoas – digo partindo outro pãozinho. Ergo a cabeça e ela me olha feio. – O que foi?
– Não é uma boa ideia você ir. Eu não conheço a família dessa menina, e eles podem morar longe e...
– Vovó! – advirto negando com a cabeça. – Eu não vou demorar lá a vida toda e ela mora descendo a rua da padaria “pão de minas”.
