Capítulo 75

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  O almoço foi insuportável, principalmente pelo fato de Ian não estar presente e isso me fazia ficar pensando nele o tempo todo e em onde ele poderia estar.
- Helena, está tão quieta! -disse Lorenzo.
- é que não suporto sua presença! -falei sem me importar com minha mãe.
- Helena! Não foi essa educação que eu te dei!-brigou minha mãe.
- não gosto dele!-falei.
- por quê? -perguntou Louise.
- ele é um arrogante, prepotente, aproveitador e sem escrúpulos. Fora isso, o fato dele ter me beijado a força nem é tão relevante assim!-falei dando de ombros.
  Pensei que isso diminuiria o ego de Lorenzo, mas seu sorriso só se alargou ainda mais.
- você fez isso Lorenzo? -perguntou minha mãe indignada.
- ela estava infeliz, sozinha e me deu assunto... Não perco as oportunidades que a vida me oferece!-disse ele piscando para mim.
- você não cansa de se achar o centro do universo? -perguntei irritada.
- não! Na verdade gosto de ter todas as atenções voltadas para mim. Você já deveria saber disso.
- você é um idiota!
- Helena! -brigou minha mãe.
- onde está Ian?-perguntou Louise de repente.
- não sei!-falei rudemente.
- como não? Brigaram?- perguntou Lorenzo com a maior cara de pau do mundo.
- Isso não é da sua conta! -falei irritada.
- talvez vocês não se amam tanto quanto parece!-disse Lorenzo.
- você não sabe de nada!-falei de mau humor.
- talvez eu saiba mais do que você pensa!-disse ele sorrindo.
- do que está falando? -perguntei.
- da sua cunhada. Pietra, não é? Ela está grávida! -disse ele com malícia nos olhos.
- e o que você tem a ver com isso?-perguntei irritada.
- Ah, eu nada. Mas também sei quem é o pai!-disse ele com um sorriso presunçoso.
- do que você está falando Lorenzo? -perguntou minha mãe desconfiada.
- nada com que deva se preocupar Eleonor! -disse Lorenzo me  dando uma piscadela.
  Esse cretino sabe a verdade sobre Pietra. Sabe que Ian é o verdadeiro pai do filho dela, e se ele sabe disso, com certeza sabe que eu e Ian não estamos mais noivos. E o pior, ele não tem nada a perder se resolver contar para minha mãe e Louise.
  A pergunta que não quer calar é: como ele descobriu isso?
- basta! Não sou obrigada a ouvir seus devaneios. Estou na minha casa e exijo que se retire imediatamente! -falei de mau humor.
- infelizmente, não será possível. Sou convidado de Louise e a menos que ele ou Eleonor me mandem embora, eu não vou!-disse ele.
  Olhei para minha mãe, na esperança que me ajudasse. Mas infelizmente, minha mãe parecia adorar Lorenzo e não moveu uma palha para me ajudar.
- não se preocupe, então eu mesma irei me retirar! Não ficarei na presença de alguém que me faz tão mal.
  Não dei importância aos protestos de minha mãe, apenas abandonei a mesa e saí de casa batendo a porta com força.
  Mal toquei na comida, na verdade meu prato permaneceu intacto, a presença de Lorenzo é muito indigesta, eu poderia vomitar se tivesse comido alguma coisa.
  Infelizmente, não comer fez com que meu estômago doesse.
  Fui para o pequeno jardim, onde a grama estava verde e umas poucas flores coloriam o jardim. Mesmo no auge do inverno, as flores do canteiro da mamãe nunca morrem.
  Fiquei caminhando por ali com o vento frio batendo no meu rosto, fazendo a ponta do meu nariz congelar.
- não deveria estar aqui fora. Pode pegar um resfriado!
  Lorenzo caminhava a passos largos até mim, com um sorriso presunçoso nos lábios, mãos nos bolsos da calça e cabelos penteados impecavelmente.
- Isso não é da sua conta! -falei.
- você poderia ser menos mau educada! -disse ele parando ao meu lado.
- e você deveria parar de tentar flertar comigo! -falei desgostosa.
- não estou flertando com você! -disse ele rindo.
- Ah, não? E o que está fazendo então? -perguntei irritada.
- estou tentando te mostrar que eu sou o cara certo pra você! -disse ele rindo.
- eu tenho um noivo e estou feliz com ele!-falei irritada.
- você não está feliz. Não tendo que casar com Dorian! -disse ele dando de ombros.
- como sabe disso?-perguntei confusa.
- eu sei de muitas coisas! -disse ele de bom humor.
- Isso não respondeu minha pergunta!
- não importa como eu sei, o que importa é que eu sei! E também sei que você não está feliz. Então me diz como é fingir ser noiva de alguém que engravidou outra mulher? -perguntou ele arrogante.
- por que insiste em se meter na minha vida?- perguntei.
  Me afastei dele para evitar lhe dar um tapa, o que me deixaria muito feliz, mas me causaria grandes problemas.
  Mas infelizmente, Lorenzo é insistente. Ele caminhou até onde eu havia parado e ficou na minha frente, a pouquíssimos centímetros de distância.
- Por que não me deixa em paz?-perguntei sem reação.
- porque eu gosto de você. Gosto de como se comporta quando estou perto de você. Gosto do seu cheiro. Porque eu quero você pra mim!
- mas eu não gosto de você!
- Isso vai mudar com o tempo! Helena, pensa bem... Eu posso te livrar daquela família. Te livrar daqueles irmãos esquisitos. Posso te encher de ouro, posso te dar o mundo... É só você dizer que sim.
  Fiquei em silêncio. A proposta dele era tão absurda, que me deixou sem palavras, mas ele pareceu entender o meu silêncio de outra maneira.
- eu sabia !-disse ele sorrindo.
  Ele me agarrou e me beijou.
  Eu odiava ser tocada por ele, não gostava dos seus lábios frios nos meus, nem da sensação de nojo que ele me causava.
  Tentei me afastar dele, mas ele era forte.
- ME LARGA!-gritei.
  Ele continuou tentando me beijar enquanto eu me  debatia em seus braços tentando me libertar.
- EU NÃO QUERO!-gritei de novo.
  Ele não parou. Ele era forte e poderia fazer o que quisesse comigo, afinal estávamos bem longe da casa e ninguém poderia nos escustar.
- não ouviu o que a moça disse?-uma voz gélida soou no ar.
  Lorenzo não me soltou, apenas olhou pro lado com a expressão mais furiosa do mundo.
  Segui o seu olhar e pude ver Ian parado ali nos encarando com uma expressão séria, seus olhos estavam cinzas e sua boca era uma linha rígida. Ele parecia furioso. A mesma fúria que eu via nele que ele falava do  seu pai.
- é melhor sair daqui!-disse Lorenzo para Ian.
- não. É melhor você soltar Helena! -disse Ian.
- não finja que se importa! Sei que engravidou Pietra, não pode me impedir de desfrutar dessa linda e pura donzela! -disse Lorenzo.
  Ian serrou os punhos e piscou lentamente.
- Vá embora Lorenzo, ou as coisas vão ficar complicadas!-disse Ian com a voz rouca.
- não há nada de complicado. Eu apenas quero Helena. Assim como você ou Dorian.
  Lorenzo continuava me segurando com força, eu não podia nem me mover.
- Você já imaginou ela nua em sua cama? Já imaginou o corpo quente dela em cima do seu? Já imaginou os gritos de prazer dela? Já imaginou o suor escorrendo entre os seios dela? Porque eu já imaginei, e acredite... Estou ansioso por isso!- disse Lorenzo com malícia.
- você pediu por isso!-rosnou Ian.
  Em questão de segundos tudo mudou.
  Lorenzo me jogou no chão e ele e Ian começaram uma briga com socos e xingamentos.
  Ian deu um soco no maxilar de Lorenzo o fazendo cuspir sangue, mas Lorenzo não deixou barato, revidou o soco e logo partiu pra cima de Ian, onde os dois caíram no chão, rolando e se batendo .
  Eu não conseguia assistir, principalmente quando Ian estava apanhando, minhas lágrimas embaçavam meus olhos enquanto Ian num rompante de raiva, conseguiu imobilizar Lorenzo no chão enquanto desferia diversos socos na face dele.
  Me levantei cambaleante e cheguei perto de Ian.
- IAN! PARE! VAI MATAR ELE!-gritei.
  Minha voz pareceu trazer Ian de volta a realidade, seu punho parou no ar e ele se levantou.
  Ian estava descontrolado, seus cabelos estavam bagunçados e havia grama em sua roupa. Seu rosto estava sujo de sangue, pois havia um corte logo acima de sua sobrancelha e este estava sangrando muito. Um dos seus olhos estava inchado e o canto esquerdo da sua boca também estava escorrendo sangue. Sua camisa estava suja de sangue o que fez meu coração parar, mas o sangue da camisa não era seu, mas sim de Lorenzo.
  Ian olhou pra mim preocupado e me abraçou com força.
- me perdoa! Não devia ter te deixado sozinha! -disse ele.
  Eu não conseguia responder, apenas fiquei em silêncio, deixando as lágrimas escorrendo enquanto ele me abraçava.
- você está bem?-perguntou ele preocupado.
- estou!-respondi me recompondo.
  Ian olhou para Lorenzo no chão com desprezo nos olhos.
  Lorenzo estava com o rosto deformado e havia muito sangue também, fiquei apavorada com a aparência dele.
- nunca mais toque nela novamente! -disse Ian cuspindo em Lorenzo.
  Sem que eu pudesse falar nada, Ian me puxou em direção a casa, deixando Lorenzo estirado no chão do jardim, tentando se levantar sem sucesso.
- Ian.- chamei.
  Ele não respondeu, só continuou andando em direção a casa.
- IAN PARA!-gritei.
  Ele parou um tanto surpreso e olhou pra mim como se estivesse distraído.
- você tá machucado! -falei tocando seu rosto suavemente.
  Ele se retraiu com a dor.
- vou ficar bem!-disse ele distante.
- vem comigo. Vamos limpar isso!-falei pegando na mão dele suavemente e o guiando para casa.
  Felizmente, minha mãe e Louise haviam saído. Estávamos sozinhos em casa e não precisaríamos explicar a ninguém o que aconteceu. Não agora pelo menos.
  Levei Ian até o quarto de hóspedes onde ele estava ficando, e saí pra pegar algumas coisas para limpar seus ferimentos.
  Quando voltei, Ian já havia tirado a camisa e limpado o sangue de seu corpo.
  Ele estava com os braços apoiados na janela e sua cabeça estava baixa.
- Ian?-chamei.
  Ele se virou lentamente e pude ver sua pele brilhando com as gotículas de água que ainda não haviam secado.
  Ele se aproximou de mim e tocou meu rosto me fazendo fechar os olhos e suspirar.
- Perdão! -disse ele.
  Abri os olhos e evitei responder. Apenas mandei que ele sentasse na cadeira e comecei a limpar seu rosto.
  Lágrimas escorreram involuntariamente enquanto eu cuidava dele, a ideia de que ele se machucou por minha culpa me incomodava, principalmente pelo fato dele não ser obrigado a fazer isso.
- Helena...
  Não respondi. Eu não sei se falar agora é uma boa opção. Os mistos de sentimentos é intenso, não sei se posso aguentar por muito mais tempo.
- Helena, fala comigo! -disse Ian segurando minha mão.
- o que você quer que eu diga?-perguntei.
- não sei. Só que me perdoa. Por tudo!-disse ele.
- não sei se posso fazer isso!-falei me afastando dele.
  Ele se levantou, mas não se aproximou de mim.
- Por quê? -perguntou ele.
- PORQUE EU TE AMO IAN! SERÁ QUE NÃO CONSEGUE VER ISSO? -gritei me virando para poder ver ele.
  Ele não falou nada, e eu também não me importo. Eu só preciso por um fim nisso, nem que seja contando a verdade.
- Eu te amo como nunca amei ninguém em toda minha vida.- falei deixando as lágrimas rolarem.
- Se você me ama, por que vai casar com Dorian? -perguntou ele friamente.
- POR VOCÊ! PRA FICAR PERTO DE VOCÊ! -gritei.
  Minhas mãos estavam trêmulas e eu já não sabia se falar tinha sido a melhor opção.
- vou me casar com seu irmão, porque preciso te ter por perto. Eu não posso viver sem você. Se não fosse por isso, eu já teria partido há muito tempo!-falei baixo.
  Virei de costas e tentei acalmar minha respiração.
  Senti Ian se aproximando de mim e senti um arrepio quando sua mão quente tocou meu pescoço.
- Helena...
  Me virei lentamente.
- estou cansado de tentar te entender. Estou cansado de sofrer. Cansado de sufocar o que eu sinto por você Helena. Eu te amo droga!
  Aquelas palavras fizeram meu coração disparar.
- eu te amo Helena. Amo mais do que minha própria vida!-disse ele se aproximando de mim.
- eu...
  Ele colocou as mãos em meus lábios, impedindo minha palavras.
- eu sei que eu fiz muita merda. Sei que não mereço seu perdão. Mas... Lorenzo tem razão! -disse ele.
  Fiquei confusa.
- Eu não aguento mais sonhar com você! Todas as noites vejo você nos meus braços. Nossos corpos colados, seu corpo quente coberto apenas com os meus lençóis, sua boca na minha. Seus suspiros e gritos de prazer. Minhas boca percorrendo seu corpo suado depois do amor. Helena, você tem atormentado meus sonhos desde o dia em que chegou. Você bagunçou tudo.
  As palavras dele me deixavam com um calor até então desconhecido. Era uma necessidade de ter ele pra mim. Um sentimento inexplicável, algo que me apavora.
- eu nunca quis tanto alguém como eu quero você! -disse ele me beijando.
  Eu estava cansada de resistir a esse amor que esmaga meu coração, então apenas deixei que ele me beijasse.
  Suas mãos percorreram por meu corpo, enquanto ele se livrava da maior parte do meu vestido em movimentos rápidos mas sem deixar de me beijar.
  Ele me jogou na cama somente de espartilhos e combinação, se deitando por cima de mim e percorrendo meu corpo com seus beijos quentes.
  Agarrei os lençóis da cama enquanto ele me beijava e sussurrava coisas em meu ouvido.
  Era uma sensação completamente desconhecida mas ao mesmo tempo familiar, eu ansiava por cada toque, cada beijo, cada sussurro, cada arrepio que Ian me causava.
  Seus lábios estavam trabalhando em um ritmo alucinante, deixando trilhas de beijos quentes desde o pescoço até meus seios onde ele arrancou meu espartilho e começou a brincar com eles.
  Meus olhos se reviraram e deixei um suspiro de prazer escapar de meus lábios enquanto cravava as unhas com força em suas costas sentido seus músculos rígidos e ouvindo sua respiração entrecortada.
  Mesmo sem saber exatamente o que estava fazendo, me deitei por cima de Ian sentindo seu corpo reagir a mim. Comecei a beijar sua boca, seu pescoço... Meus cabelos estavam bagunçados e caiam em seu corpo enquanto eu beijava seu peito nu e passava as unhas suavemente em seu corpo.
- Helena... - sussurrou ele com a voz rouca.
  Eu não conseguia responder, apenas beijei ele enquanto ele me jogava para baixo novamente.
  Nesse jogo de dominação, acabamos caindo da cama, mas não nos importamos com isso.
- você tem certeza disso?-perguntou Ian.
  Senti que ele estava usando todo seu alto controle para poder me fazer essa pergunta, mas que apesar disso, suas mãos continuavam percorrendo meu corpo enquanto sua boca brincava com meus seios fazendo um arrepio correr meu corpo e parar no baixo ventre.
- Ian... - sussurrei arranhando suas costas.
- me responda... - sussurrou ele.
- não quero que pare!-sussurrei revirando os olhos.
- tem certeza?
- quero você Ian. Quero que me toque, me beije...
- onde?-perguntou ele sorrindo abertamente.
- em todo lugar... -sussurrei.
  Estávamos sozinhos naquele chão, dois jovens apaixonados a ponto de consumar esse amor louco que sentem, se não fosse a porta da frente bater com força e uma voz gritar do primeiro andar.
- IAN CHEGUEI! -gritou Louise.
  Prendi a respiração imediatamente, Ian me olhou com os olhos arregalados e nós dois olhamos para a porta do quarto aberta.
- essa não! -sussurrei.
- droga!- irritou-se Ian.
  Antes que pudéssemos pensar em qualquer outra coisa, Ian me ajudou a recolher minhas roupas do chão e em seguida eu corri para o meu quarto.
  Assim que fechei minha porta, ouvi os passos de Louise no corredor e então ouvi sua voz.
- Ian?
- Louise! -a voz de Ian era mais alta que o normal.
- quer me ver tocar piano? -perguntou ela.
- claro! Só deixa eu terminar de me lavar! -disse Ian.
- por que suas costas estão arranhadas? -perguntou ela.
  Meu coração parou. Olhei para minhas unhas e vi que haviam sangue nelas.
- Ah,  eu acho que cocei com muita força! -disse ele nervoso.
- se quiser mamãe pode colocar um unguento!
- não precisa, vou ficar bem!-disse ele.
  Ouvi passos descendo as escadas e suspirei aliviada.
  Escorreguei até o chão e fiquei me lembrando do que quase fizemos.
  Lágrimas escorreram por meu rosto.
  Eu amo ele de mais e ele também me ama, mas ele vai ser pai. Não posso fazer isso. Não com uma criança. Por mais que eu o ame, preciso deixar ele livre pra ir.
  Essa foi nossa despedida. É melhor que não tenha acontecido. Assim vamos sofrer menos.
  Vai ser melhor. Pra nós dois.

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Obs1: Gente, me desculpem de verdade. Não tive muito tempo para escrever e revisar o capítulo. Estou em semana de provas na faculdade e tá meio corrido, mas não quis deixar vocês na mão. Me perdoem por qualquer coisa, o capítulo não ficou tão bom quanto eu queria mas infelizmente estou sem tempo!
Minhas sinceras desculpas e espero que gostem!
Obrigada pela compreensão, vocês são uns amores! 😍😘

Obs2: Gente, a partir de agora a história começa a entrar na sua reta final. Tá, eu já disse isso antes, mas agora é sério. Não sei o que dizer, não sei se estou feliz ou triste, mas vamos lá, o destino de Helena está prestes a ser cumprido!

Casamento Arranjado [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora